𝑾𝒉𝒊𝒕𝒆 𝑺𝒄𝒓𝒆𝒆𝒏

511 36 1
                                    

PARIS, a cidade mais bonita e romântica conhecida pelos franceses e qualquer outra pessoa com o mínimo de senso na geografia, tem uma bela vegetação e um clima quente, com muita chuva no inverno e tempo seco e quente no verão. No inverno, o céu fica completamente nublado, frio e nebuloso, causando estranheza da parte dos estrangeiros que costumam visitar a cidade das luzes, mas, ainda sim era interessante observar as diversas misturas de roupas e gostos dos habitantes que se dedicavam ao máximo em ousar da moda com seus longos sobretudos e cardigans acompanhados de botas longas que traziam certa elegância e conforto.

A primavera seguia sendo a estação preferida de Olívia. As flores floresciam, os pássaros cantavam e a briza do vento era leve como um carinho afetivo contra a pele quase pálida do seu rosto, ela adorava a primavera e adorava Paris.

Olívia Strulovitch era a mais nova de uma longa linhagem de magnatas ricos e poderosos, seu pai, Lawrence Stroll um investidor das mais luxuosas marcas de roupas e proprietário de parte da empresa de carros  Aston Martin sempre fora exigente com o futuro dos filhos, disposto a mover montanhas se isso significasse a felicidade de Lance e Olívia, o verdadeiro problema era a definição de felicidade na qual dividiam diferentes opiniões.

A jovem mulher acabará de iniciar seu segundo semestre na universidade Paris College of Art, apaixonada pelo conhecimento histórico e principalmente pelo dom lhe concedido para a pintura de quadros e telas, poderia passar horas trancada em seu studio deslizando um pincel banhado na tinta sob uma tela sem vida, o branco era vazio e parecia sempre sozinho diante dos olhos de Olívia. Foi difícil para ela explicar seu amor pela Arte para o pai, ele esperava que ela continuasse seu legado na área de investimentos e negócios e não acreditava que a venda de quadros pudesse contribuir com o crescimento da herança Stroll.

O aroma doce subiu junto ao vapor quente do café com canela que acabará de ser posto na mesa que a mulher ocupava, Olívia sorriu para a velha senhora que há atendia todos os dias no Dose Mouffetard, famosa cafeteria que ficava localizada a duas quadras do seu apartamento na grande Paris.

— Merci Judith! — A senhora arqueou uma de suas sobrancelhas de forma sarcástica, ela não parecia gostar de Olívia, talvez estivesse enjoada de ver o rosto da mulher todos os dias em seu trabalho. Virou as costas e seguiu seu percurso para trás do balcão de atendimento. — Tudo bem...

O sorriso da morena que antes era capaz de iluminar a cidade nublada foi-se embora, era de fato um pouco sentimental. Segurou o copo de isopor sentindo o calor do líquido quente aquecer a palma de sua mão, levou o copo até os lábios e degustou do café doce que já era tão familiar.

Seus olhos correram até o relógio amarelo pendurado em uma das paredes bem descordas da cafeteria, estava atrasada para a aula mais uma vez em menos de uma semana. Olívia deixou uma nota de dinheiro encima da mesa, seria o suficiente para pagar pelo café e ainda sobraria para gorjeta de Judith, mesmo que ela tivesse tirado um pouco de seu bom humor matinal. Pegou sua bolsa e apressou seus passos até a porta sentindo a brisa fria chicotear seu corpo quente, seu belo carro estava estacionado do outro lado da rua e trazia olhares admirados por todos que ali passavam, era sempre assim, seria irônico se ela não dirigisse uma bela Aston Martin sendo parte do seu legado, admirava os carros mesmo não sendo a melhor os pilotando.

Adentrou o veículo e dirigiu até a universidade checando o horário a cada semáforo que a atrasava mais. Foi uma péssima decisão adiar seu despertador por mais 15 minutos quando sua cama parecia o lugar mais confortável do mundo pela manhã.

Quando finalmente conseguiu estacionar o carro na sua vaga reservada, desceu às pressas e correu até as grandes portas de vidro focada em tentar equilibrar o braço que levava a bolsa Chanel e outros dois livros enquanto recusava uma ligação de Lance, teria tempo para explicar seus motivos para o irmão mais tarde, ou talvez não, estava a dias evitando qualquer contato com a família para evitar uma explicação dos reais motivos do porque havia terminado com o namorado de tantos anos repentinamente, tudo estava um caos.

Assim que seus pés cruzaram a porta de entrada da sala de aula, sentiu os olhares recaírem sobre ela de modo que cada parte do seu corpo queimou, ser o centro das atenções a deixava nervosa e de verás constrangida em qualquer que fosse a situação.

— Está atrasada Senhorita Strulovitch. — Sheperdy seu professor regente estava parado em frente a lousa folhando um grande e antigo livro sobre a história da arte contemporânea. — Novamente se devo constar...

— Desculpe! O trânsito... Ele bem, está uma loucura! — As palavras voaram por sua boca de forma involuntária trazendo junto de si um arrependimento instantâneo pois de fato era uma péssima desculpa para justificar seu atraso.

Suas palavras não pareceram convencer o professor que nem ao menos se deu o trabalho de olhar a mulher que permanecia parada evitando o olhar compreensivo de seus colegas que claramente estariam dispostos a repassar o conteúdo perdido, ela era uma pessoa popular mesmo que tentasse evitar seus privilégios não se vangloriando com o uso de seu sobrenome paterno.

— Sente-se Olívia. — Ela assentiu e seguiu seu caminho até o único lugar vago próximo a janela, colocou os livros sobre a mesa e descansou o corpo contra a cadeira branca.

— Ele está estressado. — Jordan Weels o britânico que sentava na cadeira ao seu lado falou de forma descontraída enquanto ajeitava os fios loiro de cabelos para trás, tirando um sorriso sincero da mulher que passou as horas seguintes focada na explicação teórica do Senhor Sheperdy.

Quando finalmente pode se jogar no grande e confortável sofá da sua sala de estar suspirou satisfeita relaxando o próprio corpo, Olívia fechou os olhos e deixou que o som de sua própria respiração acalmasse seu coração acelerado, estava exausta, as últimas semanas haviam acabado com qualquer resquício de sanidade que ainda restasse no seu subconsciente e os remédios controlados já não surtiam efeito no organismo da Stroll.

Um belo par de chifres foi o presente de aniversário mais inusitado que ela poderia esperar de seu até então namorado, lembranças do fatídico dia tornaram a aparecer.

Olívia tinha passado o fim de semana em Montreal sua cidade natal no Canadá onde a grande residência Stroll ficava localizada, uma exigência do pai que ela exerceu com satisfação, se divertiu com as competições de tênis e corridas de Kart ao lado de Lance, com os passeios a cavalo pela vasta propriedade na companhia de Lawrence enquanto o contava suas vivências no exterior, mas junto disso vinha o pesar de dividir o mesmo recinto que a mãe que não fazia questão nenhuma em ver ou se quer abdicar de seu precioso tempo para com Olívia, a relação de ambas era complicada. Quando o avião pousou em solo Francês recebeu uma mensagem de Lilian, haviam se conhecido em um desfile promovente e logo de cara se tornaram inseparáveis, bem, até aquele momento, era uma simples localização que logo preocupou a morena que prontamente seguiu, estranhou logo de cara ao estacionar enfrente ao motel local, não era o tipo de lugar que Lilian costumava frequentar tão menos Olívia, desceu do carro e seguiu até o quarto B onde havia sido instruída pela melhor amiga, e como um belo balde de água fria flagrou Lilian junto de Theo seu namorado em um momento de verás íntimo, Olívia não se permitiu chorar mesmo quando Theo usou a falta de relações sexuais entre o casal como desculpa para dormir com sua melhor amiga, ela estava em êxtase e permaneceu assim durante os dias seguintes.

Não demorou para que os boatos do rompimento de namoro chegassem a mídia e trouxessem junto de si matérias rudes em relação a imagem da filha de Lawrence Stroll. Ela ignorou, tudo e todos, ocupada de mais lidando com seus próprios demônios.

Abriu os olhos e finalmente tomou coragem para desbloquear o celular e responder a mensagem do irmão o prometendo uma ligação mais tarde com uma explicação detalhada da sua atual situação, antes que o mesmo pegasse o próximo voo a Paris para ver a irmã. Verificou seu e-mail de forma habitual mas logo sua expressão se tornou confusa ao abrir um recente convite para um evento privado, a inauguração de uma galeria de arte chamada Saint Mleux o nome não era estranho, ela entendia de arte mas aquilo parecia ser mais além do seu próprio conhecimento.

Olívia estava curiosa, obviamente confirmou seu nome pelo mesmo e-mail, era uma grande fã da arte e seria encantador poder admirar o trabalho de outro artista tão próximo de si. O evento aconteceria no dia seguinte, precisava de uma boa roupa para uma boa primeira impressão a quem quer que seja o bem feitor que solicitou sua presença.

Seria uma longa noite na grande Paris, e Olívia Strulovitch Stroll estava prestes a vivenciar a intensidade da arte fora dos seus sonhos.

𝑹𝑬𝑷𝑼𝑻𝑨𝑻𝑰𝑶𝑵 ‒ Arthur LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora