just hate you

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Sempre que Chan dorme na casa de Seo Joon, eu preciso esperar até que ele saia para que eu possa sair do quarto, afinal fico trancada lá até que Chang Bin me detranque, porque se fosse por Yumi eu não sairia nunca mais.

Porém hoje eu não queria ficar esperando então fiz um caminho que eu conhecia bem, pulei a janela de meu quarto no segundo andar e desci pela planta que estava fixa na parede da casa, era uma ótima escada na falta de uma escada real.

Sinto o ar frio da manhã em minha pele clara, que estava vermelha pelo brisa gelada da manhã. Respiro bem fundo, uma, duas, três vezes e me retiro do gramado da família Seo, indo para a calçada me aquecer para iniciar minha corrida.

São cinco e meia da manhã, as ruas ainda estão vazias e o dia ainda não clarou, mas tem uma pessoa encostada em um carro bem de frente para a casa imponente da qual acabei de sair. Eu sou bem azarada, mesmo, quem pode ser o maluco acordado a uma hora dessas.

- Bom dia. - Diz Chris assim que eu me aproximo.

- Você me assutou. - Disse fixando meu olhar na entrada da casa para onde ele estava virado.

- Você fala, bom saber. - Ele me olhava fixamente.

Eu assenti em silêncio.

- Aparentemente três palavras é seu limite. - Ele sorri e não consigo evitar a risada sem graça.

- Também sabe rir, isso é melhor ainda. - Ele sorria, mas ficou sério de repente. - Sabe me responder o porque me odeia?

- Eu preciso ir ainda não terminei minha corrida. - Comecei a sair quando ele se desencostou do carro e correu ao meu lado. - O que você está fazendo?

- Aproveitando minha sorte e a maior interação que já tivemos em um ano. - Eu tentei correr mais, porém ele é um bom corredor. Aliás, ele é bom em tudo o que faz e, nesse momento, está lindo com a cara de sono e o cabelo bagnçado.

Eu o encaro em silêncio e ele faz o mesmo, aprecio cada detalhe do rosto dele, os olhos pequenos e escuros, os cabelos levemente cacheados de forma desgrenhada, que nele ficam completamente atraentes, o nariz e as bochechas rosados pelo vento cortante da manhã, a boca carnuda e com um aspecto muito macio, gostaria de tocá-la. Sem perceber estava mais perto dele, olhava incessantemente para sua boca, acho que por tempo demais, afinal ele deu um sorriso de canto. Ele reparou, droga! Esbarrei em seu ombro.

- Desculpe. - Disse olhando para frente e me concentrando na estrada.

- Seus olhos ficam bonitos quando entra nesse tipo de transe. - Ele diz ainda me olhando e eu me esforço muito para não olhá-lo mais uma vez. - Aliás, eu também gostei da sua boca.

Parei instantaneamente, congelei. Ele disse o que eu ouvi? Não, eu estou delirando, não, não, não, isso não é real. Eu devo estar sonhando. Estendi a mão, minha mão tocou o rosto de Chan, ele realmente estava ali.

Olhei seu rosto apoiado em minha mão. Retirei a mão o quanto antes e saí correndo o mais rápido que podia. Ele me seguiu e tentei correr ainda mais rapido, eu sabia que ele poderia me alcançar se quisesse, mas eu tinha a impressão de que ele não iria.

Após algumas quadras, meus pulmões gritavam para que eu parasse. Eu estava no campus da Universidade, que estava aberta, então entrei e fui até o meu armário e peguei uma peça de roupas extra que sempre fica ali para caso algo aconteça às minhas roupas, experiência que Yumi já me fez passar ao me jogar o suco que tomava.

Me dirigi ao vestiário e entrei debaixo do chuveiro. A água estava quente sobre minha pele gelada e eu aproveitei cada segundo do banho ignorando que haviam pessoas na instituição pelo barulho do lado de fora.

- Que não seja ele, que não seja ele, que não seja ele... -  Implorei baixinnho, apenas para eu ouvir.

Terminei meu banho sem pressa e me vesti. Assim que saí do banheiro o vi parado do lado de fora do vestiário.

- Como sabia que era eu quem estava aqui? - Olhei para ele incrédula.

- Hoje é sábado, só estamos eu e você aqui dentro, fora os zeladores, que estão na sala da limpeza. - Eu não acreditei na minha burrice, hoje era sábado eu corri para o único lugar que me lembrei, exatamente um lugar vazio, eu teria que o encarar.

Engoli em seco.

- Vai me responder? - Ele se aproximou.

- Eu só não gosto de você. Nem todo mundo tem que gostar de você, Sr. Perfeito. Eu apenas... te odeio. - As últimas palavras foram dolorosas de dizer, mas sairam.

Sai em direção ao meu armário, coloquei minha roupa de corrida lá dentro e andei pelo campus sem olhar pra trás, não queria magoá-lo, mas não quero me apaixonar e me machucar como a minha mãe e também não quero me envolver com ele como o meu genitor fez com a minha mãe.

Entrei na biblioteca, escolhi uma sessão aleatória e me sentei no chão ao lado da janela de vidro que ia do chão ao teto, olhei ele se afastar do campus, parecia realmente chateado com o que acabou de ouvir.

Lamento que nossa única interação tenha sido assim, mas aquilo precisava de um ponto final. Ele precisava parar de tentar conversar comigo e eu precisava tirar ele da minha cabeça de uma vez por todas.

Após um tempo de ele ter saído retornei ao meu armário, peguei uma ecobag que eu havia deixado ali e um caderninho que eu não confiava de deixar em casa, porque jamais confiei em ninguém ali e a senha do meu armário só eu sabia.

Retornei ao local em que estava sentada obeservando-o sair. Sentei-me de olhos fechados e me concentrei ao máximo da visão que eu tive de seu rosto sorridente e surpreso com o toque da minha mão, coloquei aquela imagem no papel.

"Ele é realmente especial, não sei exatamente o porquê, mas ele é. Seu olhar me cativa por mais que eu o tente evitar, sua pele é macia e aveludada, tenho vontade de morar nas covinhas de seu sorriso e na ternura de seu olhar. Como alguém pode parecer tão certo e tão errado ao mesmo tempo? Ele definitivamente é perfeito, mas não para mim. Ele já tem alguém e agora pensa que eu o odeio, mas é melhor assim. Ninguém mais sairá ferido dessa história."

Assim que termnei de escrever e de detalhar o desenho, fechei o caderninho e o voltei para o fundo do meu armário, atrás de meus livros.

Voltei para casa sentindo o vento e ouvindo a música Remedy (Adele). Eu gostaria que ele fosse o remédio para o vazio em mim, mas ele é o remédio da Yumi e eu sou irmã dela, não posso a apunhalar dessa forma.

my fated oneOnde histórias criam vida. Descubra agora