Capítulo 1

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Deixe-o voar na brisa

E ficar preso nas árvores

Dê um lar para as pulgas em meu cabelo

Um lar para as pulgas

Uma colméia para as abelhas

Um ninho para os pássaros

Não há palavras

Para a beleza, o esplendor, a maravilha

Do meu...

– Hair: The American Tribal Love-Rock Musical

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Dia, de novo. Era sexta-feira.

Nesta estação - alta primavera - havia luz suficiente entrando pela janela ao lado da cama de Severus, mesmo às seis e meia, para que ele pudesse se ver no espelho enquanto enfiava os botões na linha de buracos.

O rosto em seu reflexo era o rosto que ele esperava ver, mas ainda assim sempre o pegava um pouco de surpresa ultimamente.

Severus não sabia por quê. Seu rosto tinha os mesmos olhos escuros e a mesma estrutura óssea de sempre. Mas, por alguma razão, Severus frequentemente tinha a impressão de que o homem que via no espelho deveria saber algo que ele não sabia.

Talvez fosse a evidência da idade. Severus já tinha visto a parte final dos quarenta anos, apesar do fato de que nunca esperara viver durante a guerra.

Ou talvez fosse o cabelo que pendia em uma cortina densa e levemente emaranhada de cada lado de seu rosto. Essa certamente tinha sido uma característica constante de sua vida adulta, mas estava pior agora - mais ralo, mais oleoso - do que jamais estivera durante seus anos de ensino em Hogwarts. Afinal, ele agora passava a maior parte de suas horas profissionais debruçado sobre caldeirões fumegantes.

E era o último dia da semana de trabalho, o que significava que seu cabelo estava pior do que nunca. Ele passou um pente pelos fios pesados ​​até que os dentes não prendessem e amarrou a bagunça oleosa para não ter que se preocupar com isso por horas.

Ele estava pronto para o trabalho. Ele desceu as escadas novamente, pegou uma pitada de pó de Flu que estava em cima da lareira e calmamente disse seu destino. Afastando uma mecha de cabelo que havia caído em sua testa, ele entrou na onda de chamas verdes.

.

Havia algo errado com Harry Potter.

— Há mais de três metros quadrados de espaço vazio neste elevador, Sr. Potter. Se você estiver se sentindo tonto, fique à vontade para se deitar.

— O que? — Potter gaguejou, balançando ligeiramente.

Severus ergueu uma sobrancelha e segurou-a. O elevador continuou descendo até as entranhas do Ministério da Magia, em direção ao Departamento de Execução das Leis da Magia e ao laboratório particular de P&D de Severus.

O olhar estranhamente vidrado de Potter desviou-se do lado da cabeça de Severus para finalmente pousar nos olhos de Severus.

O jovem em questão deu um pulo.

— Er, olá, Snape — ele disse fracamente, um rubor subindo em suas bochechas. — Lá... havia uma mosca.

Severus lançou um olhar expressivo para cima. Havia alguns memorandos flutuando acima de suas cabeças, mas nenhum tipo de inseto.

Se Potter ainda estivesse olhando nos olhos dele, Severus poderia ter arriscado roçar sua mente na do outro homem, mesmo que levemente. Ele já havia feito isso algumas vezes antes, quando Potter agiu de maneira estranha, mas com a recompensa de apenas captar fragmentos de pensamentos que pouco significavam para Severus. Dias da semana, adjetivos estranhos como "perolado" e "grumoso" e, uma vez, a frase cortada: "Oh, Deus, ele está olhando, não devo pensar nisso, não devo tocar...".

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