𝟎𝟎𝟑 | 𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐑𝐄𝐄

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                                           Katherine, 2016.

       ❝ O coração, seu pudesse pensar,
                          pararia.❞

— meu Deus, tudo isso aconteceu. — Penélope me olhou angustiada. — eu sabia que não era pra te deixar voltar pra casa sozinha.

— Calma Penélope, deu tudo certo. Hector estava lá, e eu já estou.

— não, Katherine, eu vou me culpar pelo resto da vida. Eu poderia ter feito algo.

A garota estava a prantos de chorar.

— ei, calma, você não teve culpa de nada! Eu estou bem, olha. — seus olhos começaram a se enxer de lágrimas

— Eu não vou deixar ninguém tocar em mim, nunca mais.

Aquele momento eu queria chorar.

Passamos as duas primeiras aulas com Penélope ensimesmada, perdida em seus pensamentos. Seus olhos refletiam culpa, embora ela não tivesse qualquer responsabilidade na situação.

Hoje pela manhã, no noticiário matutino, veicularam uma reportagem sobre aquele indivíduo repugnante de ontem, encontrado sem vida com um disparo no peito. Nenhuma testemunha...

Após esse acontecimento, minha mãe, lamentavelmente, vi-me obrigado a presenciá-la chorando à beira da calçada, ela parecia tão abatida. Detesto vê-la assim, pois sempre termina dessa mesma maneira...

— senhorita Sofie, esta prestando atenção? — me assustei com o professor na mesa de Penélope.

— Desculpe professor, me perdi em pensamentos....

— pois se perca na sala da direção, aqui é aula de matemática!

Filho da puta.

Penélope se levantou com a cabeça baixa da sua carteira e saiu de sala. Com certeza o professor não me deixaria sair.

Peste bumbonica.

Permaneci absorta durante o restante da aula, mergulhado em pensamentos acerca de Penélope e o que poderia tê-la afligido.

Assim que o sinal soou, minha primeira ação foi apressar-me até a área externa, os corredores congestionados obstruíam meu caminho, e lá estava a diretora também, indicando que Penélope não se encontrava na direção.

Dirigi-me ao amplo gramado ao ar livre, onde a maioria dos jovens passava seus breves intervalos. Não a avistei na área frontal, então decidi contornar, e lá estava ela...

Sentada no solo, recostada em uma árvore, com a cabeça baixa. Aproximei-me rapidamente, porém, mesmo quando me aproximei dela, não teve coragem de encarar meus olhos.

Ela estava se culpando por algo que não havia provocado.

— Sofie... — eu sei que ela odeia que eu a chame assim.

— não me chame assim.

— ei, meu amor. Não chore, eu não vou aguentar e vou acabar desabando junto a você.

Penélope me olhou e eu passei a mão sobre seu rosto, minha mão saiu molhada com suas lágrimas.

— eu sou uma idiota, poderia ter te ajudado.

— ei, não. Eu que fui idiota de não ter aceitado a sua carona.

Juntei-me a ela no gélido gramado, em um dia que parecia desprovido de cores, envolto em nuvens. Seus olhos estavam enrubescidos, testemunhas de lágrimas derramadas em profusão.

𝗠𝗘𝗨 𝗣𝗔𝗦𝗦𝗔𝗗𝗢 𝗜𝗡𝗙𝗘𝗟𝗜𝗭 - ᴶᵘˡⁱᶻʰᵃᵖᵖʸOnde histórias criam vida. Descubra agora