Capítulo 1

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"Onde o amor governa, não há vontade de poder; e onde o poder predomina, falta o amor. Um é a sombra do outro."

– Carl Jung

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— Então, já começou?

As mãos de Snape já estavam cerradas em punhos, mas quando ouviu o diretor fazer essa pergunta, ele as apertou com tanta força que quase tirou sangue com as unhas.

— Sim — ele disse, com os dentes cerrados.

— Você tem certeza? — o diretor perguntou. — Talvez você esteja desconfiado demais de suas ações? Faz parte do seu caráter ficar cansado, até mesmo de si mesmo.

Snape balançou a cabeça, não confiando em si mesmo para falar. Houve silêncio por um momento enquanto ele repassava mentalmente o incidente ocorrido durante o jantar no Salão Principal.

— Não, eu tenho certeza. Aquele bastardo arrogante que você contratou para ensinar Defesa ladrou rudemente para que eu passasse o sal e eu obedeci antes que pudesse me impedir.

O olhar que Dumbledore lhe lançou foi nada menos que pena e Snape descobriu que não aguentaria. Ele levantou-se abruptamente da cadeira e começou a andar pelo escritório.

— Eu simpatizo, é claro, Severus. Não consigo nem começar a entender o que você deve estar sentindo agora. Só que... — Dumbledore fez uma pausa e pareceu pesar o que diria ao homem perturbado que andava à sua frente. — Você teve vinte e seis anos para se adaptar à ideia. Você está agindo como se tivesse acabado de descobrir.

Snape parou de andar e se virou para encarar o diretor.

— Me adaptar à ideia? Você faz parecer que fui demitido ou convidado para ser o orador principal em alguma festa de gala do Ministério. — O homem moreno se aproximou rapidamente da escrivaninha de Dumbledore e disse em uma voz próxima ao pânico: — Não, depois daqueles primeiros anos miseráveis de conhecimento, eu nunca sequer cogitei a ideia de que chegaria aos quarenta anos. Não depois do Lorde das Trevas e certamente não depois de entrar para o seu serviço.

Dumbledore suspirou e esfregou os olhos por trás dos óculos.

— Eu sei, Severus. Por mais terrível que isso possa ser, certamente você percebe o quanto é afortunado entre os de sua espécie. Não consigo imaginá-lo ansioso pelo seu quadragésimo aniversário, mas certamente você pode imaginá-lo, nem que seja para amenizar seus problemas.

— Afortunado? — perguntou Snape, com o olhar fixo.

O diretor pareceu se desculpar.

— Talvez eu tenha me expressado mal. Afortunado, não, mas, meu amigo — ele fez uma pausa para dar efeito, como se Snape realmente encontrasse algum consolo em suas palavras, — você percebe como é realmente sortudo? Poderia ter sido qualquer pessoa, qualquer pessoa no mundo inteiro. Você poderia nem mesmo tê-lo conhecido e, então, onde estaria agora? Percorrendo o planeta em uma tentativa de encontrar essa pessoa?

Snape zombou.

— Eu teria feito o que a maioria dos da minha espécie faz e teria acabado com meu sofrimento. — Snape olhou diretamente nos olhos do diretor e disse: — É claro que eu não precisaria ter feito isso se certas medidas heroicas não tivessem sido tomadas.

Dumbledore pareceu zangado por um momento antes de levantar a mão e com um gesto de desdém disse:

— Foi ele quem encontrou você, Severus. Talvez você estivesse chamando por ele naquela época.

Snape zombou novamente. Não era assim que acontecia e o diretor sabia disso.

— E eu não voltaria atrás se tivesse que fazer tudo de novo. — A voz de Dumbledore cortou sua linha sombria de pensamento. — Você é um bom homem, Severus. Você merece um pouco de felicidade.

The shadow of the other | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora