★Saudade★

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Sentado em uma das mesas do refeitório, Anton organizava algumas partituras. Fazia um bom tempo em que não tocava o violoncelo e sentia muita falta disso.

Com toda essa confusão, da Jiyeon sendo na verdade possessiva, da Harang se declarando e não sendo uma pessoa ruim... o deixava louco. Mas no meio de disso tudo, havia uma coisa que o incomodava mais:

Seu aniversário.

Anton nunca comemorava seus aniversários por um motivo óbvio: a morte de sua mãe. Ele se sentia muito mal quando sorria ou se animava, pois em sua cabeça, ele estaria comemorando o falecimento da mais velha também, e não era isso que ele queria.

A data iria ser no próximo dia, o que já deixava o mesmo deprimido. Mesmo tendo Jay e agora seus amigos para ficar consigo, ele ainda não se sentia bem em "comemorar", tanto que nem se deu o trabalho de falar com eles sobre. O único que sabia disso era Jay.

Anton olhou ao redor e viu Wonbin se aproximar de si. Ele continha um sorriso largo estampado no rosto e aparentava estar animado.

- Hey! - se sentou à frente do garoto. - O que tu 'tá fazendo aqui sozinho?

- Organizando algumas partituras... por que?

- Ah sim. Bom, eu queria te avisar que vai ter um evento aqui no campus onde "nós", do curso de música, podemos nos apresentar! - contou animado. - Daí, eu pensei que seria legal se tu participasse.

- ... Não sei, Wonbin.

- Mas tu já se apresentou antes! - insistiu.

- Sim... mas não aqui! Lá em Boston, eu já 'tava acostumado com o ambiente e já sabia como o público iria reagir, o que de certa forma, me tranquilizava. Agora aqui... não sei. - disse com uma leve tristeza, sentia falta de casa.

- Dúvido que vai ter alguém que não vá gostar de ver tu tocando! - sorriu. - Você é muito talentoso Anton, deveria mostrar esse talento para outras pessoas!

- Vou pensar. - riu.

- Promete?

- Prometo!

(...)

Anton chegou em casa por volta das 18:00 da noite, havia ficado até mais tarde na faculdade. Ele tinha ficado tão concentrado tocando, que se esqueceu do tempo. Se esqueceu de que seu pai poderia ficar bravo.

Assim que passou pela porta, o garoto encontrou seu pai na sala assistindo a TV.

- Chegou tarde... 'tava fazendo o que? - perguntou sem desviar a atenção da programação.

- Eu fiquei até mais tarde na faculdade hoje. - disse baixo.

- Hum. Você sabe que eu não acredito nem um pouco nisso né? - disse olhando pela primeira vez o garoto. - Sei que estava com aquela garota. Não sou burro Anton.

- Mas eu não estava! - disse um pouco mais alto, logo se arrependendo ao ver o olhar de fúria do mais velho.

- Já disse 'pra não gritar comigo! - disse com raiva. - Anda, vai 'pro seu quarto.

- Mas...

- 'Pro seu quarto Anton!

O garoto não disse mais nada, nem foi preciso, o seu olhar melancólico já dizia o que sentia. Anton se trancou em seu quarto e ficou lá até umas 20:00. Saiu apenas para fazer um lamen e voltar para o seu refúgio.

A quanto tempo ele não tinha uma conversa decente com seu pai? Há muito tempo. E Anton sentia falta desse tempo. Sem brigas, sem feridas.

Anton respirou fundo e se deitou. Afinal estava cansado, e queria que a noite e o próximo dia passasse rápido. Mas o sentimento de tristeza ainda o invadia.

"Ele iria esquecer meu aniversário de novo?"

Era uma pergunta que ele queria que fosse respondida.

(...)

Eram 23:50 da noite e Anton não conseguia dormir de jeito nenhum. Saber que daqui dez minutos iria dar meia-noite, o deixava extremamente triste.

Desistindo de tentar dormir, Anton se sentou em sua cama e acendeu o abajur. Suspirou pegando a foto que tinha ali a olhando com carinho. Era uma foto de quando ele tinha cinco anos, ao lado esquerdo tinha seu pai e ao lado direito sua mãe. Sorridente, arrumada... era assim que o garoto lembrava dela. A mulher sempre foi muito alegre, era como uma luz em sua vida. Uma luz que se apagou e nunca mais foi acesa.

Olhou para o relógio novamente que marcava 23:59. Suspirou e fechou os olhos pedindo a qualquer ser superior que seu aniversário fosse menos triste e monótono do que os outros.

Anton sentiu as lágrimas rolarem em seu rosto assim que a meia-noite deu as caras. Deixou a foto onde estava e se deitou novamente em sua cama, fechando os olhos com força, esperando que o tempo passasse rápido.

- Sinto tanta a sua falta, mãe.

As palavras saíram de sua boca como um sussurro, carregadas de dor e saudade. Anton sentia o peso da ausência da mãe em cada canto do quarto. A saudade era como uma sombra, sempre presente, mesmo nos momentos mais alegres.

Ele se virou para o lado, tentando encontrar conforto em seu travesseiro, mas a imagem da mãe não saía de sua mente. Lembrou-se das histórias que ela contava antes de dormir, das risadas que ecoavam pela casa e do jeito como ela sempre o encorajava a seguir seus sonhos, especialmente na música.

Com o coração apertado, Anton decidiu que não poderia deixar essa noite se transformar em mais uma lembrança triste. Se sua mãe estivesse ali, ela certamente faria algo especial para celebrar seu aniversário. Com esse pensamento, ele se levantou novamente e foi até seu violão.

Sentou-se na beira da cama e começou a tocar uma melodia suave, uma canção que ele tinha escrito em homenagem a ela. As notas flutuavam pelo ar, preenchendo o vazio que parecia tão opressivo. A música era um tributo ao amor que ainda sentia e à luz que ela representava em sua vida.

Enquanto tocava, as lágrimas continuavam a escorrer pelo seu rosto, mas agora eram diferentes. Eram lágrimas de saudade misturadas com gratidão por todos os momentos que haviam compartilhado. Ele se lembrou de como a música sempre tinha sido um elo entre eles.

Quando terminou de tocar, Anton sentiu uma leveza no coração. Ele sabia que sua mãe estaria orgulhosa dele, não importa o quão difícil fosse o caminho à sua frente. Com um último olhar para a foto em sua mesa, ele sorriu suavemente.

- Obrigado por tudo, mãe. Vou fazer o meu melhor este ano.

E assim, com uma nova determinação brotando dentro dele, Anton se deitou novamente. O relógio ainda marcava 00:10, mas agora ele se sentia um pouco mais leve. Era hora de enfrentar o novo ano e honrar a memória da mulher que sempre acreditou nele.

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Oioioioi pessoas! Bibia aqui!
Desculpem a demora de atualizar a fic 😭
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★beijos da bibia ❤️

Violoncelista - Anton (RIIZE) HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora