22 - Deixe-me Ser Sua Amiga

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Demorei, mas não desisti. 

Fiz algumas alterações nos capítulos anteriores bem bobinhas: uma "correção" nos nomes. O mais chamativo é o Sharp, por razões óbvias. Em breve vamos ter a família dele entrando na história (spoiler de graça - pelo sumiço) e pensei cá com os meus botões: qual é o sentido de chamar o pai do Sharp pelo primeiro nome e chamar o Sharp pelo último nome? Nenhum. Essa é a alteração: vou passar a utilizar o primeiro nome para todos os personagens na narração/descrição. Então não estranhem Aesop no lugar de Sharp x) TALVEZ tenha escapado algum, mas daqui em diante vai estar certinho para todos.


Sem mais enrolação, espero que gostem. Boa leitura, e perdão pelo sumiço!


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Aesop Sharp sentia-se um caldeirão em chamas. Chamas de fúria. Aquele, definitivamente, não era o seu dia. Como era possível, questionou-se, uma turma de quinto ano falhar numa poção de segundo ano? Era algo que transcendia a sua compreensão. No entanto, era o que acontecia na sua sala de aula pela terceira ou quarta vez no mesmo dia — não sabia mais precisar.

Onde tinha falhado? Tinha consultado mais do que cinco vezes o bendito quadro onde deixava as instruções para a poção do dia e comparou-as com as que estavam no livro. Também inspecionara os ingredientes e os caldeirões pessoalmente. Não havia qualquer erro. Porém, era facto: nenhuma poção tinha sido bem sucedida.

— Estão dispensados! — Rugiu, quando a sua paciência atingiu o limite.

Com um movimento da varinha, todos os caldeirões esvaziaram-se ao mesmo tempo.

No mais profundo silêncio, os alunos saíram.

Aesop atirou-se para a sua cadeira assim que ficou sozinho. Para além dos insucessos, a sua perna continuava a incomodá-lo. Estava assim desde a semana anterior. Tinha tomado mais poções num dia do que numa semana inteira e, ainda assim, a dor não dava tréguas.

Massajou as têmporas, esfregou o rosto; por pouco não bateu com a testa na mesa — embora duvidasse que qualquer dor fosse superar a dor lancinante na sua perna esquerda. Era desesperante. Há muito tempo que Aesop não beirava o desejo de arrancar a perna fora, nem mesmo no auge do frio do inverno dos últimos anos. Lembrava-se de se ter deparado com tal pensamento no primeiro mês depois do acidente — esporadicamente no segundo. Depois tornou-se uma sombra cada vez mais distante.

Distante estava também qualquer vontade de existir.

— Estou ocupado — rosnou ao ouvir passos à porta da sua sala.

Não se deu ao trabalho de levantar a cabeça para, pelo menos, ver quem era.

— Estou a ver que sim, professor.

Aesop apertou os olhos, incrédulo diante da sua sorte. Porque de todas as pessoas dentro daquele castelo tinha de ser Morgana Malfoy a entrar na sua sala? A única pessoa que não iria embora a correr mesmo diante dos seus olhares mais mortais.

Podia usar a estratégia de tocar nas suas feridas; essa sempre funcionava. No entanto, continuou de cabeça baixa, com o rosto apoiado nas mãos. Destapou-o apenas quando ouviu algo a ser pousado na sua mesa. Morgana estava de pé ao seu lado.

— É o meu pedido de desculpas e um símbolo da minha gratidão. Por tudo.

— Não aceito presentes de alunos, Malfoy. Achei que soubesse disso. Talvez deva ser mais claro.

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora