just hate you - chan's vesion

8 0 0
                                    

Acrdei com um barulho às 5:30 AM, parecia vir da parte mais afastada da casa, onde ficavam os quartos dos criados, porém do lado de fora, não era um barulho de dentro da casa.

Me levantei devagar para não acordar Yumi e fui para fora da casa, me encostei no carro e esperei para ver se alguém aparecia, até que saindo da rua de trás da casa Melissa apareceu caminhando.

- Bom dia. - Disse surpreso ao vê-la.

- Você me assustou. - Ela disse. Eu realmente estava bastante surpreso. Ela falou comigo pela primeira vez em um ano. Algo dentro de mim se alegrou ao ouvir a voz dela.

- Você fala, bom saber. - Fingi que ouvi-la não teve o efeito que teve. Ela ficou em silêncio novamente, mas eu queria a ouvir novamente. - Aparentemente três palavras é o seu limite. - Sorri tentando quebrar o gelo.

Ela riu. O sorriso dela é lindo. Ela fica tão bonita quando sorri, não parece a garota fria que me detesta, eu queria poder abraçá-la.

- Também sabe rir, isso é melhor ainda. - Disse feliz, mas havia algo que eu precisava tentar naquele momento, então me coloquei o mais sério que pude. - Sabe me responder o porquê me odeia?

- Eu preciso ir, ainda não terminei minha corrida. - Ela se limitou a dizer e começou a correr, então, eu me desencostei do carro e a acompenhei. - O que está fazendo? - Ela parecia confusa.

- Aproveitando minha sorte e a maior interação que já tivemos em um ano. - Ela pareceu acelerar e eu a acompanhei.

Ela me olhava sem dizer uma palavra, parecia me scanear com os olhos, como se planejasse gravar cada detalhe e eu aproveitei para fazer o mesmo.

Melissa era uma garota muito linda, era esguia, alta, a pele clara, mas em um tom mais oliva, os olhos eram de um marrom profundo, tinha cílios discretos, mas que lhe conferiam uma doçura no olhar indescritível, o nariz era pequeno e estava avermelhado pelo frio, assim como as bochechas magras, senti vontade de tocá-las. Parei para reparar em seus lábios bonitos que estavam um pouco presos entre o dentes. Por que ele mordia o labio inferior?

Acompanhei seu olhar e entendi para onde ela olhava agora. Isso não deveria me deixar tão feliz, mas ela encarava a minha boca com um olhar desejoso. Eu sorri. Queria beijá-la. Eu não deveria querer isso, mas não pude evitar o pensamento. Ela mexe um pouco comigo, como ninguém jamais fez. Mesmo sem falar uma palavra comigo, desde a primeira vez que a vi fiquei desconcertado com ela, apesar de ter uma aura triste, ela parecia gentil e era tão encantadora.

Ela esbarra em meu ombro, me retirando de mes pensamentos. Ainda sorrio quando paramos de correr.

- Desculpe. - Ela disse sem graça.

- Seus olhos ficam bonitos nesse tipo de transe. - Falei espontaneamente, olhando-a enquanto ela olhava para o outro lado. - Aliás, eu também gostei da sua boca. - Falei novamente sem perceber, mas quando percebi o qu havia dito era tarde demais. Foi a fala mais cafajeste de toda a minha vida. Eu não sou assim com ninguém, mas ela me desconcerta de forma que eu haja sem pensar.

Quando eu estava prestes a me desculpar pelo que havia dito, ela estende a mão e toca meu rosto.

Aquele toque eletrizou todo o meu corpo, a pele do meu rosto contra a palma de sua mão gelada. Ela me olhava como se sem acreditar na realidade. Porém, antes que eu dissesse qualquer coisa ela se afastou e saiu correndo bem rápido.

Eu a observei se afastar, ainda sentindo seu toque em meu rosto. A acompanhei mais de longe.

Ela entrou a Universidade, a vi pegando roupas e entrando no vestiário, estava tomando banho. Me encostei na pilastra e a esperei. Precisava falar com ela, perguntar o porquê do ódio, do desprezo, dos olhares e do toque.

- Como sabia que era eu uem estava ali? - Ela perguntou assim que seu olhar me alcançou.

- Hoje é sábado, só estamos eu e você aqui dentro, fora os zeladores, que estão na sala da limpeza. - Disse, me lembrando do caminho que percorri o entrar. - Vai me responder?

- Eu só não gosto de você. Nem todo mundo tem que gostar de você, Sr. Perfeito. Eu apenas... te odeio. - Ela falou de uma só vez, hesitando apenas no final e então saiu, me deixando sozinho no corredor.

Aquelas palavras doeram, mas aparentemente não doeram apenas em mim, já que ela parecia bem triste ao dizê-las, em vez de estar com ódio ou aliviada por dizê-las.

Lentamente, sai do transe em que eu me encontrava e andei pelo campus a fora rumo a caso de Yumi, mas minha cabeça continuava nas expressões dela, no jeito que ela me olhou, analisando meu rosto por completo, na leveza de seu toque e na tristeza daquela fala. Claro que eu estava chateado por ouvir aquilo, mas o que me chateava mais era não entender o porquê de ela dizer aquilo e o porquê de eu estar tão incomodado com ela não gostar de mim.

Chegando a casa de Yumi, entrei devagarinho no quarto dela. Ela ainda dormia, então me deitei ao seu lado, as imagens voltando a minha mente até que eu adormecesse.

Sonhei com ela, sonhei com Melissa. Sonhei com seu sorriso doce, seus olhos meigos e gentis. Ela me olhava da forma que me olhou na rua mais cedo, seus olhos se aproximavam, suas mãos tocavam meu rosto, delicadas e carinhosas, seus olhos se fecharam. Ela me beijou.

- Me... - Comecei a dizer até que ouvi a voz de Yumi me chamar - Me... - Disse novamente acordando do sonho.

- Me? - Yumi parecia brava.

- Meu amor, o que foi? - Tentei disfarçar.

- Você estava falando "Me" dormindo. - Ela parece ter se acalmado. Foi por bem pouco que não falei o nome de Melissa.

- Não era nada, não me lembro o que estava sonhando. - Eu me lembrava sim.

Eu me lembrava tão bem que parecia ter sido algo que aconteceu. Era uma lembrança vívida, que faz meu coração disparar e minhas mãos soarem frio.

my fated oneOnde histórias criam vida. Descubra agora