00. Lugar para (não) voltar.

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Os cabelos do garoto estavam molhados, havia ficado na banheira por um grande período de tempo. Seu dia estava uma merda, definitivamente não dava para piorar no momento.

Seu chefe havia tido um mau dia, acabando por demitir algumas "falhas" no escritório, uma delas sendo [N/P]. O rapaz estava abraçando seu corpo por alguns minutos, após semanas sua vida pareceu virar de cabeça pra baixo.

— Que dia de merda. — Passou as mãos pelo rosto bufando baixo enquanto saia da banheira, seus olhos estavam cansados indicando que precisara dormir a qualquer momento.

Entrando no quarto, a roupa esquentava seu corpo enquanto se jogava na cama de bruços, um grito abafado saiu de seu travesseiro. Alguns minutos parado, um barulho de notificação atraiu sua atenção o fazendo desbloquear a tela.

Eric:
[N/P]?
Ainda está ai?

Verdade.

Após semanas aposentado de sua "carreira" de detetive, havia entrado em uma outra situação quase como um deja vu.

Eric:
Hey.
Preciso falar com você.

Me:
Hey Eric :)
Noticias novas?

Seu corpo estava quase se negado a continuar a conversa, principalmente quando sentia sua mente se debatendo para continuar deitado e ignorar qualquer conversa que os novos conhecidos iriam iniciar.

Eric:
Estou no carro de Adam novamente.
Achei que seria bom procurar mais coisas.
Afinal ontem não tive tanto tempo.

Me:
Você continua teimando sobre ir nesses lugares.
Eric, você teve a tarde toda pra resolver isso.
E sempre sai a noite.

Eric:
Digamos que sou um pouco.
Apenas um pouco.
Aventureiro 😉.

Mentiroso também devemos adicionar.

[N/P] suspirou levantando de sua cama e abrindo o armário, seus olhos foram em direção a janela dando exatamente em um beco escuro. Por alguns momentos seu corpo deu um solavanco para trás ao ver uma figura completamente familiar o olhando parado no beco, era totalmente impossível, e era confirmado que sua mente estava tentando brincar com o resto de sanidade que ainda o restava.

Richy está morto.

Ele lembrara completamente como foi anunciada as vitimas da trágica noite onde as minas pegaram fogo, levando a vida da pessoa na qual se atreveu a chamar de amigo, deixou a preocupação em suas mãos e até mesmo arriscou a vida de outras pessoas.

Mas apesar de tudo.
Ainda era o Richy.

A voz do apresentador parecia repetir como um disco arranhado.

"Atualmente apenas uma vitima foi identificada no momento, devido as queimaduras. Richard Rogers, conhecido como Richy pelos mais íntimos, teve seu corpo completamente queimado pelas chamas, reconhecido apenas pela vitima do sequestro Hannah Donfort."

— Acho que eu preciso de uma terapia urgente...

Sua cabeça parecia pesar, mas a obrigação fazia seu corpo agir de maneira própria vestindo uma calça e um moletom, ambos da mesma cor se dirigindo até o carro parado na frente do complexo de apartamentos. Ajeitando o retrovisor e os espelhos do carro, rapidamente o veículo de uma partida.

— Filho? Que barulho é esse? Está saindo essas horas? — A mulher de meia idade repreendeu seu caçula que continuava a dirigir. — [N/P], não me deixe falando sozinha.

— Estou fazendo uma viagem, mamãe. É com urgência, vou manter a senhora avisada, mas não pergunte onde estou indo.

O celular desligou no automático, enquanto o rapaz enfiava a mão no banco de trás retirando pequenos comprimidos e os jogando garganta abaixo.

Seu sono parecia distorcer algumas partes da realidade, o corpo realmente estava pedindo para descansar em uma boa cama. [N/P] havia dirigido a mais de quatro horas sem parar, e estava ficando cansativo, apenas parando o carro em uma cidade pequena o jovem estacionou na frente de um pequeno hotel tirando a carteira do bolso.

— Quantas noites, senhor? — A voz da senhora acordou um pouco os sentidos de [N/P] que deu leves tapinhas na própria testa.

— Apenas duas, por favor. — Tirou o dinheiro das despesas, enquanto andava lentamente até o quarto com a chave ja em mãos.

Seu corpo agia no automático, tanto que assim que entrou no quarto trancou a porta e se jogou na cama apagando de vez.

Garoto irresponsável, nem ao menos leu a placa da cidade.

Enfim.

Bem vindo á Duskwood.

Eric:
Encontro você daqui a dois dias.
Tome cuidado onde dorme.

09:00 AM
Terça-feira

[N/P] resmungou colocando a mão na cabeça, parecia que não havia dormido a dias. Se sentia mais revigorado que nunca, deixando o pouco de preguiça que tinha de lado, ajeitou sua cama e pegou as chaves descendo do quarto para pegar a bolsa com roupas que havia trago.

— Licença, senhora. — O [C/C] chamou a recepcionista, enquanto colocava as mãos no bolso tentando aquecer. — Sabe algum lugar para tomar café?

— Mhm... Atualmente o bar aqui perto está fechado. O dono acabou de sair da prisão, então deixou mais guardado que antes. — A mulher gesticulou as mãos, antes de abrir um sorriso gentil. — Mas temos a padaria perto da igreja.

— Obrigado, eu agradeço.

Sorrindo como despedida, [N/P] franziu a testa ao ver o lado de fora do hotel. As construções eram completamente parecidas em sua mente, mas não lembrava ao menos de entrar em contato com aquela pequena cidade nem ao menos uma vez.

Entrando na padaria, o local estava com o clima quente, o que era bom em comparação ao frio que fazia do lado de fora. [N/P] sentou em uma das mesas começando a passar os olhos sobre o papel.

— No que posso ajudar?

O coração tem a função principal bombear sangue para todo o corpo, no entanto naquele momento, o rapaz poderia sentir que seu coração estava fechando cada caminho de enviar sangue, deixando mais pálido que a luz da lua.

Era a quantidade de remédios que estava o fazendo alucinar novamente? Ou talvez uma conhecidencia maluca da merda do destino. De qualquer forma, estava tendo um treco ali mesmo.

— Jessy?

𝐌𝐎𝐎𝐍𝐕𝐀𝐋𝐄, duskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora