6.

6 0 0
                                    

Asafe Fontana

Domingo
04:57 AM


Sentado no peitoral de minha janela, fumando um cigarro, observo a lua ir embora dando lugar ao sol. Mas mesmo com o sol nascendo, o mundo continua escuro.

Hoje completam sete anos que ele se foi. Mais um ano se passa e eu continuo esperando que você volte e diga que tudo não passou de um pesadelo, mas é difícil esperar por algo que nunca vai acontecer.

Tento fingir que está tudo bem, mas isso ainda me sufoca. É como se tivesse um nó em minha garganta, me impedindo de respirar.

Me levanto do peitoral da janela após dar uma última tragada em meu cigarro, jogando o mesmo janela afora.

Tomo um banho rápido, e me visto pra sair deste ambiente.

Não existem possibilidades de eu me manter aqui hoje. Essa casa vira um campo de guerra quando estou por perto, principalmente nessa data, considerando que eles me culpam pela morte de Atlas, meu irmão mais novo.

Assim que acabo de me vestir, saio do quarto pronto para sair de vez de casa e só voltar outro dia, quando a raiva deles por mim diminuir um pouco.

-de novo fugindo da culpa de tê-lo matado, né? -diz o meu pai. De todo mundo, o que mais me odeia é ele.

Ele sempre me disse que eu não tinha que existir, pois eu era rebelde.

A verdade é que ele não me queria como eu sou, ele queria que eu fosse como Atlas, que vivia em sua sombra. Mas infelizmente ou felizmente, eu nasci com o espírito livre e com vontade de viver a minha vida sem esperar que os outros me libertem. Eu sempre mostrei que eu era independente e queria a minha liberdade a qualquer custo.

-não estou fugindo da culpa de ter matado ninguém, o irresponsável que deixou uma arma ao alcance de duas crianças foi você. -sinto um peso sair de meus ombros. Nunca havia dito pra ele o que eu realmente pensava. Mas não posso deixar ele me consumir.

-VOCÊ TINHA QUE TÊ-LO IMPEDIDO ENQUANTO AINDA HAVIA TEMPO. -grita papai.

-não me culpa por você ter sido um pai de merda e por no fundo desejar que eu é que tivesse morrido naquele dia. -sinto-me mais mais leve ao falar isso.

Que papai desejava que eu tivesse ido no lugar de Atlas, eu já sabia. Mas nunca havia dito isso pra ele.

O ambiente fica silencioso após minha fala. Ignoro a existência de meu pai e saio porta afora.

Ligo minha moto e dou partida, seguindo por ruas aleatória, sem rumo nenhum na minha vida.

Preciso sair de vez desta casa. Esse ambiente caótico não faz bem para ninguém, mas que se foda todo mundo, a partir de agora eu vou atrás do que é bom pra mim.

Paro a moto quando chego na praia. Está vazia, assim ela consegue ficar ainda mais bonita.

Desço na moto e caminho pela areia, até próximo da água. Me sento e espero terminar de amanhecer.


Lilith Clark

Domingo
04:30 AM

you are mineOnde histórias criam vida. Descubra agora