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Asafe Fontana

Segunda feira
05:00 AM

Encontro-me mergulhando em um vazio profundo consumindo a minha alma, como se parte de mim tivesse se perdido nas sombras do passado.

Desde a morte do meu irmão, eu me sinto incompleto, é como se parte de mim tivesse morrido no dia em que ele se foi. No início a dor foi insuportável, ainda é, porém hoje a dor faz parte de quem eu sou, então, é mais fácil de sobreviver com isso, é como se eu estivesse acostumado com a dor.

Dizem que depois de um tempo a gente supera a dor do luto, mas acredito que é impossível, principalmente quando se tem uma ligação tão forte com o ser que morreu. A verdade é que a dor do luto nunca passa, a gente só aprende a conviver com a mesma.

Decido finalmente me levantar da cama, entretanto assim que ponho-me de pé, sinto todo o meu corpo pesar, me dando a impressão de que estou carregando toneladas em meus ombros, porém este peso é apenas a culpa vindo à tona, a culpa por não ter salvado a vida do meu irmão enquanto eu podia.

A cada passo que dou, sinto o peso se esvair, mas ele nunca vai embora por completo, ele continua lá, me lembrando todos os dias que a culpa é minha.


...


Coloco minhas malas no carro e volto para o quarto em que eu dormia, mas que nunca foi meu, pois nunca fui bem vindo nesta casa, dou uma última olhada para ver se estou esquecendo algo. Por fim, saio de vez do quarto encontrando Soraya, a diarista da casa, te dou um abraço e um beijo na cabeça e me despeço.

Soraya é a única pessoa que merece o meu respeito, foi quem cuidou de mim durante todos esses anos, quem me ajudava escondido quando meu pai me batia. Ela foi uma mãe pra mim, uma senhora que eu admiro muito, e que eu sei que gosta de mim de verdade.

Sinto uma pontada de culpa por deixá-la aqui com os meus pais, mas infelizmente não posso fazer nada por enquanto.

Assim que entro no carro, ligo o mesmo e saio da garagem de meus pais.

Não sei exatamente pra onde vou, mas eu prefiro dormir na rua do que passar mais algum dia perto do meu pai.

Tenho noção de que a culpa de Ares ter morrido é minha, mas também sei que meu pai tem uma parcela de culpa nisso, só não acho que é justo ficarmos competindo para saber quem é mais ou menos culpado, quando Ares está morto e não há mais o que fazer.

As vezes me sinto culpado por tentar esquecer a morte de Ares fumando maconha, mas essa é minha única saída, infelizmente, só assim eu esqueço como é dolorido não tê-lo aqui.

Após dirigir por algum tempo, estaciono meu carro em frente à casa de Lorenzo, e buzino até ele vir me atender.

-o que você quer aqui? -pergunta Lorenzo, com seu jeito delicado de ser.

-bom dia, pra você também. Eu estou bem, e você? -debocho. -eu vim morar com você, gatinho. -dou uma piscadela e mando um beijo no ar.

-morar comigo?

-sim. Agora me ajuda a tirar minha coisas do carro. -respondo.

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⏰ Última atualização: Jun 24 ⏰

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