Capítulo 2: O Desespero e Esperança

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Mikaela e Miler haviam passado três longos meses aprisionados nas sombrias celas do laboratório. No segundo mês, Mikaela, exausta e sedenta, teve uma experiência de quase morte, um evento que a deixou profundamente assustada. Durante essa experiência, ela se viu em uma antiga biblioteca, com escadarias que levavam a um altar onde repousava um livro misterioso. Antes que pudesse entender o significado da visão, desmaiou. Por um milagre, gotas de água caíram sobre seu rosto, despertando-a.


Assim se passaram o resto do tempo, até que, no terceiro mês, o gerador de emergência que mantinha o laboratório ativo finalmente se esgotou.

A energia, que antes mantinha as grades eletrificadas, cessou, e os colares que os prendiam caíram ao chão, inertes. Com mãos trêmulas, abriram a porta enferrujada e escaparam daquele lugar maldito.

Lá fora, o mundo parecia ter desaparecido. Uma vastidão árida e desolada se estendia até onde os olhos podiam alcançar. Dias e dias se passaram enquanto caminhavam sem comer ou dormir, atormentados pela desconfiança no ambiente e pelo medo constante de serem recapturados pelos cientistas.

Os meses se arrastaram, e Mikaela e Miler enfrentaram muitos perigos. Monstros grotescos emergiam das sombras, suas garras afiadas e olhos famintos. Ferimentos se acumulavam, mas a sobrevivência era a única opção. Miler, em especial, sofria. O tempo sem sangue havia enfraquecido seu corpo, tornando a cura uma tarefa árdua. Em sua busca por um refúgio seguro, Mikaela encontrou um lago no coração das montanhas. A água refletia a luz da lua, criando um cenário quase irreal. 

Quando se aproximaram, viram algo que desafiava a lógica: um tritão nadava graciosamente, alheio à presença dos fugitivos. Miler ficou hipnotizado pelo brilho que emanava do ser aquático. Seus olhos, antes cansados e desesperançados, agora se enchiam de fascinação. Seria ele uma criatura amiga ou inimiga? Mikaela não sabia, mas algo em seu coração lhe dizia que aquele encontro mudaria o rumo de sua jornada.

Mikaela apertou a mão de Miler, seu olhar implorando por silêncio. Juntos, se aproximaram cautelosamente do tritão, cuja presença era tão imponente quanto misteriosa. Sentindo a aproximação, o tritão virou-se com um brilho de desconfiança nos olhos. 

Mas, ao observá-los melhor, sua expressão suavizou, reconhecendo que não representavam ameaça alguma.

Miler, cujo coração batia acelerado pela proximidade do ser mágico, não pôde deixar de se perder nos olhos do tritão, que brilhavam com o dourado puro do ouro e a clareza da água cristalina. Um sentimento de admiração e algo mais profundo floresceu dentro dele, rápido e avassalador.

Percebendo a conexão instantânea que se formava, Mikaela deu um passo atrás, deixando seu irmão sozinho com o tritão. Ela se afastou discretamente, buscando algo que pudesse ajudá-los em sua jornada.

Assim que Mikaela desapareceu de vista, Miler reuniu coragem para iniciar uma conversa. O tritão, inicialmente receoso, começou a relaxar aos poucos. "Me chamo Mike," disse ele, com uma voz que lembrava o som das ondas. "Qual o seu nome, e como se chama sua colega?"

"Me chamo Miler e minha irmã é Mikaela," respondeu Miler, um sorriso tímido surgindo em seus lábios. "É um prazer te conhecer. É tão bom ter alguém com quem conversar e relaxar."Mike, percebendo que não havia perigo, revelou uma personalidade alegre e amável. 


Ele fez várias perguntas sobre o mundo acima das águas e se existiam mais seres como Miler e Mikaela. Miler, com um suspiro pesado, confessou: "Não somos naturais; escapamos de um laboratório." Sua expressão se fechou, e a dor daquela memória era palpável.


Mike, sensível à mudança de humor, desviou rapidamente o assunto. O tempo passou, e Miler percebeu que o céu começava a escurecer. Mikaela ainda não havia retornado, e um medo crescente tomou conta dele, imaginando o que poderia ter acontecido com ela. Levantou-se rapidamente, mas sua fraqueza o traiu, e ele caiu tão rápido quanto se ergueu.

Mike, percebendo o desespero de Miler, emergiu das águas e se transformou em sua forma meio humana. Ele fez o que pôde para ajudar Miler a se levantar, e foi nesse momento que Mikaela apareceu, confusa com a cena diante dela.

Quando finalmente Mike e Mikaela conseguiram acalmar Miler, um estrondo ensurdecedor ecoou, alertando-os de uma batalha iminente. Monstros sem consciência e cientistas mal-intencionados se enfrentavam, e os irmãos, segurando a mão de Mike, começaram a correr. Mike, confuso, tentou detê-los, mas então uma risada sinistra soou atrás deles. 

Os irmãos estremeceram ao reconhecer a voz do cientista que os havia torturado por tanto tempo.

Mike, percebendo o terror que paralisava os irmãos, usou seu poder para ajudá-los a escapar. Juntos, eles fugiram, despertando traumas adormecidos. Uma vez em segurança, Mikaela, com a voz embargada pela emoção, perguntou: "Será que um dia poderemos ser normais?"

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