Tears Perchance For Blood - II

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Está muito quente quando Jiang Cheng acorda e há cheiro de comida no ar, mas ele sequer se move, temendo que seja retirado do seu alcance assim que ele manifestar interesse. 

Ainda é possível sentir o cheiro de sangue seco, de suor e de sexo. O vento bate as janelas e fora presença do demônio, ele não sente mais nenhuma por ali. 

Pode-se dizer que é a primeira vez desde a sua queda que Jiang Cheng sentiu algo próximo de paz. 

O demônio está murmurando uma canção, sentado perto do fogo que ele acendeu para o desmaiado Jiang dianxia. 

Ele não é o tipo que mima seus amantes, mas esse não é seu amante e nem uma prostituta de bordel. É alguém que, sem saber, salvou sua vida e compartilhou sua energia vital em um momento crítico. 

Por isso, ele caçou um coelho ao redor da casa e acendeu um fogo na velha lareira cheia de teias de aranha. Até onde Lan Xichen conhece a história, ele pode dizer que os céus são muitas vezes mais cruéis que o inferno. 

Seus olhos vagam pelo casebre e param sobre a beleza fingindo estar adormecida. Seu corpo inteiro se sente muito melhor depois de tudo, mesmo que não esteja completamente curado. 

De fato, para que sua doença estivesse curada, ele teria de devorar a própria alma do deus. E isso seria a morte para ambos. 

Ah. 

“Levanta-se e coma.” Então, ocorre a ele, alguns segundos depois, que talvez seja difícil se levantar. Todas as partes visíveis do corpo alheio estão cobertas de sangue seco ou dos chupões e sêmen de Lan Xichen. “Que chateação.” 

Puxa um pedaço da carne, coloca sobre um caco de tijolo e o empurra para perto de Jiang Cheng. 

Com a mesma pressa de um animal, seus dedos até prendendo no enorme cabelo, Jiang Cheng, outrora um homem de nobreza sem igual, agarra o pedaço quente de carne e a devora. 

Em algum momentos, ele até choraminga baixinho por como está queimando os dedos e a língua. 

Lan Xichen o observa sob a luz do sol que entra, junto com a neve, pelos buracos no telhado. Está sujo, mas não é inútil. 

“Dianxia.” Chama, sua voz está cheia de riso pelo espetáculo de ver um deus cair tão fundo. “Beba água e venha me examinar, estou confiando nos benefícios do tratamento de ontem a noite.” 

Jiang Cheng não sabe se isso é escárnio, se ele está falando sério ou se realmente vai poder beber água, então ele fica calado. 

“Realmente, uma coisa tão cega é um incômodo.” Em dois passos, Lan Xichen está se agachando na frente dele e levando a garrafa com água a sua boca, as unhas arranhando na bochecha e a força que a água é derramada fazendo com que Jiang Cheng sinta que está se afogando no seco. “Beba de uma vez.”

Sufocado, após alguns goles, ele se afasta. “Dói, ainda dói.” 

Como ele teria as forças para explicar que após tantos anos, ele ainda é capaz de sentir tanta dor? A mordida em seu ombro está aberta, pulsando, seu rosto está arranhado, comer e até respirar, tudo dói. 

Isso porque Jiang Cheng ainda não processou a dor moral de ter um demônio com a boca pendurada em sua parte íntima, sugando até que ele não tivesse mais coisa alguma para oferecer. E pior, ele sentiu prazer nessa situação humilhante. 

“Foram apenas arranhões, se apresse e me examine.” 

Após se exaurir por ver Jiang dianxia tatear o ar por meio segundo, ele agarra seu pulso, dessa vez tomando cuidado com as unhas e posiciona a mão de Jiang Cheng ao redor do seu próprio pulso. 

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