Problems

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Ao entrar no escritório de S/n, meu coração estava em um verdadeiro turbilhão. Eu me sentia como se estivesse pisando em um campo minado, a cada passo me aproximando de uma explosão emocional. S/n, sentada em sua cadeira imponente, mordia os lábios, um hábito que conhecia bem e que sempre indicava alguma ponderação intensa de sua parte.

Mal tive tempo de processar a tensão no ar antes que a pergunta de S/n me atingisse em cheio.

— Por que sua ex-noiva é sua secretária? — perguntou ela, sem rodeios.

Não era apenas a pergunta. Era também o olhar perscrutador de S/n que me fazia sentir como se estivesse sendo esfolada viva. Tentando controlar a explosão de emoções que ameaçava tomar conta de mim, respirei fundo e comecei a falar, as palavras lutando para atravessar o nó na minha garganta.

— S/n, a Lauren me largou no altar. Ela me destruiu. Mesmo eu não amando ela, fiquei abismada com aquilo. Este final de semana, levei minha irmã à praia e ela apareceu, debochando da minha cara. Você acha mesmo que quero causar algo a você?

Os olhos de S/n não desviaram dos meus nem por um segundo. A intensidade do olhar dela fez cada célula do meu corpo lutar para manter a compostura. Quando S/n se levantou e veio até mim, senti a força da presença dela, como se fosse eletricidade no ar.

— Ela te fez mal? — perguntou S/n com um tom quase perigoso.

— Sim, idiota — respondi impulsivamente, minha voz traindo a vulnerabilidade que sentia.

— Não me chame de idiota. — A réplica de S/n veio acompanhada de um gesto surpreendente; ela segurou minha nuca, entrelaçando os dedos pelos meus cabelos. Prendi a respiração, sentindo-me mais vulnerável e exposta do que nunca.

— Eu não posso mandar a Lauren embora — disse S/n, sua voz firme mas desafiadora.

Fiquei incrédula. Como podia alguém ser tão indiferente à minha dor?

— Você manda um monte de gente embora todos os dias! — rebato, indignada.

— Com razão, Camila! Não posso simplesmente chegar e falar "está fora".

— Você pode, por favor, S/n! — implorei, sentindo a desesperança começar a tomar conta.

S/n suspirou e, de repente, um sorriso maquiavélico apareceu em seus lábios.

— Não. Tenho uma ideia melhor. Vamos dar à Lauren o que ela quer e, depois, tirar tudo dela. Do jeitinho que eu sempre faço. Confie em mim, Camila. Eu sou S/n Twing, não qualquer uma.

Meu coração acelerou. A proposta de S/n parecia mesquinha e perigosa, mas ao mesmo tempo, a confiança dela era quase intoxicante. Por um momento, fui atraída pela tentação de beijar S/n, de me render à audácia daquela mulher.

Antes que pudesse agir conforme meus impulsos, a porta se abriu abruptamente nos fazendo separar sem que ficássemos suspeitas, e Dinah entrou, carregando uma pilha de papéis, desfazendo a tensão.

— Quero uma lista com todos os nomes, Dinah — ordenou S/n. — Não quero que Camila peça nada para Lauren. Faça ela sofrer um pouco por enquanto.

Dinah confirmou de maneira tão firme que parecia quase um soldado recebendo ordens.

— Sim, senhora. Vamos almoçar juntas? Quero expressar meu ódio por essa Lauren idiota.

Lancei um último olhar para S/n. Havia tanto a ser dito, tanto a ser compreendido. O sorriso confiante dela sugeria que tinha planos que mal conseguia adivinhar, mas tudo o que sabia era que precisava estar preparada para enfrentar o que viesse a seguir. Respirando fundo, decidi que por mais controverso que fosse, confiaria em S/n – pelo menos por enquanto.

ALABI - cc/youOnde histórias criam vida. Descubra agora