Queria um poema para mimar bêgonias

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begônias secam no meu jardim,
dias atrás, vi pétalas  umbrosas
chorando a última estação,
desde a chuva sabe-se lá quando
o azul do céu ficou mais azul,

não tardou e logo  murcharam,
estavam com a espinhela caída
de um lado a flor despendida
noutro já não mais havia
a cor que antes vibrava
todas as notas áureas de amor
deixaram espaço para o sol
no chão de maio,

o vôo de asas planando
ali discretamente em meu jardim
num descanso que jamais vi
buscava o viço
nas bordas daquela flor

o tremelique de asas
denunciavam
o seu gesto  ali parado no ar
todo prosa
peito estufado, todo acelerado

uma pequena querela
entre o bom alvitre
e a triste constatação,
murcharam as umbrosas,
não havia nela sequer um botão

abotoada estava, ou quase
a julgar pela silhueta,
um ralo ramalhete em tom pastel,
o pranto secou dias antes
daquele gentil cortejo

pobre pássaro...
enfim de asas abanando voou
para o ninho
eu observo toda a cena da varanda
e talvez quem sabe
na próxima floração
tenha mais cuidado
e não veja mais aquele....
extravazio de asas.

Fragmentos do agora: poemas da vida cotidianaOnde histórias criam vida. Descubra agora