Capítulo 3 - Uma canção bem melhor!

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~Faye narrando~

Meus dias pareciam durar 30 ou 40 horas... sempre muito do que ver, fazer, postar, aprovar, sorrir, gravar, fotografar, cortar, cantar, dançar, desfilar... e eu nem se quer me lembro de quando não foi assim... mas eu também não gostaria que fosse diferente, aliás, eu lutei muito por isso!

Pouco antes do meu contrato com o canal 7 encerrar, recebi uma proposta para protagonizar uma série sáfica. Era diferente de tudo que já tinha feito, e além de finalmente receber meu primeiro papel como protagonista, ainda poderia beijar lindas mulheres...bom... não tenho do que reclamar!

Tenho alternado meu tempo entre meu salão, o workshop para a série e os trabalhos de modelo que vinham crescendo... meu pouco tempo livre é investido nas festinhas e privês que meus amigos adoram me convidar e, claro, eu adoro comparecer. Em compensação, a minha vida amorosa é inexistente... meus relacionamentos sempre tinham o mesmo fim, ninguém sustentava uma mulher do meu tamanho, literalmente... eram sempre os mesmos argumentos... que iam desde a minha agenda cheia até o fato de eu ser muito carinhosa com todos... quer saber, eu amo e respeito cada homem e mulher que passou na minha vida, mas... nenhum deles me fez ter vontade de parar no tempo, de parar o tempo... e honestamente, não acho que essa pessoa exista agora. E olha... depois de conversar com Engfa sobre tudo o que ela e Char vinham enfrentando, eu tive mais certeza de que as coisas estão bem como estão.

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Tentei avançar os passos calmamente para que ela deixasse me aproximar, mas quanto mais andava em sua direção, mas ela ameaçava fugir... então apenas parei onde estava e falei qualquer bobagem que a fizesse acreditar que tudo estava bem agora, que eu não faria mal algum a ela.

A garota olhou no fundo dos meus olhos enquanto suas lágrimas caiam sem controle, naquele instante senti uma dor profunda que me arrepiou a espinha, mas sem dizer uma única palavra, ela colocou seu capuz e correu dali... achei que naquele instante era melhor deixa-la ir, mas existe algo sobre mim que ela tinha que saber... eu não sei ficar quieta quando algo me incomoda.

Respirei fundo sentindo toda a raiva do presidente P'Paiboon e sua péssima atitude me consumir, eu não fazia o tipo descontrolada, mas também não era uma mulher de silêncio. Voltei para o interior da agência buscando a sala de P'Teresa, bati calmamente na porta e a mulher sinalizou para que entrasse logo que viu meu rosto através do vidro.

- Do que você precisa, meu bem? (disse levantando-se com seu grande sorriso de sempre e vindo em minha direção) Conheço essa sua expressão, o que está te incomodando? (completou ao me encontrar no meio de sua sala e me fitar curiosa)

- Faz um tempo que encontrei, por acaso, uma sala no andar de baixo com quatro pessoas nela, uma delas é aquela garota que vocês acabaram de humilhar... essas pessoas trabalham para vocês? (busquei calma em meu tom de voz para que Teresa se sentisse segura em me contar a verdade.)

- Ah... eles?! (indagou entre uma falsa e alta gargalha debochada) Sim, eles trabalham para nós, quer dizer, eles apenas nos ajudam a cumprir prazos, digamos assim...

- Se trabalham aqui, porque estão naquele lugar? Separados de todos e tratados como se fossem diferentes... (engoli a seco buscando o controle necessário para receber as informações que precisava)

- Ahhh minha querida Malisorn... as pessoas as vezes sonham alto demais... você sabe, trabalhamos com sonhos e desejos... aqueles quatro, bom... são apenas estrangeiros que chegam em nosso país querendo ocupar espaços que não os pertencem... a equipe precisava de reforço e então deram a ideia a Paiboon de contrata-los. Veja vem... eles cobram mais barato e até entregam um bom trabalho, mas... não possuem modos ou sequer cultura para conviver com o restante e, não nos entenda mal, nós temos estrangeiros aqui em cima conosco, mas aqueles... aqueles nem sequer falam a nossa língua, dá para acreditar?!

Invisível - o amor que viu em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora