Análise psicológica (que porra foi essa?)

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A festa no ônibus balada foi sábado, domingo eu fui para um encontro de jovens da igreja por causa do meu pai (que é pastor né), segunda feira o inferno voltou.

Eu entrei na sala um pouquinho feliz porque significava que eu ia passar o dia inteiro conversando com os meus manos mamilos, sentei na mesa encostada na parede, o Skywalker na mesa da frente, o Gussy pussy na mesa de trás

- Ô - me inclinei pra frente pra falar com o Anas - a primeira aula é de quem?

- De redação

Eu sorri malefica mente. Ele entendeu na hora e sorriu junto comigo

A professora de redação era uma das mais fáceis de irritar, ela sofria pra caralho na nossa mão

Ela entrou na sala com uma cara séria, todos deram bom dia pra ela e tals, depois ela ficou na frente do quadro falando umas baboseira tipo Enem, redação sei lá o que de argumento não sei que lá, sabe esses papo aí

Eu invejo esse povo da sala que dorme nas aulas, deve ser muito bom você dormir nos primeiros 5 minutos e acordar só quando o sinal tocar, mas infelizmente não consigo dormir na escola. A mesa é dura pra caralho, não consigo pegar no sono de jeito nenhum, então por isso tenho que encontrar outras formas de passar o tempo

Eu cutuquei as costas do Anakin na minha frente com a ponta da minha caneta, ele arqueou as costas pra frente porque ele tem agonia que encostem nas costas dele, então ele virou pra trás super rápido e com uma cara incomodada

Eu encarei ele e levantei as sombrancelhas, depois olhei pro chão, olhei de volta pra ele e ele entendeu, fez que sim com a cabeça, a professora tava lá explicando merda. Dei uma geral na sala, um povo dormindo, uns loucos realmente prestando atenção, outros desenhando no caderno, os nerds do fundo da sala fazendo esculturas de papel que pareciam mísseis. Pobres almas. O Anaskin e eu íamos salvar aquele dia tedioso e miserável

O Anakin levantou da cadeira sem dizer nada, então se jogou no chão e começou a fazer abdominais, em silêncio, fingindo naturalidade

As pessoas nas outras carteiras ficaram olhando ele e dando risadinhas, logo depois me joguei no chão também, o Gustavo nos acompanhou, e ficamos os três, um atrás do outro, fazendo uma série de abdominais

Uma hora a sala inteira ficou apontando pra gente e começaram a contar em voz alta quantos a gente tava fazendo. Quando a professora percebeu ela só nos olhou com uma cara de profundo nojo e deu um suspiro de desprezo, as vezes quase sinto dó dela, mas não tem mais nada pra fazer aqui né fazer o que

Ela agarrou um canetão que ela tava usando no quadro branco e jogou na nossa direção, ela claramente errou de propósito pra não acertar a gente, mas que assustou assustou

- Se quer chamar atenção coloca uma melancia na cabeça - ela disse, e os meus olhos nunca reviraram com tanta força, porra nem pra dar uma resposta boa, broxante

- Poxa prô - retruquei usando minha voz de gente burra, levantando as mãos fingindo não entender - não interrompe nosso treino né, falta de educação

Ela me respondeu com um olhar de deboche, porque ela é uma velha e não sabe ir na nossa onda, a gente levantou e voltou pra cadeira

A gente gostava de mexer com ela, claro, mas nós sabíamos o limite. Irritar uma vez só em cada aula dela não tinha problema, mas se a gente não parasse quando ela manda fudeu, e a gente não quer levar ocorrência né

Os dias na escola são sempre assim, nós três tentando salvar toda sala desse inferno absoluto fazendo palhaçada, sabe a gente é um pouco nobre por isso, fazer o povo rir pra eles não terem pensamentos suicidas

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