Termino

535 67 22
                                    

Quando recebi uma mensagem de Emma na metade da manhã de segunda feira, falando nada mais do que um curto "não vá para minha casa hoje", é claro que minha primeira reação foi ligar para ela de volta, mas não tive resposta. Pouco depois outra mensagem chegava.

"Estou na aula."

"O que aconteceu?" enviei de volta, interrompendo a ronda que fazia pelo hospital, me encostando em um dos corredores da ala infantil.

"Só não apareça, por favor."

Mas é claro que eu fui. Às três e meia da tarde eu batia à sua porta, tendo aproveitado a saída de um morador para entrar no edifício, sem precisar tocar o interfone para o apartamento de Emma. Cheguei a pensar que ela talvez estivesse chegando naqueles dias de novo, apesar de ainda não estar na época, ou talvez algo tivesse acontecido na escola, mas quando ela abriu a porta, logo vi que o problema era comigo.

—— Eu lembro de ter falado para você não vir hoje — ela reclamou, mantendo a porta bloqueada, mas eu simplesmente empurrei a porta de leve, entrando no seu apartamento. — O que eu falo não importa nada para você, não é?

— O que aconteceu? — perguntei calma, não vendo motivo para me estressar quando sabia que não eu não tinha feito nada.

Parecendo tentar se controlar, Emma respirou fundo, esfregando o rosto com as duas mãos, seu pé descalço batendo rapidamente no chão, fazendo a saia do seu uniforme acompanhar o movimento. Ainda assim, mesmo depois de quase um minuto, quando Emma falou seu tom não saiu nada calmo.

— O que aconteceu, Jenna, é que por causa daquela viagem idiota que você insistiu para que eu fosse, não estudei o suficiente para a prova que tive na terça feira e tirei "A-"! — Emma gritou e eu não ficaria surpresa se ela tentasse me bater, tamanha era a raiva estampada nos seus olhos. — "A-" em Física! Mais um pouco e eu teria perdido minha bolsa de estudos. E eu sei que já tinha combinado de ir para a praia antes, mas só decidi isso porque você me convenceu de que eu precisava de um tempo para descansar.

— Mas você precisa, Emma — retruquei, mantendo o tom baixo, tentando provar meu ponto de vista, mas ela não me deixou continuar.

— Não, eu não preciso! Eu preciso estudar! Eu preciso manter minha bolsa de estudos porque não tenho dinheiro para jogar no lixo como você tem, Jenna. Sem essa bolsa, eu posso dar adeus à Yale. — Com um novo suspiro, Emma se afastou, indo até a cozinha e eu a segui em silêncio, torcendo para que ela se acalmasse um pouco, mas parecia que quanto mais ela pensava, piores eram suas palavras. — Até te conhecer, Jenna, eu passava minhas tardes estudando e minhas noites estudando ainda mais. Agora meu tempo se ocupa em passar a tarde com você satisfazendo seus desejos e a noite esperando você ligar, porque você sempre liga, nem que seja para falar alguma porcaria, nem se importando com o que eu estou fazendo.

— Eu sempre pergunto se você está podendo falar, Emma — me defendi, porque não admitia ser acusado de algo sem qualquer fundamento.

— É, mas o problema é que eu quero falar com você, mesmo sabendo que tenho muito o que estudar. Você me envolveu de tal forma nisso tudo que eu parei de pensar no que mais importa para mim. Não penso mais em estudar o tempo todo, porque quando nós não estamos juntas, estou pensando em você. E eu não posso fazer isso! Eu não posso continuar dessa forma!

Aquelas palavras me desesperam de tal forma que o fôlego faltou e eu senti meu peito doendo.

— Emma, o que você–

Sete Minutos No Paraíso | Jenna Ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora