Achados

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O choro do bebê ecoava por aquele beco, mas todos que passavam ignoravam. Todos, menos um rapaz que usava o manto de um esquadrão dos cavaleiros mágicos que estampava um cervo. Seus cabelos loiros balançavam na noite fria, olhando para aquele local escuro onde o quase recém-nascido chorava em desespero pela fome.

O homem andou calmamente até a fonte do barulho, pegando o pequeno em seus braços e se arrepiando pela magia que emanava da criança. Seus olhos se arregalaram e ele sabia que o bebê em seu colo era especial.

— Você está seguro agora, pequeno Falco. — Julius Novachrono sorriu, aconchegando mais o pequeno antes de partir dali, o levando para casa.

Três anos depois, o futuro rei mago voltava de uma missão cansativa, onde tudo o que queria era o conforto de sua cama e seu filho Falco. Foi então que, ao passar perto de um famoso bordel de um vilarejo pobre, ouviu uma pele ser açoitada e o choro de uma criança.

— Sua monstrinha! Assim nunca arrumará nenhum cliente quando for mais velha! — Uma senhora de idade batia mais uma vez na pequena garota ruiva.

O homem parou a mão da mulher antes que a vara batesse mais uma vez na pele alva da criança, que chorava pela dor.
Seus olhos arregalaram ao ver uma cauda de raposa e pequenas orelhas felpudas surgirem na pequena.

— Tome, eu pago por ela. — jogou um grande saco de moedas aos pés da velha, pegando a garota e a levando consigo para fora dali.

— Você também vai me machucar? — ela perguntou com os grandes olhos negros marejados.

— Está segura agora. — ele sorriu para acalmá-la, segurando a pequena mão — Me chamo Julius.

— Eu sou a Ery. — ela respondeu, dando um pequeno sorriso.

Não demorou muito para o terceiro membro ser achado. Cerca de dois ou três meses após a chegada da garota, um pequeno garoto loiro de olhos âmbar estava sendo amarrado para ser queimado vivo em uma fogueira pois surgiam boatos de que sua magia era demoníaca. Escamas surgiam por seu corpo e sua língua esticava como a de uma serpente.

Antes que fosse sacrificado, o tempo congelou, deixando apenas a criança e Julius livres para circular naquela cena.

— Por favor... — o pequeno, que teria seus dois anos na época suplicou ao ver o homem loiro se sproximar dele.

— Vamos. — ele desamarrou a criança, o pondo em um de seus ombros — Qual o seu nome?

— Toka. — o loirinho respondeu, enxugando as lágrimas com as mãos sujas pela foligem.

— Vamos para casa, Toka. — foi tudo que Julius disse antes de desaparecer com o garoto dali.

Por fim, dois anos depois a antiga esposa de Julius Novachrono deu à luz a um pequeno garoto idêntico a ele, Suzumi Novachrono. O parto foi dificultoso e a moça veio a falecer, mas quando o futuro rei mago pegou o pequeno em seus braços, o brilho dos olhos do bebê eram tão brilhantes quanto os de um felino.

E ali, Julius sabia que seu esquadrão especial estava completo: os cães de caça.

Cães de caça | Black CloverOnde histórias criam vida. Descubra agora