Capítulo 1 - Nem tão fácil

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Meona se encontrava deitada em sua cama, estava um tanto quanto frio, sua pele, que era bem sensível, chegava a queimar levemente.

- Nada pra fazer hoje... Já vi todas as séries que tinha, joguei todos os jogos... Que merda - A adolescente pensava
Virando para o lado, percebe-se que seu quadro está refletindo veementemente sua mente, sua vida, o seu ser. Roupas jogadas, garrafas de refrigerante zero por na estante, algumas jogadas no chão com o restinho do líquido em sua ponta, um ímã para formigas, mas Meona não liga muito pras picadas delas, ela já tem marcas o suficiente em seu corpo, ah sim, suas lâminas, a que está usando atualmente está enferrujada, com um aspecto marrom, velho.
- Seria bom trocar né, será que a vó tem dinheiro pra comprar?... Lógico que tem, ela sempre tem...
Novamente se vira para ao lado, encolhida nas cobertas igual um animal em sua toca, pois está frio, parece que a adolescente está frequentemente hibernando, realmente como um animal em sua toca, porém esse animal não come, ele sente nojo do alimento, o alimento é nescessário para viver, e esses animal já está morto por dentro, não é de hoje, não foi de ontem e não vai ser de amanhã, é de tempos atrás, um tempo onde tudo era bom, e foi destruído.
Meona fecha os olhos, e tem uma vaga lembrança da sua antiga casa, do seu antigo bairro nas noites de domingo, no fim de tarde de sexta e nas manhãs de sábado, era maravilhoso, divino, perfeito, porem teve que acabar; assim como sua visão, que foi interrompida por um suspiro, Meona fumava escondida de vez em quando, o que prejudicava um pouco sua respiração.
- Merda ein, eu tô perdendo o fôlego muito mais que o normal, mas eu compro logo o Chesterfield que é prá não ter erro...
Meona se levanta, ficando sentada na cama, olha para frente e vê um pouco de lãs e agulhas, ela costumava a fazer crochê para se distrair, aprendeu com sua vó dês de pequena, e pegou paixão por isso, porém estava meio abandonado, assim como a dança, assim como a pintura, assim como as poseias que fazia.
Meona começa a se revirar na cama, o tédio CLAMA por seu corpo, e ela não consegue o deixar, pensou em fazer mais um corte porém os últimos ainda nem cicatrizaram direito, e por mais que goste da dor, Meona não quer que suas veias estorem, pelo menos não agora.
Ding dong, uma campanhia toca, a campanhia de sua casa, o que assusta a adolescente de certa forma, será que sua vó esqueceu as chaves??. Ela desce até a porta, e pergunta - Alô? Vó é você? - do outro lado da porta, uma voz responde
- Boa tarde, entrega para a dona rosa
O corpo de meona estremece de uma forma preocupante, fazia tempos que ela não recebia uma entrega, tempos que ela não falava com alguém na vida real, sem ser na internet, tirando sua vó é claro.
- Alô, tudo bem? Preciso entregar a encomenda - a voz profere
- Que merda, eu não posso, não agora, minha vó não pode ter feito isso comigo, eu não vou conseguir falar.
- Se você não abrir a porta eu vou em bora, tenho muita entrega pra fazer. - A voz diz em um ton mais ríspido dessa vez.
Menoa cai, sentada no chão, tremendo e com diversos calafrios no corpo, soando frio, batendo os dentes, ouvindo passos se afastando do lado de fora, lágrimas escorrem de seu rosto, ela ainda está muito longe de ter alguma conquista novamente.
A anos atrás, quando Meona tinha 4 anos, ela adorava receber entregas, principalmente quando era comida, sempre esgotava a paciência de seus pais pra recebê-las, o que é irônico com a situação de agora, muito irônico, ela está incapaz de se mover, com o coração acelerado, parece que vai morrer simplesmente de pensar em falar com o entregador, mas... Algo diz Meona que aquilo não está certo, uma saudade descomunal toma conta de si pela segunda vez nesse dia, "por que logo hoje? Por que logo agora.." é a única coisa que se passa na cabeça dela.

O Tal Peso das NuvensOnde histórias criam vida. Descubra agora