Mudança

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Kenna
Verona Itália
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Eu estava distraída, encarando a tela do computador, quando o telefone tocou

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Eu estava distraída, encarando a tela do computador, quando o telefone tocou. A voz da secretária do meu chefe soou firme, quase fria:

— Ele quer te ver agora.

Minha respiração acelerou por um segundo, mas logo recuperei a postura. Já sabia que esse momento chegaria. Com passos medidos, segui até a sala dele, o coração batendo forte no peito. Toquei a porta de madeira escura e ouvi um seco "Entre". Assim que adentrei o espaço, senti a familiar presença dele, sentado à frente de uma enorme mesa de mogno.

Ele ergueu os olhos, analisando-me com aquele olhar impassível que sempre fazia meu estômago se revirar. Sentei-me na cadeira à frente dele, tentando controlar os nervos que dançavam sob minha pele.

— Imagino que já saiba o motivo desta conversa — começou ele, a voz baixa e controlada.

Assenti, sem dizer nada. Claro que eu sabia. O noivado arranjado. O acordo que nossas famílias haviam firmado. Algo que eu jamais teria escolhido por mim mesma, mas do qual agora eu era parte inevitável.

— Como já discutido entre nossas famílias, você se mudará para minha casa em breve — ele continuou, sem rodeios. — Preciso que esteja lá antes do final da semana.

Meu coração deu um salto. Morar com ele? Claro, eu sabia que isso viria, mas ouvir as palavras sair da boca dele tornava tudo mais real. Inescapável.

— Isso é necessário? — perguntei, tentando esconder a hesitação na minha voz.

— Sim — respondeu, firme. — Este é o próximo passo no cumprimento do acordo. Precisamos mostrar união. Nossas famílias esperam isso de nós, e, para ser honesto, será mais fácil para ambos se você estiver sob o mesmo teto.

Havia algo no tom dele que me fez questionar se era só isso. Parecia haver mais, uma tensão que ele não revelava completamente. Eu me endireitei na cadeira, forçando-me a encontrar seus olhos.

— E se... não funcionar? — minha voz saiu mais suave do que eu gostaria.

Ele suspirou levemente, como se já tivesse antecipado a pergunta.

— Temos nossas responsabilidades. Este é um acordo maior do que nós. Não se trata de gostar ou não, mas de cumprir nossos papéis.

Eu sabia que ele estava certo, e, no fundo, eu já tinha aceitado esse destino. Mas ainda assim, a ideia de viver sob o mesmo teto que ele, de compartilhar o espaço, o cotidiano, era intimidante. Não éramos amigos. Não éramos nada além de peças em um jogo que nossos pais haviam começado.

— Quando devo me mudar? — perguntei, resignada.

— Na sexta-feira. Uma semana é tempo suficiente para arrumar suas coisas. Minha equipe vai te ajudar com a mudança.

Assenti novamente, dessa vez sem palavras. Ele ficou em silêncio por um momento, como se estivesse me estudando, tentando decifrar o que se passava na minha mente. Mas, como sempre, ele não disse mais nada além do necessário.

— Está dispensada.

Levantei-me da cadeira, sentindo o peso do futuro sobre meus ombros. Quando saí da sala, sabia que não havia mais volta.

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