A PONTE

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Dizem que o amor é uma das coisas mais lindas que podemos ter, mas de qual amor estamos falando já que o mesmo tem inúmeras ramificações?

Que tal falarmos do genuíno? Aquele nasce e não sabemos quando ou como, mas nasceu não só por um par romântico mas também pelas pessoas que conheceu, aquela criança que faz perguntas engraçadas, aquele velho rabugento e inconveniente, aquele amigo que mesmo errando você não o deixa, o amor que nasce até por lugares, tradições e comidas, o amor que junta todos os aspectos para formar o lado mais bonito de alguém, o amor que forma o meu lado mais bonito, a minha melhor versão.

Dizem também que o amor está mais próximo do ódio mas ninguém fala que entre eles tem uma ponte chamada sofrimento que os conecta e você nunca passará a odiar quem amou sem antes passar por ela, assim como é possível amar alguém que odiou, depois da ponte. Eu estou na ponte, bem no meio dela.

Acreditava eu que essa ponte era feita de madeira velha ou algum metal inferrujado mas ela é feita de ações e você pode até achar que as minhas próprias ações me levaram a ela mas não, eu também acreditava nisso ouvindo que não deveria ligar pois eu era maior que isso - tolos conselhos lançados a mim de quem não sabe amar - mas tal ações daquela ponte nunca foram minhas, nunca passou pelos meus pensamentos, não foram executadas pelas minhas mãos e nem pisadas com meus pés, tal ações vinham de quem eu tinha grande estima, de quem eu amei genuinamente.

Foi na ponte que vi o quanto doeu crescer muda entre as paredes do que chamei de lar, foi na ponte que vi que ser eu mesma jamais será o suficiente para aqueles que estão comigo desde o ventre, foi na ponte que vi a fragil confiança que eu mantinha, trincada e rememdada dada a quem já me viu clamar pela morte, foi na ponte que vi as portas do lugar que eu amava se fechar para mim, foi na ponte que vi as festas continuarem sem mim, foi na ponte que vi que fui colocada na estante como um acessório a ser usado de vez enquando, foi na ponte que vi o real interesse de juntar as mãos novamente, foi na ponte que vi que só eu e você temos interesse em cantar novamente, foi na ponte que vi meus feitos invalidados, foi na ponte que vi as flores ofereci e as flores que recebi. Foi na ponte que vi o quanto me feri e que essa ferida ainda segue aberta e doendo como um machucado recente, ardendo e não há lágrimas que aliviem.

Não é uma escolha estar na ponte, sabemos disso, mas é uma escolha atravessa-la. Eu posso permanercer nessa dor até que ela fique dormente e não sentir mais, estasiada em um sofrimento contínuo, eu posso ir até o final e transformar meu sentimento em seu completo lado obscuro ou eu posso voltar a amar como flor de primavera, como se fosse a primeira vez, mas talvez pular no rio e deixar que as águas fria me paralisem e seguir com a correnteza seja melhor escolha.

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⏰ Última atualização: Jun 03 ⏰

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