★Sentimentos★

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Na manhã seguinte, Anton acordou com um nó na garganta. Ele sabia que o dia traria consigo uma conversa que há muito tempo vinha adiando, mas que agora era inevitável. Enquanto se arrumava, suas mãos tremiam ligeiramente, mas sua determinação permanecia inabalável. Era hora de enfrentar o desafio de falar com seu pai.

Sentado à mesa do café da manhã, Anton revirou mentalmente as palavras que gostaria de usar. Ele queria expressar suas preocupações e medos, mas também transmitir seu desejo genuíno de reconstruir a conexão que haviam perdido ao longo dos anos.

- Pai... Posso falar com você? - perguntou um pouco receoso.

- Já está falando. - disse comendo um pedaço de bolo.

Anton suspirou, já havia previsto o comportamento do pai mas não deixou de ficar um tanto chateado.

- Precisamos conversar. Sobre o que está acontecendo.

- Anton. - suspirou. - Se for falar sobre a faculdade ou reclamar que quer voltar para Boston, já sabe minha resposta.

- Mas pai eu nã-

- Já deu Anton! - esbravejou.

- Mas não é disso que estou falando! Por que é tão difícil falar com você? - sentia as lágrimas caírem.

- Vai 'pra faculdade.

- Mas...

- Anda!

Anton respirou fundo, tentando controlar as emoções que fervilhavam dentro dele. Ele se forçou a olhar nos olhos do pai, determinado a tornar aquela conversa significativa, mesmo diante das dificuldades.

- Pai, por favor, me escute - disse Anton com voz firme, embora trêmula. - Eu sei que temos nossas diferenças, mas essa conversa é importante para mim. Eu não quero discutir sobre a faculdade ou Boston. É sobre nós, sobre como tenho me sentido e como podemos melhorar nossa relação.

- Eu não vou falar de novo Anton. - disse ríspido.

- ...Tudo bem pai. - disse chateado pegando suas coisas e saindo de casa.

Anton caminhava pela rua, com um nó na garganta e o coração apertado. Ele se sentia desamparado e incompreendido, lutando para conter as lágrimas que ameaçavam escapar. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, e sua mente estava tumultuada com uma mistura de tristeza e frustração.

Enquanto se afastava da casa, Anton tentava organizar seus pensamentos. Ele sabia que precisava de um tempo para si mesmo, longe da tensão e das expectativas não correspondidas. Por um momento, ele considerou onde poderia encontrar conforto e apoio.

Anton decidiu que a música seria sua válvula de escape naquele momento de angústia. Ele se lembrou da sala de música da faculdade, que havia reparado enquanto caminhava por lá, um refúgio onde poderia se expressar e encontrar conforto através do violoncelo. Com determinação renovada, seguiu em direção ao prédio da faculdade, com a esperança de que a música o ajudasse a acalmar a tempestade emocional que o consumia.

Ao chegar à sala de música, Anton respirou fundo e abriu a porta. O ambiente familiar e acolhedor o envolveu, trazendo um vislumbre de alívio em meio à turbulência emocional. Ele se dirigiu ao violoncelo, cuidadosamente ajustou a posição do banco e pegou o arco, sentindo-se conectado instantaneamente ao instrumento que tanto significava para ele.

À medida que as primeiras notas ressoaram na sala, Anton sentiu um peso sendo aliviado de seus ombros. A melodia envolvente do violoncelo o transportou para longe das preocupações do momento, permitindo-lhe expressar suas emoções através da música. Cada nota era uma extensão de seus sentimentos, uma maneira de processar a intensidade da situação que acabara de vivenciar.

Violoncelista - Anton (RIIZE) HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora