Eu deveria proteger...

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Mueri estava sendo linchada pelos habitantes da cidade. Jogavam-lhe objetos e a xingavam incessantemente.

- Mentirosa! Traidora! Assassina!

Todos gritavam descontroladamente.

- Acalmem-se! Deixem-me explicar! - implorou Mueri, perdida na multidão.

As pessoas se irritavam ainda mais e começaram a agredi-la fisicamente. Com o corpo de uma adolescente, mas com apenas um dia de existência, Mueri não sabia se defender. Foi espancada inúmeras vezes pelos seus súditos e depois largada em seu templo.

- Por que as pessoas são tão cruéis? - exclamou Mueri.

- Meu propósito deveria ser cuidar deles... Mas eu não consigo nem cuidar de mim mesma... - disse ela, entre lágrimas.

- Por quanto tempo? Tão sozinha... - sussurrou, com a voz ecoando pelo templo vazio.

Do lado de fora, uma tempestade começava. Mueri avistou alguém se aproximando e, assustada, fingiu estar dormindo, mas abriu os olhos o suficiente para ver quem era. Era uma criança, que parecia estar sozinha.

- Ah... Já tem alguém aqui... Mas eu não posso dormir na rua de novo... - disse a criança, com tristeza e sono na voz.

Vendo que não era uma ameaça, Mueri perguntou:

- Quem é você?

- Espera... Você está acordada?! - respondeu a criança, assustada.

- Estou, sim - disse Mueri. - Não se preocupe, você pode dormir aqui hoje.

- Mas realmente não há problema em eu estar aqui? - perguntou a criança.

- Não... - respondeu Mueri.

A criança, muito cansada, logo adormeceu. Mueri também acabou dormindo, ouvindo os trovões ao longe.

No dia seguinte, Mueri notou que a criança não estava mais deitada e, ao olhar ao redor, viu-a logo atrás de si.

- Dormiu bem? - perguntou Mueri.

- Dormi bem, sim, senhorita. Qual é o seu nome? - perguntou a criança.

- Meu nome é Mueri.

- Que nome bonito! O meu é Simon - disse ele, empolgado.

- Mueri, me pergunto se posso sair um pouco para brincar, você me permite? - perguntou a criança.

- Claro que sim, Simon - respondeu Mueri. - Sinto muito, mas não poderei acompanhar você...

- Por que não? - perguntou Simon, chateado.

- Estou com alguns machucados e estou cansada... Não se preocupe comigo, estou bem - disse Mueri, com um tom fraco.

- Poxa... Tudo bem então... - disse Simon, com o rosto triste, mas foi até o jardim brincar.

Simon decidiu ir até uma antiga casa no bosque. Enquanto caminhava, encontrou um esquilo.

- Ohh, que coisa fofa, o que faz aqui, bichinho?

O esquilo apenas o encarou, parecendo procurar por nozes.

- Você quer nozes daquela árvore? Deixa comigo!

Simon foi até a árvore, pegou algumas nozes e entregou ao esquilo antes que ele fosse embora.

- Toma aqui, amiguinho.

O esquilo pegou as nozes e as levou embora, parecendo grato.

- Deixe um pouco para mim também, oras! - disse Simon, com uma expressão triste, mas engraçada, ao ver o esquilo saltitar para sua toca.

Depois disso, Simon continuou seu caminho até a antiga casa. Ao se aproximar, viu que alguns pássaros estavam com filhotes em um ninho mal posicionado, que poderia cair.

- Oh meu Deus, esses filhotes estão em perigo, é melhor eu ajudar!

Depois de muito esforço, Simon conseguiu reposicionar o ninho, garantindo a segurança dos filhotes.

- Boa! Mais animais foram salvos por mim! Ah, me sinto tão orgulhoso! - disse Simon, confiante, e entrou na casa, brincando de diversas coisas.

Enquanto isso, no templo, Mueri estava exausta, esperando pelo menino. Quando percebeu que horas haviam se passado e ele ainda não voltara, decidiu procurá-lo.

Ela tentou perguntar aos habitantes da cidade se haviam visto Simon, mas só recebeu cusparadas e insultos. Sem saber o que fazer, pensou que ele poderia ter ido ao bosque.

Ao chegar lá, viu a casa e decidiu entrar. Procurou em vários cômodos até se deparar com uma cena horrível.

Simon estava deitado no chão, com o pescoço quebrado e marcas de facadas no abdômen e nas mãos, como se tivesse tentado se defender.

Mueri ficou aterrorizada e paralisada. Foi até o menino e o colocou no colo.

- Simon!!

- Por favor, Simon! Responda! Fica comigo, por favor!

Mueri tentou usar seus poderes para curá-lo, mas já era tarde demais.

A Maldição De ShinOnde histórias criam vida. Descubra agora