𝗠𝗘𝗨 𝗣𝗔𝗦𝗦𝗔𝗗𝗢 𝗜𝗡𝗙𝗘𝗟𝗜𝗭 - ᴶᵘˡⁱᶻʰᵃᵖᵖʸ

𝟎𝟎𝟏 | 𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐎𝐍𝐄

                                           Katherine, 2016.

               ❝ Eu estava triste, mas dizia:
                                             É o cansaço ❞

Acordei em mais uma manhã, era segunda feira, o pior dia da semana!

A merda do despertador encoou em meus ouvidos, tentei pressionar meu travesseiro contra minhas orelhas para evitar o som, porém nada o tirava da minha mente.

Me levantei, com todo o ódio no coração por estar levando logo cedo numa segunda. Peguei meu pequeno relógio de pulso no meu criado-mudo, onde o ponteiro marcava exatas 06:30 da AM, momento em que eu deveria comparecer à minha aula matutina, agendada para as 07:30. Ergui-me com preguiça, sentindo meus pés tocarem o piso frio, caminhei ainda envolta em um leve torpor até o meu suntuoso banheiro. Assim que adentrei aquele recinto, deparei-me com minha imagem refletida no espelho, revelando uma aparência desgastada e exausta. Minhas orelhas estavam ainda mais destacadas, meus olhos pesados, meus cabelos danificados e impossíveis de serem domados. Suspirei profundamente, ansiando pelo doce prazer de poder dormir até tarde. Ingressei no Box com água gélida, e finalmente meus olhos foram se abrindo plenamente.

Aquela água me despertou um pouco, assim que sai do chuveiro peguei meu uniforme que já havia deixado em cima de um pequeno armário. Era apenas uma saia xadrez azul, que depois de uma lavagem na máquina encurtou. Uma camisa social branca, estava frio lá fora, então optei por colocar um moletom vermelho também.

Eu tinha que ocultar aquelas marcas em meu semblante, então recorri a uma pitada de magia cosmética, aplicando com maestria corretivo, pó, pincel e um delicado batom. Não poderia permitir que meu verdadeiro eu fosse exposto naquele colégio, seria apenas mais um estopim para a crueldade dos valentões. Calcei meus clássicos tênis All Star pretos nos pés, e por baixo deles, uma meia-calça ligeiramente mais clara que minha própria pele. Quanto aos meus cabelos, devastados e rebeldes, decidi não desperdiçar meu tempo tentando domá-los. Simplesmente prendi-os em um rabo-de-cabavelo, deixando algumas mechas rebeldes dançarem livremente. Por fim, desci até a cozinha, onde mamãe já travava uma batalha verbal com Levi, meu irmão mais novo.

— não ouse me desobedecer! — mamãe lhe apontava o dedo. — Mas mãe, todos os meus amigos vão para o passeio escolar.

— Você não é todo mundo! E este assunto acaba aqui, vem, suas panquecas estão prontas. — Levi ainda vermelho de raiva se sentou a mesa, e eu fiz o mesmo.

— Bom dia, minha filha. — mamãe me cumprimentou tentando arrumar a bagunça do café da manhã.

Ela sempre foi assim, desajeitada.

— Bom.

Não me intrometi na conversa dos três a mesa, mamãe e papai estavam muito felizes falando de coisas inútil ao meu ponto de vista. Apenas comi em silêncio, pensando em mil coisas diferentes.

— Katherine, as panquecas não estão ao seu gosto? — Mamãe perguntou com cautela.

— não é isso, está maravilhosa!

— então desembucha logo, você batendo nesse prato está me dando nos nervos! — olhei em seus olhos.

— hoje eu tenho uma prova, talvez a pior! O conselho quer testar nossos conhecimentos no ano letivo. — Resmunguei voltando minha atenção para o prato.

— Você aprendeu alguma coisa no ano letivo?

— Claro, eu não sou tao burra quanto você pensa. — derrubei o garfo no prato, causando um barulho. — não estou lhe chamando de burra! Só quero saber, vai que você não aprendeu nada, aí seu irmão se inspire em você e tire notas altas.