Capítulo 2 - Carta ao amor

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  Em um dia qualquer, em um lugar qualquer e em uma hora qualquer, tive a sorte de te conhecer. Nossos olhos foram de encontro, tentamos evitar mas sem dúvida o destino havia traçado um laço entre nós, que me prendeu junto a você.

  Ir naquele supermercado que te conheci me traz boas lembranças. Lembro-me de te avistar no corredor de frutas e legumes, isso me faz recordar de suas belas sopas que me fazia quando eu estava doente. Eu sempre melhorava. 

  Nunca vou entender o que te fez me escolher, mas sem nenhuma dúvida, sempre entenderei o motivo pelo qual te escolhi. 

  Quando mais passamos o tempo juntos, mais eu te amava. Com você, meus dias frios de inverno eram como dias ensolarados de verão, que a propósito, você adorava o verão. 

  Iniciamos nossa família, te dei o filho que tanto desejávamos, tivemos nossa casa que tanto sonhávamos, enfim, tudo estava como havíamos desejado. 

  Mas como todos os começos possuem um final, a nossa história chegou ao fim quando você deu a luz na criança em que tanto sonhamos. Ela nasceu com seus olhos e boca, eu me vi perdido em meio daquela mistura de sentimentos. Eu te amava tanto que nada se comparava ao que eu sentia por ti, mas sem que eu percebesse, o vazio em que sua ausência causou foi preenchido por nossa filha que em meus braços estava. Mesmo sabendo que minhas responsabilidades daquele dia em diante seriam grandes e desafiadoras, nunca, em nenhuma circunstância pensei em fugir. 

  Ela cresceu, ao passar do tempo que crescia sempre me questionava o motivo pelo qual sua mãe nunca aparecia em suas apresentações, normalmente dizia que você havia achado um lugar melhor para estar. Eu sabia e sei que, para você, nenhum lugar seria melhor que estar junto a nossa família. Mas isso não importava mais, ela era uma criança.

  Melissa cresceu e logo se tornou a cópia exata sua, fui o pai que eu sempre quis ter, e tentei, tentei ser um pouco do que você seria como mãe.

  Sem que eu pudesse prever, a cidade se torou um caos devido a invasão de criaturas assustadoras, e por minha vez, recorri a nossa velha casa de campo junto a nossa filha. 

  Estamos aqui já faz messes, anos, para ser mais exato, doze anos se passaram. Nada mudou. Aprendi a sobreviver e, sem dúvida, fiz a escolha mais segura e ao mesmo tempo arriscada. Tudo que eu fiz foi por você, e tudo que eu faço é por Melissa. Espero que essa não seja minha última carta escrita.

Assinado por Miguel Quiss Portugal.

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