O pássaro que sente confusão

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Faz mais de seis meses que Wanderer foi recebido de braços abertos pela tripulação de Alcor. Nesse meio tempo, ele sempre teve a presença de Kazuha próxima a ele. No começo, isso deixava o andarilho muito irritado, ele não gostava de ser perturbado e acompanhado nem por Nahida, imagine por um humano. Principalmente por um Kaedehara.

Toda essa situação era desconfortável, ele até pensava em fazer qualquer outra coisa do que passar um tempo sem final previsto com aquele humano. Wanderer pensa que Nahida poderia ter feito de propósito também, para que, além de compreender os humanos, poder perdoar o passado.

Entretanto, comforme os meses foram se passando, Wanderer começava a se acostumar com a presença do Kaedehara. Afinal, não tinha como fugir. Ele aprendeu a conviver. Isso resultou em deixá-los mais íntimos, como bons parceiros de viagem e até mesmo amigos. Porém, nas últimas semanas, Wanderer vem se sentindo ansioso, nervoso. Ele não entende o que poderia estar acontecendo.

Com tantas coisas gritando na sua cabeça, ele resolve sair de seu aposento e tomar um ar. Pela posição da lua, são cinco horas da manhã. Preguiçosamente, Wanderer usa sua visão para levá-lo até a proa do barco. Ao chegar, seus pés tocaram na haste grossa. Sentando por ali, ele encarou a paisagem. Ele não sabe ao certo quanto tempo ficou naquela posição, sem mover o rosto. Apenas com uma expressão neutra, olhando o vasto horizonte em sua frente.

Passos foram ouvidos atrás dele, passos leves e lerdos. Wanderer não precisou pensar tanto para descobrir quem era, com tanto tempo de convívio, ele sabia que é o Kaedehara. Ele sentiu uma suave brisa afagando suas costas, vinda do lado contrário que as outras chevavam. É o modo de Kazuha dizer que estava ali.

— O que está fazendo? — Ao mesmo tempo que Wanderer olhou para trás, ele encontrou com o Kazuha sentado junto a ele. Com aquele sorriso costumeiro e bobo. Odiava ver essa expressão tão largada, principalmente quando era direcionada a ele. Sentia o estômago embrulhar.

— Matando tempo. — Respondeu Wanderer.

— Posso fazer companhia?

— Já está.

Sem tirar o pequeno sorriso, Kazuha virou o rosto para frente, os olhos fecharam sem pressa. Wanderer não conseguiu desviar, ele continuava olhando para Kazuha. As mesmas coisas de momentos atrás, voltaram a chacoalhar a cabeça do boneco.

É estranho para ele como conseguiram ser íntimos, sendo que o seu jeito não havia mudado tanto. O que ele havia feito para conseguir cativar a atenção desse Kaedehara?

— As ondas estão batendo na parte mais baixa. Estão se acalmando por estar quase dia. — Disse Kazuha, ainda com seus olhos fechados.

— Você acordou mais cedo que o normal.

— Eu queria assistir o sol nascer no horizonte de Sumeru. É uma linda vista.

— Só isso deixa você ansioso para acordar tão cedo? — Após a pergunta de Wanderer, Kazuha abre os olhos, e com preguiça vira o seu rosto para o andarilho ao seu lado.

— Saber que você está acordado também é um motivo. — Ele finalmente diz, depois de um tempo encarando a marionete. Algo quente passeia pelo corpo falso de Wanderer, a sensação é inusitada e extremamente diferente, mas com um pequeno toque de familiaridade. Em resposta, ele apenas revira os olhos, desviando a atenção para as batidas da água abaixo de si.

Pássaro de Madeira Aprende VoarOnde histórias criam vida. Descubra agora