Capítulo 4

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Assim que entrou no apartamento onde Chanil morava, Cirrus sentiu o cheiro de Curry sendo feito na cozinha americana próximo à sala. Perto dela tinha uma criança de aproximadamente 6 anos com cabelos ainda mais vermelhos que os do seu irmão. Com suas pequenas mãos, ele puxava o avental da mãe, enquanto implorava por comida, mesmo segurando uma maça recém-mordida. Indo em direção a Hae in, no auge dos seus 40 anos, se virou ao sentir a mão fria do seu filho nas suas costas e sorriu, por vê-lo em casa, em mais um dia da sua vida. Ela respirava ainda mais suavemente ao ver o seu filho, com sorriso invejável e coração aquecido de amor pelos seus filhos. Hae in viu Cirrus de longe e acenou para ele.

Antes que ela pudesse se aproximar, Cirrus deu um passo para trás. O tormento de ter perdido a sua mãe e inveja por ter a vida de Chanil aumentou para outro nível, mas Hae in estava feliz em conhecê-lo e deu tapinha nas suas costas e se aproximou, do mesmo jeito que Chanil sempre fazia. Queria ter uma mãe, mas ela havia morrido a 10 anos atrás.

— Olá, meu filho disse que você vinha para cá, e eu fiz mais comida para nós quatro. Está quase pronto, prazer em conhecê-lo, Beak Cirrus. — Seus traços pareciam com os de sua mãe, o jeito que lembra dela e o cheiro da comida que ela fazia para si. Queria sair daquela casa, o cheiro estava tão forte que estava começando a ficar enjoado, mas antes de querer fugir, Cirrus olhou para Chanil. O jovem estava tremendo de expectativa, e olhava com atenção para cada movimento que Cirrus fazia. Portanto, para não decepcioná-lo, se inclinou e retribuiu o sorriso de Hae in, segurou a sua mão e se sentou na sala de estar ao lado deles.

Se sentindo tão pequeno no meio deles, Cirrus olhava para baixo e se sentia cada vez mais infeliz. Por hipocrisia, desejou que Chanil perdesse tudo e seu sorriso idiota sumisse para sempre e nunca visse mais a luz do sol. Mas assim que provou o prato de curry de Hae in, se arrependeu de ser tão desagradável, porque gosto da felicidade estava ali, um contrate bem singular da comida sem tempero da sua casa. Ficou em silêncio na maior parte do tempo na mesa, enquanto se perdia nas suas próprias memórias tenebrosas. Assim que foi para o quarto, a voz de Chanil ecoou na cabeça de Cirrus que latejava de dor, queria tanto chorar a noite inteira, mas nunca ia fazer isso na frente do ruivo. Contudo, não havia nenhum lugar para ele voltar, e sua madrasta ainda estava acordada naquele horário.

— Cirrus, você quer jogar? — Para melhorar o humor de Cirrus, o ruivo ofereceu um controle de um PlayStation 3 (PS3). Querendo se livrar da situação, eles começaram a jogar Mortal Kombat, mas antes mesmo do jogo começar, o ambiente esfriou novamente.

— Chanil, vou contar um segredo a você. - Na beira de um colapso, Cirrus cerrou os dentes e fixou seu olhar com o do ruivo. — Não tenho uma mãe, ela faleceu há 10 anos atrás.

— Você disse que mora com seus pais... — Chanil pausou imediatamente o jogo e se sentiu infeliz. Talvez fazer Cirrus vê-lo tão feliz com sua família tenha sido desconfortável para ele, pensou. Já Cirrus queria que ele soubesse, como a existência dele era infeliz e ele não tinha nenhum direito de continuar sorrindo na frente dele como há um minuto atrás. E assim, ele criou outro ambiente que fosse semelhante ao seu humor atual. Mas o que ele não esperava era Chanil o abraçando ainda em pé na beira da cama, o confortando e deixando com que Cirrus ouvisse seu coração. — Me desculpa, pensei que você ia se sentir confortável comigo e com minha família.

Por mais que odiasse que os outros sentissem compadecidos dele, Cirrus aceitou o abraço, assim poderia mascarar as lágrimas que surgiam no seu rosto de repente. Se atreveu a chorar na frente de Chanil por um momento, mas o que mais despertou a atenção do garoto órfão foi que o coração do ruivo estava acelerado, as mãos do garoto que tocavam o cabelo de Cirrus estavam suadas e suas orelhas haviam ficado vermelhas no momento, eles tinham se abraçado. Era hilário pensar que Chanil tinha ficado tão comovido só com um simples ato de afeição, e para Cirrus que estava só o usando no momento para se sentir bem com o sofrimento dele, a reação do garoto foi muito estranha para ele.

Assim que se afastaram, Cirrus foi para o banheiro e ficou em silêncio por um bom tempo, mesmo sentado ao lado de Chanil. Eles jogaram e assim que o cérebro de Cirrus foi preenchido pelo jogo, os dois começaram a conversar e, para se livrar do fardo das perguntas do seu amigo, o loiro contou que atualmente vivia com sua madrasta e seu pai, mas ainda sentia saudades da mãe como hoje. Querendo parecer que sua vida não estava de cabeça para baixo, Cirrus se enfiou em mais uma vala de mentiras e assim permaneceu no buraco e vazio que existia no seu peito. Após desligarem os jogos, Chanil insistiu para que seu amigo dormisse ao seu lado, e sem poder contestar com argumentos, Cirrus aceitou por mera curiosidade, se perguntando o que de fato Chanil tinha em mente.

Deitados um perto do outro, Cirrus fechou os olhos primeiro e ficou estático por 30 minutos até ouvir uma voz sonolenta e grossa de Chanil ecoando no seu ouvido, que o obrigou a voltar toda sua atenção para o ambiente novamente.

— Cirrus, vou proteger você. Estarei com você, seja nós bons e maus momentos para que você não se sinta sozinho de novo — Com uma voz doce, Chanil fez carinho no cabelo de Cirrus e adormeceu por completo após declarar devoção eterna para alguém que tinha sentimentos tão complexos, mas preferia chamar de amizade do que dar nome a sua nova e mais fiel devoção. Ao mesmo tempo, Cirrus parece ter entendido tudo sua declaração de forma completamente distorcida, queria vomitar e fazer Chanil se arrepender de estar começando a gostar dele daquela forma tão esquisita. Afinal, o garoto perfeitinho, por acaso, era gay? 

Say Don't Go + skyrusOnde histórias criam vida. Descubra agora