O pássaro que sente ciúme

263 18 59
                                    

Hoje é noite de festa para a tripulação, por nenhum motivo aparente. O pessoal é super festivo e animado, então sempre que podem, aproveitam a noite para cantar musicas, dançar e encher a cara.  E, muita das vezes, fazendo jogos e piadas em grupo.

Um pequeno grupo dançava em druplas e trios no convés principal, rindo e batendo os pés na madeira no ritmo da música que estava sendo tocada. Próximo a eles, uma mesa de madeira desgastada estava sendo usada por um outro grupo de amigos. Dentre eles, estava Kazuha.

— Ouvi dizer que o Kazuha sozinho quebrou a perna do criminoso! — Um dos homens, com uma cicatriz no olho, puxou o Kazuha para perto dele. Com o braço ao redor de seu pescoço, forçando o Kaedehara a inclinar um pouco para baixo.

— Que isso... — Kazuha riu, levemente sem graça. Havia passado semanas desde o ocorrido de Inazuma e a perseguição investigativa com Darious, mas mesmo assim, a tripulação voltava no assunto como se tivesse acontecido ontem.

— É mesmo! Que isso!? —Uma mulher de laterais raspadas apontou para ele com o copo de rum. — Foram as duas! 

E o grupo de colegas comemoraram, batendo na mesa e fazendo brindes enquando outros bagunçavam os cabelos do Kazuha, puxavam ele para os lados e batendo em suas costas.

— Desceu o cacete, né, Kazuha? — Um rapaz baixo com um olho de vidro enfiou o rosto entre os mais alto, sorrindo divertido.

— Pois é. — Kazuha riu nasal, com o rosto avermelhado. Não pela vergonha, mas pelo álcool. Ele já estava bêbado assim como todas essas pessoas ao redor dele.

— É isso ai! Nada abala nosso Kazuha! — Uma outra mulher, mais alta que os demais, entrou na conversa.

— Oia que o amor abala. — Disse o rapaz do olho de vidro.

— Amor? Quem está apaixonado? — Perguntou o Kaedehara, bebendo.

— Ocê!

— Eu estou apaixonado? — Kazuha disse depois de empurrar o liquido com força pela garganta.

— Joga na rodinha Kazuhinha.

— Cesar que está falando aí. — O Kaedehara murmurou, e o Cesar, se segurando na mesa por estar bêbado, apontou para a entrada da cozinha. 

Kazuha seguiu a sua orientação e, indo em direção à cozinha com o olhar, estava o seu companheiro de viagem e aluno de sentimentos, Kuni. Ele estava carregando uma caixa e conversando com um homem maior de barba rala. O cozinheiro do barco. 

Faz alguns dias que Kazuha deu a ideia de que Kuni poderia ser assistente do cozinheiro, Owen. Pois isso ajudaria seus problema de socialização e praticar a conversação com pessoas que não sejam o próprio Kazuha. 

Ainda observando o boneco, Kazuha sentiu um soluço subir. uma, duas vezes. Ele percebeu que, na verdade, quem falava mais era o proprio Owen, enquanto Kuni apenas consentia com a cabeça e movia os lábios finos e claros em respostas curtas. Ele realmente adora o jeito simples e direto da marionete e seu esforço enfrentando algo que o encomodava. Ele adorava a forma de como o rosto dele se contorcia suavemente ao tentar compreender algo novo.

O coração dentro do peito do samurai batia rápidamente, e ele se sentia um pouco inqueto. Até a dupla de cozinha passar pela porta e sumindo de vista.

Ele estava apaixonado pelo seu companheiro de viagem.

— Ah, o Zushi...

— Faz quanto tempo de namoro? — Perguntou a mulher de cabelo raspado, e colocou mais álcool no copo do Kazuha. Que foi aceito de sorriso largo levando mais dois goles generosos. Logo após isso, Kazuha não respondeu a pergunta, apenas abaixou os olhos para as mãos e começou a contar nos dedos, um por um.

Pássaro de Madeira Aprende VoarOnde histórias criam vida. Descubra agora