𝕋𝕙𝕖 𝔻𝕣𝕒𝕘𝕠𝕟'𝕤 𝕋𝕠𝕨𝕖𝕣

𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟖: 𝐁𝐫𝐚𝐬𝐚𝐬

 

  
   Quando encontrou Rhaenyra ali, ajoelhada diante centenas de velas, seu coração se desmanchou de uma forma tão dolorosa quanto doce.

  Se abriu para ela. Contou o que pensava no âmago de sua mente. Poderia estar parecendo uma boba, mas estava se mostrando para alguém que realmente amava e esperava a ajudar.

  As coisas poderiam parecer bem, ótimas e felizes. Poderia parecer que muito tempo já havia passado. Mas não. Rhaenyra ainda sofria todos os dias com a partida de sua mãe e seu irmão.

  Alicent jamais poderia lhe fazer mais feliz do que o quanto a fazia. Mas algo dentro de si ainda não estava certo. E talvez nunca voltasse a ser.

  Eram partes dela. Partes que se foram e jamais retornariam.

  O que lhe restava era aceitar. E agora Alicent lhe mostrava como também lidava com a falta de suas próprias partes.

   Rhaenyra se esforçava para não cair em lágrimas e tudo que lhe restava era se manter ao seu lado.

- Quero que ele me veja como mais do que a menininha dele. - Confessou.

- Meu próprio pai não conhece a linguagem das garotas também. - Confessou também a ruiva, com desgosto em relembrar de certas coisas.

  Pode ver Rhaenyra deixar escapar um sorriso genuíno.

  A luz das velas eram refletidas por seus olhos violetas aguados. Aquilo era a visão mais próxima que Alicent poderia imaginar de uma divindade.

- Obrigada.

  Rhaenyra sussurrou em meio a sorriso enquanto acariciavam as mãos uma da outra.

  Pelos Deuses, não me deixem perder essa garota. Alicent quase disse para si mesma em voz alta enquanto más ideias passavam por sua cabeça.

  Agora que finalmente entendiam o que sentiam, não podia deixar que nada estragasse isso. Mas seus pressentimentos não eram bons.

  Naquele momento, quis rezar para que os Deuses iluminassem a mente daqueles homens para que tomassem boas decisões e deixassem a ela e sua Rhaenyra.

  Por uma única vez em minha vida, me deixem ter o que eu quero.

  

****

  Sob a luz do luar, Alicent, em seu luxuoso vestido de seda refletindo o brilho dos atros, caminhava pelo jardim. Andava ansiosamente de um lado ao outro, machucando seus próprios dedos inquietos em temor.
 
  Eu não deveria estar aqui. Mas tinha que estar.

  Sem nenhuma animação, se deparou de repente com uma sombra se aproximando.
  Viserys vinha sorridente em sua direção. Ele parecia realmente apreciar a companhia da garota, mas nem de longe era recíproco.

- Boa noite, vossa Majestade. - Fez uma reverência em respeito.

- É bom vê-la.

- É bom vê-lo também, Majestade.

   Respondeu Alicent, olhando de soslaio para uma sacada que ficava de frente para o jardim. Estava escuro, mas não o suficiente para que isso a impedisse de perceber a sombra os observando dali. A tal qual se movimentou e a garota pode entender como uma confirmação com sua cabeça.

- Viserys, por favor. - O homem falou sorridente enquanto colocava sua mão sobre o ombro dela.

  O toque chamou sua atenção de volta para o Rei.