Capítulo 18

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Na manhã seguinte, Analice acordou com uma sensação de peso no peito. Os eventos da noite anterior passaram por sua mente como um filme confuso e doloroso. Ela sentiu uma mistura de culpa, arrependimento e tristeza.

Ela se levantou lentamente, caminhando até a janela do quarto. O sol brilhava lá fora, contrastando com a escuridão de seus pensamentos. Precisava resolver a situação, tanto com Ayrton quanto com Enzo, e encontrar uma forma de seguir em frente.

Em algumas horas, ela estaria voltando ao Brasil sozinha. Ayrton tinha outros compromissos e não voltaria com ela. Ouviu uma batida na porta e, ao abrir, viu Ayrton com um semblante abatido e de cabeça baixa na porta, querendo conversar.

"Você volta hoje, certo?" ele perguntou.

"Sim," ela respondeu.

"Você pode conversar comigo agora?" ele disse.

"Entre," ela disse, abrindo mais a porta para ele passar.

Ayrton entrou no quarto e sentou-se na cadeira perto da cama, enquanto Analice permaneceu em pé, cruzando os braços. O silêncio entre eles era pesado.

"Analice..." começou Ayrton.

"Não, Ayrton. Eu pensei e não quero essa vida para mim," interrompeu ela. "Esse seu mundo é insano e eu estava disposta a viver ele com você. Você era o único em quem eu confiava e tinha... mas agora eu estou sozinha em um país estranho, sem ter com quem contar."

"Eu não queria que as coisas acontecessem assim," disse Ayrton, sua voz carregada de pesar.

"Por que você não me contou desde o início?" perguntou ela, tentando manter a voz firme.

"Eu não queria te assustar," ele respondeu, olhando para o chão.

"Mas preferiu me enganar," retorquiu Analice, sua voz carregada de mágoa.

"Eu nunca quis te enganar," disse Ayrton, levantando o olhar para encontrá-la. "Eu só... não sabia como lidar com tudo isso. A chegada de Emilly e a notícia do bebê foram um choque para mim também. Eu queria encontrar uma maneira de te contar, mas sempre parecia o momento errado."

"Não existe momento certo para mentir, Ayrton," respondeu ela, sentindo as lágrimas começarem a se formar em seus olhos. "Você deveria ter sido honesto desde o começo. Agora, eu não sei se posso confiar em você novamente."

Ayrton levantou-se, dando um passo em direção a ela. "Analice, eu sei que errei e sinto muito por isso. Eu quero consertar as coisas entre nós. Por favor, me dê uma chance de mostrar que eu posso ser digno da sua confiança novamente."

Ela desviou o olhar, tentando processar suas palavras. O amor que sentia por ele ainda estava lá, mas a dor da traição era profunda.

"Eu preciso de tempo, Ayrton. Preciso pensar e entender tudo isso. Não sei se posso simplesmente esquecer o que aconteceu," disse ela, finalmente olhando para ele.

"Eu entendo," disse Ayrton, dando um passo para trás. "Vou respeitar o seu tempo e espaço. Mas saiba que eu estou aqui para você, sempre."

Analice assentiu lentamente, as lágrimas escorrendo silenciosamente por seu rosto. Ayrton se aproximou e, hesitante, lhe deu um beijo na testa antes de sair do quarto. Ela ficou ali, sozinha, tentando encontrar um caminho para seguir em frente.

Analice ficou ali, sozinha, tentando encontrar um caminho para seguir em frente. Depois de um momento, começou a arrumar suas malas, preparando-se para a volta ao Brasil. As lembranças dos últimos dias eram um turbilhão de emoções conflitantes, mas ela sabia que precisava seguir adiante.

Enquanto finalizava suas malas, ouviu uma batida na porta. Enzo estava ali para levá-la até o aeroporto. "Pode entrar", disse ela.

Enzo entrou no quarto, seu semblante demonstrando preocupação e empatia. "Como você está?" ele perguntou, fechando a porta atrás de si.

Analice suspirou. "Estou... tentando me manter firme", respondeu ela, sentando-se na cama.

Enzo se aproximou, olhando-a nos olhos. "Queria pedir desculpas por ontem", disse ele, com sinceridade.

"Não, fui eu que comecei", retrucou Analice, dando um pequeno sorriso. "Você está pronto?"

"Sim, mas quero conversar com você", disse ela, se levantando. "Durante todo esse tempo, você foi um grande amigo e companheiro nessa aventura."

Ela riu suavemente, lembrando-se dos momentos que compartilharam. "Não sei se vamos nos ver novamente, e queria te dizer que meus últimos dias aqui foram suportáveis por conta de você. Obrigada por estar ao meu lado."

Enzo sorriu, tocado pelas palavras dela. "Você não precisa me agradecer, Analice. Foi um prazer estar ao seu lado. Eu espero que você encontre a paz e a felicidade que merece."

Ela assentiu, sentindo um alívio ao desabafar. "E você, Enzo? O que vai fazer agora?"

"Vou continuar com meu trabalho aqui, mas vou sentir falta das nossas conversas e da sua companhia", disse ele, com um sorriso triste. "Mas saiba que, se algum dia precisar de um amigo, estarei sempre aqui para você."

Analice se aproximou e o abraçou, sentindo um conforto em sua presença. "Obrigada, Enzo. Você é um amigo de verdade."

Depois de alguns momentos, eles se separaram e Enzo pegou as malas de Analice, carregando-as para fora do quarto. "Vamos? Está na hora de ir."

"Vamos", disse ela, dando uma última olhada no quarto antes de sair.

O caminho até o aeroporto foi silencioso, ambos refletindo sobre tudo o que havia acontecido. Ao chegarem, Enzo ajudou Analice com as malas e a acompanhou até a área de embarque.

"Boa viagem, Analice. Cuide-se", disse ele, dando um abraço final.

"Obrigada, Enzo. E você também. Até algum dia", respondeu ela, com um sorriso triste.

Enzo ficou observando enquanto Analice se afastava, sentindo um vazio pela despedida. Ela, por sua vez, sentia-se um pouco mais leve, pronta para enfrentar o que viesse a seguir. Ao embarcar no avião, ela respirou fundo e olhou pela janela, deixando Mônaco para trás e encarando o futuro.

Na Velocidade do Amor | Ayrton SennaOnde histórias criam vida. Descubra agora