Um abraço 8

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Não imaginei que perderia o controle com a Eloise, ela sempre foi o meu porto seguro, o meu pedacinho de delicadeza e felicidade, mas quando ela falou aquelas coisas sobre aquele homem tocando o seu corpo, não consegui controlar o sentimento de raiva que estava nascendo dentro de mim.

Sei que ela falou aquilo de propósito, somente para me provocar, mas estou me sentindo envergonhado. Não por a ter raptado no altar, e nem pelo que fiz no passado, mas, sim, pelo incidente de hoje, por ter perdido o controle e ter tentado tocar o seu corpo sem o seu consentimento.

Se a minha mãe estivesse viva e descobrisse sobre um episódio como esse, ela ficaria mais que envergonhada, ela ficaria decepcionada com o meu comportamento de antes.

Estava fazendo o prato preferido de Eloise, enquanto pensava nela, quando a senti me abraçar por trás. Fiquei imediatamente imóvel, sem acreditar no que ela estava fazendo.

Pensei que ela estivesse com raiva e ódio de mim e não quisesse me tocar, mas aqui está ela, me abraçando, depois de ver que estou cozinhando o seu prato preferido, da mesma forma que ela fazia, quando estávamos morando juntos.

Ao me abraçar, ela me deu um toque de esperança, por um instante lembrei dos nossos bons momentos e senti uma profunda saudade de quando estávamos juntos. No momento em que senti os seus braços ao redor da minha cintura, pensei que talvez, o dia em que vamos voltar a ser o casal apaixonado de antes, está bem próximo, mas, então... A Lembrança dela me dizendo para me apaixonar por ela, pois ela iria me seduzir, e me fazer ficar louco de amor por ela, pois ela iria quebrar o meu coração assim como fiz com ela, me quebrou por dentro, nesse momento.

Sei que sou o culpado e que estou apenas colhendo os frutos que escolhi plantar há dois anos atrás. Mas, dói tanto ver os olhinhos que um dia me olharam com tanto amor e ternura, agora me olharem apenas com raiva e desejo de vingança, é realmente doloroso.

— Começando a colocar o seu plano de me seduzir, em prática? - Pergunto, tentando parecer indiferente.

Ela continua me abraçando.

— Por quê não? Esse não é o meu objetivo?

— Sim, esse é exatamente o seu objetivo...

Dou um sorriso refreado e volto a fazer o que estava fazendo. Eloise permanece agarrada em mim, por um longo momento, como se estivesse matando a saudade, e esse gesto me deixou bem feliz e esperançoso, apesar dela ter deixando bem claro sobre as suas intenções em relação a mim.

Depois de um tempo, ela finalmente me solta e fala:

— Preciso do seu telefone.

Me viro para ela.

— Precisa? — Pergunto, sem muita vontade, ao pensar que ela quer ligar para alguém vim buscá-la.

— Sim, preciso falar com a minha família, e com o George, para garantir que estou bem, caso o contrário, ele vão pressionar a meta dos policiais da cidade a virem ao meu socorro.

— Entendo... — Sussurro sem acreditar na sua explicação, afinal, se eu tivesse no seu lugar, eu com certeza daria um jeito de ir embora.

Enxuguei as minhas mãos no pano da cozinha, antes de meter a minha mão no bolso e tirar o meu celular. Pego o aparelho, desbloqueio e entrego para ela, que me olha desconfiada.

— Apenas isso? — Pergunta desconfiada.

— O quê? — Falo confuso.

— Você vai simplesmente me entregar o seu telefone? Não tem medo de que eu ligue para a polícia e contar para eles que fui sequestrada?

— Faça como quiser, você não está presa aqui. Então, se quiser ligar para eles e contar isso, pode fazer, ou se quiser que alguém venha até aqui e te leve para casa, eu também não vou me opor.

— Se estou livre, como você diz, porque me trouxe até aqui? — Ela pergunta, parecendo confusa.

—Você sabe muito bem, eu estava desesperado, e ao ver que você não iria desistir de se casar com aquele homem, acabei fazendo algo inesperado, mas que estou feliz de ter feito.

É claro que eu não quero que ela ligue para alguém vir buscá-la, mas não vou prender ela ainda mais, quero conquistá-la mais uma vez e novamente ganhar a sua confiança, e para isso, eu preciso ser um homem calmo e sereno, preciso mostrar que sou um homem melhor.

Ela me olha, como se eu fosse realmente louco.

— Ninguém sequestra uma pessoa e dá tanta liberdade para ela.

Dei um sorriso sutil, tentando me controlar para não provocá-la, mas a minha mente estava gritando para fazer isso e ver o seu lindo rosto irritado.

— Porquê você parece tão decepcionada com isso? Quer que eu prive você do mundo lá fora e a mantenha somente para mim?

Observo as suas bochechas ganharem a cor de um vermelho mais intenso, não de vergonha, mas, sim, de raiva.

— Só nos seus sonhos, eu iria querer algo assim, seu demônio!

Eloise passa por mim e sai pisando forte para fora da cozinha. Sorri feliz, provocá-la sempre me deixou contente, é uma lástima que tive que viver os últimos dois anos sem olhar para aquele anjo.

Suspiro, antes de voltar aos meus afazeres.

"Vou ter que ralar muito para ter o meu anjinho de volta, mas mesmo assim, mesmo eu fazendo de tudo para ter ela de volta, a possibilidade dela me dar um pé na bunda é dez vezes maior do que ela me perdoar", penso.

Solto um suspiro triste.

"Se arrependimento matasse, eu já estaria morto e enterrado".

Seduzindo O meu Demônio Onde histórias criam vida. Descubra agora