𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 (𝟎𝟎𝟗)

2.7K 302 491
                                    

Vampirismo é denominado como uma palavra abrangente que se refere a uma tradição no Egito antigo e se relaciona diretamente ao ato de retirar o sangue de uma pessoa de maneira involuntária mediante ataques ou de forma voluntária por intermédio dos voluntários. Vampiros são seres mitológicos e descritos de muitas formas através do tempo e de religiões. Sendo assim, não se sabe ao certo quando o primeiro vampiro surgiu, mas fontes históricas apontam que tudo iniciou com Vlad III, que viveu durante a idade média na Romênia. Conhecido como "O empalador", o príncipe de Valáquia ficou conhecido não só por sua vasta riqueza, mas também pela brutalidade que tratava seus prisioneiros de guerra — os empalando sempre após suas guerras. Devido a isso, histórias antigas contadas pelos povos da Europa, garantem que o grande governador fora amaldiçoado pelo diabo a viver alimentando-se eternamente de sangue humano. Tudo que se sabe do início dos tempos até agora, é que o vampirismo ganhou muitas versões e personagens famosos, principalmente na chegada do século vinte e um.

Em parte, Natalie gostaria de acreditar que o estava vivendo não passava de um grande e, fodido, pesadelo. Contudo, querer e poder eram coisas diferentes, e ela não teria tanta sorte de sair ilesa desse perigoso jogo que havia se metido. Charlotte Matthews poderia ser de fato uma vampira, e a pior parte nem estava em confirmar algo que se tornava muito mais óbvio com o passar dos dias, mas sim, como acabar com esse mal definitivamente. Por isso, quando um novo dia surgiu, a loira não teve muito ânimo para sair da cama. Aquela não era só uma sexta qualquer do calendário, mas sim seu aniversário. A data chegou depressa, trazendo sentimentos melancólicos e a ligeira sensação de que iria colapsar a qualquer momento. Seu corpo estava pesado, com dores que deixavam claro uma noite mal dormida. Os olhos verdes carregavam olheiras pesadas por virar a madrugada lendo fóruns de ocultismo e blogs abandonados em dois mil e nove. Mesmo sob protesto, Natalie meteu o pé para fora da cama, gemendo a cada movimento que deveria fazer até o espelho que mais parecia um cabideiro de tantas peças penduradas. Reparou primeiro na palidez que carregava, sabendo que mesmo que o sol fosse capaz de fritar seus neurônios lá fora, jamais seria capaz de lhe dar um bronzeado descente.

Inclinou o rosto e passou as mãos pelos braços nus. A pele branca estava limpa, sem sinais da agressão vivida há poucos dias. Natalie recordou-se então daquela manhã que acordou livre dos hematomas. Subitamente, um calafrio perpetuou por sua espinha quando se recordou de um dos trechos lidos em um dos blogs que visitou durante a madrugada: sangue de vampiro é capaz de curar enfermidades humanas, assim como é capaz, também, de transformar humanos em bestas sanguinárias. Ela salivou, talvez fosse alguma pegadinha da imaginação, mas teve a nítida sensação de sentir o gosto metálico de sangue na boca. O estômago revirou e ela engulhou e engasgou. Mesmo que não tivesse nada para pôr para fora naquela hora, correu até o banheiro ajoelhando-se aos pés do vaso. Fez força para vomitar, mas não teve sucesso. Ter sangue de vampiro em seu organismo já era uma tremenda loucura, mas ter o sangue de Charlotte Matthews a deixava ainda mais em pânico. Tudo que queria naquela hora era pôr para fora o que nem deveria ter entrado, mesmo que isso de fato a tivesse curado, mas e se de alguma forma fosse uma moeda de troca daquela diaba de saias? Natalie não queria dever nada a ninguém, principalmente para àquilo que estava em posse da herdeira Matthews.

Enfiou dois dedos no fundo da garganta, dessa vez, tendo sucesso em colocar para fora algo preto e gosmento. O amargo inundou sua boca quando o vômito mudou de preto para amarelo ovo, dando sinais de que agora o estômago estava expulsando sua própria bile. Encarando o fundo do sanitário enjoada, deu descarga duas vezes para que não restasse mais nenhum vestígio de sangue. Fechou a tampa e pôs os pensamentos em ordens antes que escovasse os dentes duas vezes e tomasse a ducha mais fria que podia.

— Mãe? — Chamou a loira. Vera estava em pé, com uma xícara nas mãos e os olhos presos na casa do vizinho assassinado recentemente. Felizmente, Joe já havia partido para o trabalho logo cedo, então não teria que lidar com seu mau-humor. Natalie seguiu o olhar para o que a mãe encarava, deparando-se com uma pequena mudança. — Os Clark vão embora?

𝐇𝐀́ 𝐀𝐋𝐆𝐎 𝐄𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐋𝐎𝐓𝐓𝐄 𝐌𝐀𝐓𝐓𝐇𝐄𝐖𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora