𝙑𝙤𝙡𝙖́𝙩𝙚𝙞𝙨

capítulo 11

And way down we go
Way down we go
Say way down we go
Way down we go

— Kaleo

 

Atena Torrance

Termino de prender a trança no meu cabelo e pego minha bolsa de maquiagens. Nessa bolsa só tem as maquiagens de mais alta cobertura, que é o que preciso agora graças as marcas roxas no meu pescoço.

Assim que encaro meu pescoço mais uma vez pelo espelho o ódio aquece o meu corpo. É automático, a vontade que estou de ir até o quarto de Aaron e acertar um tiro em sua cabeça é quase impossível de controlar

Hoje é sábado e faz dois dias que Aaron quase conseguiu me matar, e também faz dois dias que não tem um momento sequer que eu não sinto raiva de mim mesma. Raiva por ter sido tão estúpida e muito burra. Não sei como pude deixar aquela briga chegar àquele ponto.

Nunca imaginei que Aaron fosse tão forte. Sempre foi fácil vencer, mesmo cansada eu lutava muito bem, e eu com certeza não estava esperando por aquilo. Aaron Hossler deve ter tido o mesmo treinamento que o meu, somos provavelmente os únicos.

Assim que consegui contar o que aconteceu a Apolo ele quis terminar de matar Aaron, mas não deixei que ele fosse. Eu estava muito abalada e de qualquer forma nós não podemos matar uns aos outros, tem coisas que ainda não sabemos.

Também contei a Apolo sobre o pen drive e decidimos não contar nada disso a ninguém, nem mesmo ao nosso grupo de amigos. Nem mesmo Mavie. Isso é algo sobre nossas famílias e envolvê-los não parece um bom plano, além de que saber sobre aquele vídeo os colocaria em risco.

Se eles descobrirem, não vou poder fazer nada, mas enquanto eu puder evitar não vou deixar que saibam. Para sua própria segurança.

Passo três camadas de base e corretivo e o roxo é quase invisível, com as roupas pretas que vou usar ninguém vai perceber.

— Acho que estou pronta! - Mavie diz do outro lado da porta, no nosso quarto.

Guardo a maquiagem de volta e saio do banheiro, arregalando meus olhos ao vê-la.

— Você está linda! - A elogio, sorrindo. Seu cabelo branco contrasta lindamente com o macacão de couro preto. Ela sorri de volta, vindo até mim e analisando meu pescoço.

— Você conseguiu cobrir muito bem, não dá nem para perceber - Ela se afasta e seu semblante muda. — Ainda não consigo acreditar que Aaron iria realmente te matar, não entra na minha cabeça que você poderia não estar aqui agora.

Vejo que ela está prestes a chorar e coloco minhas mãos em seus ombros, a fazendo olhar em meus olhos.

— Eu não vou morrer, ok? Eu estou aqui e é isso que importa, não se preocupe tanto — Ela segura minhas mãos, uma lágrima solitária escorrendo pela sua bochecha.

— Claro que eu me preocupo, vou sempre me preocupar. Você sabe que eu te amo né? - Eu assinto e ela me abraça, rapidamente deito seu rosto em meu ombro, fazendo carinho em suas costas. — Eu te amo mais do que você poderia imaginar, Atena. Não consigo imaginar um mundo onde você não esteja comigo...

Meus olhos ameaçam arder em lágrimas, mas me contenho. Deito minha cabeça encima da sua, a sentindo me abraçar mais forte.

— Pode apostar que eu te amo mais, muito mais. E não precisa se preocupar, mesmo em outras vidas, eu iria ser sua melhor amiga - Falo e ela soluça em meu ombro.