Quinta-feira, 24 de janeiro de 2024.- Ele é estranho, não é? - disse Jisung, passando o pano sob a bancada de mármore, onde, eventualmente, colocava os pedidos.
- Tá falando de quem? - perguntou Yuna, guardando a última xícara que estava sob a pia.
- De quem mais seria? Do cara que senta ao lado da janela.
O vento estava forte naquela noite, Jisung iria para casa em breve, então, pegou um prendedor de cabelo, fazendo um curto rabo de cavalo dos fios ondulados - estavam grandes demais para o seu gosto - uma forma na qual não ficassem em seu rosto, quando pilotasse pelas ruas desertas.
- Ele vem aqui todos os dias às oito horas da noite, senta naquela mesma cadeira, pega o notebook e encara ele por duas horas inteiras, sem sequer se mover.
- Ao meu ver…. o estranho é você! Fica observando o garoto como se fosse um maluco - Assim como Jisung, a mais nova também se preparava para sair do estabelecimento.
- Ele é bonito. - o Han comentou, e, sentou-se em uma das cadeiras do lugar, descansando um pouco as pernas.
- Verdade. Você vai me dar carona, né? - Yuna viu a expressão suave do mais velho desaparecer, com um desgosto forçado tomando conta do seu rosto. - Vai, Ji! Será só hoje, prometo! Eu preciso chegar logo em casa, o trem ainda vai demorar pra caramba.
- Só vou fazer essa boa ação porque você vai me contar tudinho do teu homem. - O ondulado sorriu, sugestivo.
- Homem ele é, meu não. Nem me mandou mensagem! Já fazem o quê? Três dias?
- Relaxa, Yuna. Se eu tivesse algum declínio de caráter, cogitaria namorar com você e preencher esse teu vazio existencial.
- Credo! - Yuna ria para Han. - Olha, hora de fechar, o "estranho" - fez aspas com as mãos - já está indo embora.
Jisung fixou o olhar para o homem que organizava seus pertences e seguia até a entrada, saindo do local, sendo sugado pela escuridão e tristeza de uma solitária noite de quinta-feira.
- Ele pagou? - Ergueu uma de suas sobrancelhas.
- Óbvio, antes mesmo de pedir ele já deixou pago, todo santo dia a mesma coisa...
- Depois você ainda me chama de maluco.
- Vamos logo! Tenho que chegar antes da pizza - Yuna foi em direção à entrada, esperando Jisung fazer o mesmo.
- Meu pagamento? - o Han questionou, enquanto vestia seu casaco por conta do frio que o envolvia por inteiro.
- Vai sobrar uma fatia pra você. - Yuna trancava a porta e viu, mais uma vez, a expressão animada do moreno sumir. - Talvez duas?
- Sobe logo nessa moto! Senão eu me jogo dela em movimento. Até onde eu sei, você não sabe pilotar.
- Você é tão... Qual a palavra mesmo?
- Lindo? Cheiroso? Um pitelzinho? Um tchutchuco? - falou Jisung, subindo na moto, e, entregando o capacete do passageiro a Shin.
- Eu queria dizer inconveniente… - Yuna fez o mesmo que o Han, já na garupa, envolveu os seus braços na cintura definida do mais baixo. - Andar contigo é sempre uma experiência, parece que eu mesma estou pilotando - referia-se à altura de Jisung.
- Eu só sou um centímetro mais baixo.
- Eu sou um centímetro mais alta! Isso é suficiente pra não precisar usar banquinho pra regular o chuveiro.
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Sobre Muitas Coisas • Minsung
FanficMinho, um professor e escritor cansado da rotina, encontrava na xícara de café uma companhia silenciosa para suas palavras não ditas, enquanto o mundo lá fora seguia em um ritmo frenético, alheio à sua solidão. Em um frio anoitecer, seus olhos cruza...