A dimensão de Virtela

O chamado dos Sitlas

Eu sou Sofia, cresci em uma cidade pequena no interior da Inglaterra. Lá todos viviam como uma grande família, toda a comunidade se conhecia e dividia da mesma classe social. Vivíamos um governo capitalista, mesmo que não parecesse... ninguém tinha demasiadamente mais que o outro. Eu morava com o meu pai que vivia bebado, ele era desempregado e o pouco de dinheiro que tinhamos colocava em apostas. Minha mãe trabalhava na rua vendendo suas pinturas e plantas, e minha vó ficava sobre suas cadeiras de rodas fazendo a comida, quando tinha. Eu estudava e trabalhava no celeiro do seu Theodore que tinha alguns cavalos e ovelhas.
Acordo sentindo algo caindo sobre minha testa e percebo que os plásticos que colocamos no "telhado" da nossa casa não impediram a pingueira de adentrar.

       - Bom dia pai, bom dia mãe! -Digo abraçando minha mãe por trás. A mesma comia uma uva-
        - Bom dia meu amor, eu queria que tivesse mais... mas hoje será só uva. -Diz minha mãe transparecendo sua tristeza-
          - Eu tenho uma ótima notícia! Consegui juntar dinheiro suficiente no meu trabalho, vou conseguir fazer uma feira para o mês!
         - Não precisa filha, eu irei fazer.
         - Eu quero fazer... faço parte da família e quero colaborar de alguma forma. -Minha mãe da um sorriso com uma expressão um pouco triste. Eu saio da minha "casa" indo até o comércio onde compro o essêncial para minha família.-

        - Bom dia Sra.Olivia! Sua pele esta brilhando nesta manhã, assim como o seus olhos -Falei para uma Senhora que já possuía 89 anos e era muito gentil,  enquanto passava na feira-

         Eu amo os idosos e sinto que devemos ser generosos e gentis com eles, eles já não possuem muito tempo de vida.

           - Gostei da sua gravata tio Carlos! -Falei ao passar por um amigo da família que vendia maçãs-
          - Seu cabelo está lindo Dona Isadora! O que a senhora fez nele?? -Disse ao ver uma das senhoras mais velhas de nossa comunidade vendendo suas verduras-
           - Babosa! Leve um pouco meu amor! -Diz Dona Isadora me entregando a planta-
           - Obrigada por tamanha gentileza! Tenha um ótimo dia -Dou um sorriso e pego o caminho de volta para casa-

Vejo um grande carro luxuoso parado em frente a minha casa e acho estranho.... ninguém possui um carro assim por aqui e não me recordo de amigos ou parentes do meu pai que tenham grandes condições financeiras. Ao entrar em casa vejo 6 homens vestidos de ternos pretos espalhados por toda a casa e uma mulher alta de cabelo branco curto em pé ao lado da minha mãe que chorava enquanto segurava nossa única mala que estava muito velha. Eu nem sabia que cabia tanta gente na minha casa.

           - O que está acontecendo aqui?? quem são esses?? -Questiono ao entrar na casa-
          - Filha, é um história muito longa. Eu sempre disse que você era especial, agora você vai se juntar com pessoas especiais assim como você. Não é algo ruim... eu espero. Era pra eu ter te contado antes mas não achei que teria necessidade pois achei que aqui estaríamos seguros.
         - Vamos Sofia, já estamos atrasadas. -Diz a mulher de cabelos longos brancos pegando a mala dos braços da minha mãe-
         -Atrasadas?? Atrasadas pra que? como assim especial?? ir pra onde?? quem são os especiais??
-Faço questionamentos enquanto colocava as sacolas pesadas no chão-
          - Eu te amo. Você é Sol, nunca se esqueça disso. Vai dar tudo certo, me perdoe por tudo. -Diz minha mãe me abraçando- Coloquei seu bloco de desenhos na mala. -Ela diz sussurrando em meu ouvido-
         - Não! Como assim?? -Os homens de preto me seguram pelo braço me levando até o carro que esperava por nós em frente a minha "casa"- ME SOLTA! MÃE! MÃE! O QUE TÁ ACONTECENDO??? SOCORRO! -Os homens me colocam dentro do carro- EU QUERO VER MINHA VÓ! ME SOLTA! -Tento abrir a porta mas foi uma tentativa falha. Depois de chorar, espernear e fazer um grande escândalo percebo que não vai dar em nada.-
        Eu lembro de poucas coisas, só lembro de estar dentro do carro com a mulher de prováveis 45 anos e seus cabelos brancos. Havia também dois homens, um que dirigia e outro que veio no banco traseiro comigo. Por algum motivo eu dormi, não sei se eles me deram algo, colocaram no ar, costumo ser meio paranoica mas algo estava errado. Quando acordei estávamos em um barco enorme, indo em direção a uma ilha que possuía uma grande florest. Fiz questionamentos mas ninguém me entregou respostas completas.

- Vai ficar tudo bem, você possui dons que poucos nessa frequência possuem. Precisamos de você, assim como dos outros jovens que nos esperam no castelo. -Diz a moça de cabelos brancos- Sou a Sra.Willians, e não iremos força-la a nada. -Fala com um pequeno sorriso no rosto-

            O céu estava nublado e escuro, o clima estava frio e mais frio ainda aqui no barco onde o vento batia com força e braveza, não conseguia ver nada além de água por conta da neblina. Descemos do barco e entramos novamente em um carro que demorou em média de 1h para nos deixar em um grande castelo. Para chegar ao castelo passamos por muitos caminhos e esses caminhos eram idênticos, e percebi que se entrar lá era difícil, sair era muito mais.
           Ao entrar no salão principal vi 25 jovens parados em círculo, percebi muitos olhares confusos, assustados, amedrontados... outros tinham água nos olhos, alguns estavam encolhidos em seu próprio corpo mas outros não transpareciam sentir nada,  frios. A Sra.Willians se juntou a um homem alto, jovem mas não tão jovem, talvez com seus 40.

      - Sei que estão confusos e estão assustados mas isso não é um sequestro, seus pais autorizaram a
vinda de vocês, não vamos machucar vocês nem nada do tipo. Eu sou o Sr.Hilton e a 20 anos atrás em uma dimensão chamada Virtela estava acontecendo uma das maiores guerras de todos os tempos entre os "Sitlas" que são os mocinhos e os "Grinches" que são os vilões. Os Sitlas resolveram juntas os seus poderes para gerar  uma "força absoluta" em uma tentativa de vitória, mas isso não deu certo, na verdade eles abriram um portal para outro universo, esse que estamos hoje. Nós que estamos aqui hoje -Diz mostrando com uma mão toda a equipe de 7 pessoas que estávamos com eles. Uma equipe de adultos-
Cuidávamos dos Sitlas, dávamos todo suporte e proteção a eles. Quando eles sumiram o caos se instalou em virtela e nós ficamos desesperados atrás de respostas e só depois de muitas pesquisas e testes descobrimos que eles vieram para essa dimensão.

    - Então conseguimos vir para essa dimensão, atrás do grupo... mesmo já sabendo da possível triste realidade. Sitlas transmitem uma energia específica que pode ser rastreada com um aparelho específico que só nós da gerência dos Sitlas possuímos. Fomos atrás dessa energia achando que encontraríamos eles mas encontramos vocês. Eram no total 20 Sitlas , achamos que eles só aceitaram que não conseguiriam voltar para Virtela, então tentaram seguir com uma vida normal por aqui. Ao certo se relacionaram entre si, com humanos e vocês vieram ao mundo. Estamos aqui á 4 anos observando vocês, descobrimos que existem alguns que não são 100% puros. -diz Sra.Willians-

- Eu sou a Isa e aqui vocês descobrirão seus dons, colocarão eles em prática, terão aulas individuais e em grupo. Treinamento físico, psicológico e mágico. Receberam apoio e terão aulas todos os dias. Vão ter boas e grandes refeições 3 vezes ao dia e irão morar aqui no castelo. Precisamos da ajuda de vocês pra isso. Aqui nessa mesa vocês vão pegar cartões que vão indicar onde fica o quarto de vocês, mas antes vamos começar fazendo os testes. -diz Isa-

Eles veem tirando um pouco do sangue de cada um e assim que cada um terminava o teste pegava seu cartão e andava até o seu quarto. Eu ainda não estava entendendo nada, de repente eu tinha poderes?? Peguei meu cartão que dizia que meu quarto era o 16. Tinha uma grande placa preta no lugar onde deveria estar a maçaneta e eu fiquei alguns minutos tentando abrir a porta, realmente não sabia como isso abria.

- Será que só abre com magia? não é possível. -Falo e tomo um susto ao me virar e ver um garoto parado na minha frente.-
- Não é magia, é ciência. -O garoto loiro de olhos escuros passa o cartão em cima da placa preta e a porta se abre.-
- Como você fez isso? E por que você está com a chave do meu quarto?? -Pergunto confusa ainda parada em frente à porta-
        - Magnetismo. Não estou com a chave do seu quarto, estou com a chave do meu quarto, parece que seremos colegas de quarto. -O garoto loiro fala sem olhar nos meus olhos.-