Olhos da lua (Zosan)

Dias difícies

Há alguns séculos:

Zoro não insistiu numa explicação quando Sanji apareceu de maneira abrupta no seu quarto. Roronoa não sabia se no fundo realmente precisava saber o motivo do cozinheiro aparecer em seu lar a altas horas da noite, com traços de lágrimas pelas bochechas pálidas e olhos vazios.

Sanji também não quis abrir a boca desde que chegou, então, a única alternativa era esperar alguma coisa relevante acontecer.

-Eu odeio meus irmãos.

Bem, isso parecia ser algo relevante.

Podia trabalhar nisso.

-Quer que eu corte eles ao meio? - Zoro questionou como quem não quer nada, mas Sanji o conhecia há anos e reconhecia o seu olhar determinado. Se Vinsmoke autorizasse, Roronoa mataria os trigêmeos em um golpe.

Com todo o respeito a falecida matriarca da família.

-Não -Sanji deu um pequeno sorriso pela sugestão, o mísero brilho de vida que tinha mostrado apagou-se em poucos segundos - Eu queria matá-los, genuinamente queria, mas não podemos ser presos.

-E se formos discretos?

-Desde quando um cabeça de alga como você sabe ser discreto?

- Eu sei ser discreto! - Protestou, descruzando os braços e sentando-se ao lado de Sanji na cama.

- Seu cabelo é verde, Marimo.

- Sua sobrancelha é horrível, seu bolero frustrado.

-Olha aqui espadinha, eu já falei que eu sou chef agora.

-Tenho cara que me importo, cook?

Depois dos argumentos usuais, os dois caíram no silêncio. Zoro contou até duzentos em sua mente quando finalmente sentiu o peso da cabeça de Sanji no seu ombro direito. Não tinha muito que Roronoa pudesse oferecer para o seu melhor amigo pudesse sentir-se melhor, apenas a quieta companhia numa noite desastrosa.

-Será que um dia irei esquecer deles? - O cozinheiro murmurou, não esperando realmente uma resposta concreta.

-Com essa aparência vai ser difícil.

-Quantas vezes eu vou ter que repetir o conceito de genética para você? - Sanji questionou impaciente, a dois passos de agarrar o pescoço de Zoro e finalmente matá-lo - Eu estou tentando ter uma conversa séria e adulta aqui.

-Isso é conversa de besta - Zoro ajeitou o seu braço até conseguir afagar os fios loiros - Sua cabeça já atingiu o chão várias vezes durante os nossos treinos, se até agora você ainda tem memorizado todos os biquínis da bruxa, então perda de memória é impossível para você.

- Eu tenho os memorizados é porque eles são obras de artes que devem ser apreciados, seus brutamontes.

-Não quero saber que tipo de museu você anda frequentando, ero-cook.

-Pelo menos eu frequento museu, seu acéfalo! - Sanji afastou-se de Roronoa para fazer seu drama - Não sei porque insisto em tentar conversar com palavras com você, na próxima trago um kit de desenho.

-Para desenhar nessa sua cara de palhaço?

E com isso, a agressão física começou. Nenhum dos dois sabiam que horas da madrugada pararam com toda a confusão, mas Sanji lembraria pelos próximos séculos as palavras que seu melhor amigo e futuro noivo lhe sugeriu naquela noite como um mantra vivido.

-E se fossemos para o mar, ero-cook?

-Hã?

-Sua família não pode nos alcançar no mar, então que tal irmos para ele?