Aemma Arryn - 101 DC

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AEMMA ARRYN

101 DC

Os dias passaram.

A perda ainda era recente, ainda doía, ainda machucava. Rhaenyra chorava pedindo o colo do seu avô, e eu não podia fazer nada além de abraçá-la e chorar junto. Eu também queria o colo dele, eu também queria me sentir segura novamente.

Viserys quase não nos via mais, perdido em seus pensamentos, se jogando no vinho da mesma maneira que Daemon se divertia na Rua da Seda.

Eu não via mais meu marido, Rhaenyra não via mais seu pai. Viserys passava mais tempo com Otto Hightower, a nova Mão do Rei, e a filha dele, Alicent, do que comigo.

Às vezes me pergunto se ele me ama como diz amar, se ele ainda sente desejo por mim como dizia sentir. Viserys se afastou de mim quando não consegui dar seu tão sonhado herdeiro.

Ele só me visitava à noite, me usava e ia embora. E então, de novo, até por uma criança em minha barriga. Depois disso, ele dizia que havia um futuro rei dentro de mim, mas esse rei sempre morria. De todas as gravidezes, Rhaenyra foi a única a sobreviver, talvez ele devesse ter sonhado com uma rainha, assim a tortura iria terminar.

Sonhos.

Eu tive um sonho, ou imagino que tive, e nele Baelon disse que eu seria rainha e usaria a coroa do conquistador, mas Viserys diz ter sonhado com um herdeiro seu sentando no trono.

Dois sonhos conflituosos, pois sei que se fosse nomeada herdeira, Rhaenyra sentaria no trono depois de mim.

As vezes me pergunto se Viserys percebia que, na época em que sonhou, aquilo poderia ser considerado traição. Aemon ainda estava vivo e Rhaenys era sua herdeira quando o sonho veio.

Ou talvez ele pensasse que em algum momento, se algo acontecesse comigo e Corlys, Rhaenys escolheria ele como futuro marido.

Mas então Aemon morreu, Baelon foi nomeado herdeiro no lugar de Rhaenys e Viserys acreditava que seria rei depois do seu pai. E meu trabalho era lhe dar um herdeiro.

Contudo, agora Baelon está morto, o rei não tem um herdeiro, e esses sonhos me consomem.


🦅🔥🐉


A Corte não era um lugar amigável ou agradável, mas à medida que a indecisão do rei se tornava mais óbvia, a Corte se tornou insuportável.

Agora, eles me tratavam com uma educação jamais vista, me elogiavam por criar Rhaenyra como uma verdadeira princesa, diziam que eu seria uma grande rainha ao lado de Viserys - caso ele fosse escolhido; ao mesmo tempo em que diziam as mesmas coisas para Rhaenys e Corlys.

Bajuladores, todos eles. Tolos se pensam que eu caio nesse papinho, a muito deixei de ser a pequena e frágil Aemma. Agora eu tinha um pequeno dragão para cuidar e por ela, eu queimaria esse mundo.

"Munã", Rhaenyra me chamou, "onde tá' o kepa?"

Rhaenyra, com seus três anos, é uma conversadora, embora misture muito alto valiriano em suas frases. Ela fala muito bem para uma criança da sua idade, poucas vezes tendo algum erro em suas palavras.

"Seu kepa está ocupado, meu amor"

"Mas ele vai ver o kepãzma Jae?"

Rhaenyra dificilmente usava as palavras "pai", "mãe", "avô"; ela aprendeu com Daemon a falar alto valiriano e usava a língua em seu cotidiano, já havíamos nos acostumados com isso. Jaehaerys ficou maravilhado quando a viu falando valiriano pela primeira vez, e desde então determinou que ela deveria chamá-lo de "kepãzma Jae", pois falar Jaehaerys seria muito difícil para ela, e Baelon também era seu kepãzma.

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