Primeiros olhares (P.O.V.:Vini)

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•Jun. 27, 2024•

⟩»★♧P.O.V. Vinícius:

-Ei!! Parado aí!- Gritou o policial. As únicas coisas que eu conseguia fazer era tentar correr para escapar de algo que eu nem queria estar envolvido…Pera, pera, pera! Melhor começar do começo, né não?

Me chamo Vinícius Costa, tenho 33 anos e estou (infelizmente) na vida do crime…Tudo começou quando eu era menor. Nasci em uma cidade pequena na Bahia chamada Paulo Afonso, meus pais me tiveram muito jovens e acabou que não deu muito bom… Tanto minha mãe, quanto meu pai eram alcoólatras e sempre brigavam entre si por, literalmente, qualquer mínimo motivo. Minha mãe foi diagnosticada com Bipolaridade e esquizofrenia, enquanto meu pai era só um arrombado preconceituoso que não aceitava nada que fosse diferente do que ele pensava, pois “não era de Deus”...  Na minha adolescência,14 anos pra ser mais exato, me descobri bissexual logo depois de começar a gostar do meu melhor amigo (ou era isso que eu pensava). E, um dia, tive a brilhante (pra não dizer o contrário) ideia de falar pra esse garoto que eu gostava dele…

•★#Flashback«-


—Ei, doido! Tu tava onde? Te procurei por todo canto…Tu fez o dever da ‘fessora de biolo..— O Kaique começa a falar, até que eu o interrompi.

— Kaique, posso falar com você por um instante?- Eu perguntei, enquanto eu tentava fazer contato visual com o mesmo.

— Claro, man. E aí?— Ele responde com um sorriso no rosto.

— É que é algo meio pessoal…Tem como ser em outro lugar?— Eu pergunto, nervoso, sentindo borboletas em meu estômago com antecedência.

— Lá vem bomba…Desembucha, Vinícius.— A impaciência e preocupação em sua voz era notável, notável até demais para o meu gosto.

Eu respiro fundo e olho nos olhos de Kaique, sinto que meu coração vai sair pela boca, um formigamento sem igual e a sensação de frio pelo corpo inteiro atinge meu corpo sem aviso prévio— Eu…Eu queria dizer que…Eu queria dizer que eu gosto de você.— eu gaguejo no início, logo depois falo sem pausa alguma, tentando amenizar o clima de tensão entre nós. Eu desvio meu olhar, meus ouvidos atentos, esperando alguma reação daquele que eu mais admirava. Os segundos pareciam séculos, parecia que o tempo tinha parado, que todos tinham sumido, e que só existiam nós dois em meio a um campinho de futebol na quadra da escola. O silêncio era perturbador e parecia que podia ser cortado, praticamente visível. Os longos segundos passam até que eu escuto uma risada do mesmo.

—Para de graça, Vini! Essa foi boa…— Ele fala em meio a risadas, até que eu vejo o brilho nos olhos dele sumir—...Por que não ‘tá rindo? Você…Você tá falando sério?— O mesmo completa sua frase, enquanto ele para de rir aos poucos.

Eu permaneço em silêncio, sem reação. Era como se minha voz se recusasse a sair, meu coração palpitando ainda mais, mas agora de desespero. Kaique age da mesma forma, até que eu escuto, novamente, uma risada, só que agora ainda mais forte.

—Fala sério, véi! Eu não sou viado não….O que? Vai chorar agora? Ah! me poupa, Vinícius! É sério que você achou que eu iria falar que gosto de você também? Inclusive, não sabia que você era uma bichinha. Bem, agora que você escolheu gostar de homem, você vai vir de calcinha para escola também?— Ele ri muito, enquanto as únicas coisas que eu consigo ver são os borrões devido às lágrimas nos meus olhos. A minha vontade é de correr e gritar bem alto de que eu nunca escolheria sofrer preconceito a ser tratado normalmente, de um jeito respeitoso, como sempre tinha sido.

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⏰ Última atualização: May 28 ⏰

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