Coringa
Sai de casa ontem de madrugada e já vai dar 7 da manhã e eu não voltei, se as minhas mães descobrirem eu tô fudida
Eu vim pra casa da Carin escondida, porque sei que elas odeiam essa menina, e não é que eu gostei de perigo, mas a Carin faz de um jeito tão diferente, que me prende nela sabe
Meu celular despertou mais ou menos esse horário (07:00 a.m) então eu levantei e falei que ia pra casa
Carin - coé preta, fica aqui comigo - falou manhosa passando a mão pelo meu corpo
Coringa - tu sabe que eu não posso, tenho que ir trabalhar mais tarde e a noite ir pra escola - falei tirando as mãos dela de mim e procurando as minhas roupas pelo chão
Carin - jaé então - bufou e passou a mão no rosto - vou te deixar lá
Coringa - não precisa Carin, minhas mães te odeiam e não vão gostar de saber que eu tô com você
Carin - qual foi preta, posso nem te levar lá perto? - falou indignada
Coringa - melhor não amor, não quero problemas pra você, lembra oque aconteceu da última vez, não lembra? - ela concordou
Ela tava bem tristinha, odeio ver ela assim
Coringa - não fica assim amor - fui pra perto dela e a enchi de beijinhos - final de semana eu volto
Carin - beleza preta, vou ficar te esperando - concordei com a cabeça e dei um beijo nela
Já tinha escovado os dentes então só me despedi dela com mais um beijo, peguei minha mochila e fui pra casa
Cheguei lá só tava a minha mãe Aysha, ela tava na cozinha preparando o café da Sophie, ela como sempre tava vendo desenho na televisão
Coringa - bom dia meu amor - fui até ele e beijei o tipo da sua cabeça e ela me abraçou e me encheu de beijinhos
Sophie - bom dia mana - dei mais um beijinho nela e fui falar com a minha mãe
Coringa - bom dia mãe - dei um beijo na sua bochecha
Aysha - bom dia minha filha, tava a onde até uma hora dessas hein?
Coringa - com uma pessoa - peguei uma maçã da cesta e comecei a comer, ela me olhou de canto de olho, deixando ele bem pequeno e eu ri
Aysha - posso saber que pessoa é essa dona Ísis?
Coringa - não pode - ela cruzou os braços me olhando - é segredo - falei rindo
Aysha - olha olha hein Ísis, que você só tem 15 anos de idade, não é pra ficar por aí dormindo na casa de quem eu não conheço - voltou a fazer o café da minha irmã
Coringa - relaxa mami, tá tudo sobe o meu controle
Aysha - hum, quero ver quando a sua mãe descobrir essa história aí - colocou tudo que ela preparou num potinho e colocou na mesa - Sophie, vem comer - falou um pouco alto e ela apareceu na cozinha correndo - sabia que eu tive que mentir pra ela?
Coringa - tu mentindo pra minha mãe? - terminei de comer a maçã e joguei oque sobrou fora - novidade isso aí
Aysha - eu tive que mentir, era duas da manhã e a gente escutou um barulho, acordamos e eu fui ver oque era, passei no seu quarto e você não tava lá, e eu sabia que tu tinha saído, e se eu contasse isso pra ela, ela iria rodar esse morro inteiro atrás de você e te dar uma coça
Coringa - credo mãe - fiz careta - mas valeu por não me explanar mãe, e nem implicar com isso - dei um beijo na sua bochecha e a abracei
Aysha - de nada filha, é que eu fui muito presa em casa, você conhece a sua vó Victoria e o jeito dela né, e eu não quero o mesmo pras minhas filhas, mas também quero elas seguras, então quando for da tua vontade meu amorzinho, conta pra mamãe tá? - concordei com a cabeça e ela me deu um abraço e eu retribui
Minha relação com as minhas mães é ótima, a Aysha é a mãe mais liberal, deixa eu fazer tudo com tanto que conte pra ela, já a mãe Meli é mais rígida, ela tem medo que aconteça alguma coisa com a princesinha dela, vulgo eu, mas mesmo ela sendo assim, eu me inspiro muito nela
Principalmente em questão da vida que eu levo, eu escolhi isso pra mim, a mãe Aysha tentou me afastar disso diversas vezes, me aconselhou muito, mas é isso que eu quero pra mim, e tenho a Meli de inspiração pra isso tudo
Atualmente a gente mora no morro da penha, meu bisavô Paixão, morreu e deixou a parte do morro que ele ainda tinha, pras netas dele, mas só a minha mãe que quis, então a gente veio morar aqui e eu ajudo a minha mãe com muita coisa relacionada ao morro, desde cedo
Minhas mães quando vieram, trouxeram a renca toda do morro da Província, todos os primos e amigos vieram com elas, aí começaram a construir suas famílias aqui, os que já tinham ela montada, só continuaram firmes e os demais se encontrando por aí
Até meus irmãos vieram pra cá, a Moana e o Leonardo (Prioza e Batista), eles também ajudam lá na boca
Sai do abraço com a minha mãe e a Meli chegou, já me olhou de cima abaixo e me deu até medo
Meli - acordou que horas? - perguntou pra mim e deu um beijo na minha mãe - tudo bem preta?
Aysha - tudo sim amor - se abraçaram
Coringa - bom dia pra senhora também dona Melissa - fiz deboche e ela riu - acordei agora a pouco mãe, vou tomar café e vou lá pra B4
Meli - B4? Vai fazer oque lá?
Coringa - Japa me acionou ontem falando que tinha umas contas meio erradas lá, aí eu vou lá ver e qualquer coisa te aviso
Meli - menina eficiente - fez toque de mãos comigo - tô gostando de ver - sorriu orgulhosa
Aysha - era isso que você sempre quis né - negou com a cabeça - minha filha e minha mulher traficante, o senhor não tem piedade comigo - rimos dela
Meli - calma preta, tu me conheceu assim, sabe desse meu jeitinho
Aysha - hum, jeitinho que detesto - revirou os olhos e começaram a melação
Eu olhei pra Sophie e fiz cara de nojo e ela também, nois riu e eu me juntei a mesa com ela
Coringa - eai, como cê tá? - fiz carinho na cabeça dela
Sophie - tô bem - deu aquele sorrisinho de criança que eu amo - a mana pode me levar na escola hoje?
Coringa - claro que levo meu amor - ela bateu palminhas toda animada e eu ri
Tomei meu café rapidinho e me despedi de todo mundo, peguei minha moto e fui direto pra B4, Japa tava na estrada e fiz um toque de mãos com ela
Japa - tudo suave Coringa?
Coringa - sim mano, tudo suave
Japa - eu bem vi tu indo pra casa da Carin ontem - riu maliciosa
Coringa - iih, nem vem - falei entrando na boca e ela veio atrás
Japa - a coé mano, todo mundo que vê você subindo esse morro de madrugada, sabe que tu tá indo pra lá - falou óbvia
Coringa - e oque você tava fazendo na rua aquela hora? - virei de costas a encarando e ela ficou pálida - aaah, viu, não é só eu que ando escondendo os bagulho - voltei a andar em direção os escritório que tem aqui
Peguei os papéis que ela falou que tava com irregularidade e comecei a olhar, linha por linha, letra por letra
Japa - vou te falar, mas não conta pra ninguém - falou sussurrando e trancou a porta - eu tava na casa de uma velha lá, que isso mano, coroa mó gostosa - falou e rimos - tem 40 e poucos anos e nem parece fi
Coringa - pegando gente da terceira idade Milena? - perguntei rindo - virou asilo foi?
Japa - ih, qual foi mano, me zoa não, se tu pegasse uma velhota experiente tu ia me entender
Coringa - já pego - falei rindo
Japa - ela nem é tão valha assim
Coringa - perto de mim é - falei rindo
Fiquei ali resolvendo os cálculos e ela ficou me fazendo companhia, depois deu a hora de levar a Sophie no colégio e eu voltei pra casa correndo, gosto de arrumar ela também
Continua