Wellcome

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Mary Easton

Me esgueirei pela mata, à distância vejo as Luzes ficarem cada vez mais distante à medida que adentro cada vez mais na mata. Os galhos e folhas estalam sob meus pés, a Lua brilha em cima de mim, iluminando meu caminho, minha companheira silenciosa.

Meu coração bate em meu peito como se fosse difícil trabalhar a cada batida, cada batida é mais dolorosa, mais angustiante.

Ouço o farfalhar dos galhos, o vento nas árvores da floresta que me cerca, puxo meu manto para mais perto, olho na direção do barulho mas tudo o que vejo são as árvores, é então que sinto braços ao meu redor, uma mão em minha boca fazendo com que ele ficasse preso em minha garganta, sua outra mão está em minha cintura, me prendendo firmemente contra seu captor.

Você, brilha ainda mais sobre o Luar- John Alden, o ar escapa de mim quando percebo que estou segura.



Me viro em seus braços, passando os braços por seu pescoço e o beijo com a paixão ardente que torna meus sonhos menos puros a cada dia.

Em passos apressados estamos contra uma árvore, suas mãos viajando pelo meu corpo decorando cada curva, me vira bruscamente desamarrando os cordões do meu corpete e me trazendo de volta em um beijo voraz e apaixonado.

Devagar vamos deitando e nos enrolando sobre nossas capas, nos perdendo em mais uma noite de amor, um momento roubado só para nós.

Estamos correndo muitos riscos, George Sibley, tem os olhos voltados para você-


Ele fica em silencio por um longo tempo, passou os dedos pelo seu rosto contornando seus traços, sonhando com as crianças que teremos, todas com seus lindos traços.

Mary, meu amor, eu irei para a guerra com os índios em poucos dias-

Guerra? porque você irá para a guerra-

George Sibley, está me mandando para a guerra- seu semblante fica abatido, contrastando perfeitamente com o coração em meu peito que começava a se partir.

Para me afastar da aldeia, do concelho- Meu futuro, a vida que sonhei, se partia ao meu redor, o ar me faltava, eu me sentia presa, me sentia em queda.

Fujamos então, agora, está noite- agarro suas mãos, tentando afastar as lágrimas para olhar em seus olhos em súplica.


A floresta é escura e a cada segundo mais fria, minha capa, finalmente percebo, ainda esquecida no chão ao lado da de John. As lágrimas deslizam frias por minhas bochechas, o ar beijando-as em um beijo gelado, um beijo de despedida, a melancolia enche o ar, enche meus pulmões. A dor enche seus olhos, dor, é então que ele não fugirá comigo.

Mary- Sua voz, um sussurro escondido pelo vento que açoitava contra a floresta ao nosso redor. O sussurro de um amante.

Sabe que não podemos, como viveríamos, não temos muito, aqui pelo menos, será cuidada e amada- Segurando meu rosto, John diz palavras desesperadas, para me convencer, ou a si mesmo.

Cuidada e amada sim- Digo em sopro de ar.

Mas não por você, eu morrerei aqui- Me afasto pegando minha capa do chão.


Dou vários passos antes que ele decida me seguir, segura minha mão e me traz de volta contra si.

Vamos então, vá para casa e me encontre aqui antes do nascer do sol-



A esperança nasce em meu coração, ele me traz para mais perto, um beijo que me tira do chão, delicadamente ele vai me descendo de volta aos meus próprios pés distribuindo beijos pela minha face, terminando em um beijo delicado em meu cabelo.

Eu amo você Mary Easton- Nós olhamos profundamente nos olhos.

Eu amo você Jon Alden- Digo de volta distribuindo beijos em seu queixo.

Volto para a aldeia, e caminho pelas vielas escuras sob o manto da noite até minha casa, onde vou até meu quarto e começo a arrumar minhas coisas, roupas e joias para vender, não são muitas mas deve bastar para ir para longe de Salém.

Me viro para sair, mas ao me virar vejo Tituba, que não está mais dormindo como eu pensava ou nunca esteve dormindo.

Não pode fazer isso Mary, sei que pensa que o ama, mas daqui dois anos, e quando o dinheiro acabar, você viverá na pobreza- Ela pinta um cenário de dor e infelicidade, tentando me fazer desistir.


Eu ainda o amaria então, ainda o amaria mesmo se tudo falta, só o que quero é viver com ele-


Amar, você o amará mesmo que tenha que se vender para viver- Ela vai ainda mais longe, e ainda assim, não levo nem um segundo para me decidir.

Sim- Passo por ela, sem dar- lhe tempo de retrucar.



Ando apressadamente de volta, passando por bêbados dormindo ao lado de tavernas. Chego na beira da floresta, e começo a correr, galhos estalam sob meus pés, o vento corta minhas bochechas com seu ar gelado, como se agulhas passassem por minha face.

Chego em nosso local e não o vejo, eu me sento escondida em uma árvore, para que ninguém além dele me encontre. Eu o espero por horas, o sol já está quase nascendo quando desisto e volto para casa.

Ao abrir a porta do meu quarto vejo Tituba, que nada diz, ela abre os braços e eu corro para ser abraçada. Por horas eu me sentei naquela floresta, sozinha, sem proteção.

Logo após o café da manhã, Tituba precisa ir ao mercado, acompanho-a até o mercado a pedido de meu pai, estávamos a caminho da rua do mercado, precisamos ir até a barraca de ervas medicinais, e é então que eu o vejo.

Junto a outros homens, a caminho da guerra, ele para de andar ao me ver, seus olhos estão baixos, não alcançando meus olhos, quando ele me dá um único aceno de despedida.

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Um mês se passou desde que ele foi embora, um mês desde que ele arrancou o coração do meu peito e o jogou aos lobos na floresta.

Tenho me sentido diferente nesta última semana, devo falar com Tituba e pegar uma tintura ou tônico.

Mary- Me viro para Tituba, que estava a arrumar minha cama, me aproximo para poder ver o que ela indica.

Sim- Passo rápido pelo quarto

Acho que pode estár gravida-


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