Adaptação

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Kenna
Verona Itália
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Os dias seguintes passaram em um borrão

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Os dias seguintes passaram em um borrão. Minha mente estava uma confusão constante entre fazer as malas, avisar meus amigos sobre a mudança repentina e tentar me preparar mentalmente para o que me aguardava. Por fora, eu mantinha a postura, agia como se fosse algo natural — parte do meu destino. Mas por dentro, havia uma batalha entre o medo do desconhecido e a raiva pela falta de controle sobre a minha própria vida.

Na sexta-feira, tudo estava pronto. Olhei para o apartamento vazio, as caixas empilhadas em um canto, e senti um aperto no peito. Esse espaço, onde eu havia criado minha independência, agora seria apenas uma lembrança de um capítulo que eu não tinha terminado de escrever. A equipe dele chegou logo pela manhã para cuidar da mudança, eficientes e silenciosos. Eu apenas observei, sem me envolver, como se estivesse assistindo à vida de outra pessoa sendo encaixotada e levada embora.

Ao final da tarde, quando o último caminhão partiu, peguei minha bolsa e desci para encontrar o carro que ele havia enviado. Quando o motorista abriu a porta, meu coração disparou. Era isso. O ponto de não retorno.

A viagem até a casa dele foi silenciosa. Meu estômago se revirava a cada quilômetro que nos aproximávamos. Já havia estado lá antes, claro, para algumas reuniões formais, mas agora o contexto era outro. Desta vez, eu não seria uma visita. Quando chegamos, a casa enorme apareceu à distância, como um castelo saído de um conto de fadas sombrio. As luzes estavam acesas, e o lugar tinha uma imponência que me fez sentir pequena.

O motorista me acompanhou até a porta, onde uma governanta de meia-idade me esperava.

— Bem-vinda, senhorita. Vou levá-la ao seu quarto — disse ela, com um sorriso educado, mas distante.

Acompanhei-a pelos corredores largos, sentindo o eco de meus passos reverberar pelas paredes altas. Tudo ali exalava poder e status, uma opulência silenciosa que parecia sublinhar a posição dele no mundo. Quando chegamos ao meu quarto, fiquei surpresa. O espaço era enorme, mais parecido com um apartamento dentro da própria casa. Uma cama imensa no centro, janelas amplas com cortinas pesadas, e móveis que claramente custavam mais do que tudo que eu possuía.

— O senhor estará com você em breve para discutir alguns detalhes sobre a casa — disse a governanta antes de sair, me deixando sozinha com meus pensamentos.

Andei pelo quarto, passando os dedos pelas superfícies lisas dos móveis, tentando me acostumar com a ideia de que, por mais absurdo que parecesse, este seria o meu novo lar. Eu não sabia quanto tempo demoraria até ele vir, então me sentei na beirada da cama, esperando.

Não demorou muito para que houvesse uma batida na porta. Levantei-me imediatamente, o nervosismo retornando. Quando a porta se abriu, lá estava ele, impecável como sempre. Seu terno parecia sob medida, e seus olhos me analisaram com a mesma expressão neutra que eu já conhecia.

— Está tudo do seu agrado? — perguntou, sem rodeios.

— Sim, claro — respondi, tentando soar casual, mas minha voz traiu a tensão que eu sentia.

Ele entrou no quarto, fechando a porta atrás de si, e ficou de pé, observando-me por um momento. O silêncio entre nós era quase palpável. Não sabia o que esperar dele, e isso me deixava ainda mais nervosa.

— A partir de agora, as coisas vão ser um pouco diferentes — ele começou, cruzando os braços. — Morar aqui significa que estamos oficialmente seguindo o acordo. Você sabe o que isso significa.

Assenti, embora a clareza das palavras ainda me causasse um frio na espinha.

— Isso não é apenas para nossos pais. Teremos que manter as aparências o tempo todo — ele continuou, seu tom prático, como se estivesse apenas discutindo os termos de um contrato. — Quero que esteja preparada para isso.

— E se eu não estiver? — Minha pergunta saiu antes que eu pudesse pensar melhor.

Ele me olhou fixamente, seus olhos se estreitando levemente, mas, em vez de raiva, vi algo que não consegui decifrar completamente.

— Vai ter que estar — respondeu, sua voz mais baixa dessa vez, quase num sussurro. — Não temos escolha.

Meu peito apertou ao ouvir essas palavras. A verdade brutal de nossa situação era inegável. Eu sabia que ele tinha razão, mas isso não tornava as coisas mais fáceis. Viver sob o mesmo teto que ele, manter uma fachada de casal perfeito quando mal conseguíamos ser cordiais um com o outro... Era uma ideia sufocante.

— Vai ficar tudo bem — ele disse, um pouco hesitante, como se quisesse me acalmar, mas não soubesse exatamente como.

— Será? — perguntei, cruzando os braços, como se isso fosse me proteger da vulnerabilidade que sentia.

Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, deu um passo mais perto, até que a distância entre nós fosse apenas uma questão de centímetros. Senti o peso da proximidade dele, mas não recuei.

— Vai — disse ele, com uma convicção que eu não esperava. — Porque nós faremos dar certo.

Por um momento, quase acreditei nele. Mas ainda havia muito que não sabíamos um sobre o outro. E, no fundo, eu sabia que a verdadeira batalha ainda estava por vir.

UM ITALIANO NA MINHA VIDA!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora