Capítulo Quatro: Eu odeio esse homem

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Pontualmente às seis e meia da manhã Alfredo já estava debaixo do chuveiro tomando seu banho. A água quente escorria pelo seu corpo branco, o sabonete deixava uma espuma nos músculos definidos de seus braços, no peito atlético, descia pelo seu abdômen digno de deus grego, que carregava uma linha de pêlos aparados de começavam no seu umbigo e iam até abaixo da linha virilha. Suas coxas grossas molhadas pela água, uma bunda grande e bem empinada, um pau agora mole, mas mesmo assim não deixava de ser grande, todo esse conjunto fazia de Alfredo um homem de 40 anos bem atraente e gostoso, que nem aparentava ter a idade que tem.

A água do chuveiro foi desligada, Alfredo se enrolou da toalha e saiu do banheiro. No quarto ele pegou uma cueca preta e vestiu, colocando em seguida a sua calça social, uma camisa de manga e botão branca, passou uma gravata de cor vinho em volta do pescoço fazendo um nó com mestria, vestiu o paletó, passou o seu perfume amadeirado e saiu do quarto.

Na cozinha ele não se assentou para tomar um café da manhã, embora a mesa já estivesse posta para ele com café, um jarra de suco de laranja, uma cesta com pães doces e salgado, um bolo que parecia ser de chocolate. Alfredo pegou uma xícara a encheu de café puro e deu um longo, sentindo algo revitalizante quando o líquido quente adentrava seu corpo.

- Bom dia, Senhor - disse uma mulher que aparentava ter a mesma idade do seu patrão que estava encostada perto da janela de vidro enorme que dava uma bela visão da parte de trás do jardim.

- Bom dia Marina - Alfredo educadamente a respondeu. - O cheiro de tudo esta excelente, pena que eu não vou conseguir comer. Quero chegar cedo lá hoje.

- O Senhor quase nunca come - a moça de cabelos pretos na altura dos ombros riu ao falar.

- Acontece - Alfredo deu mais um gole no café. - Deixa eu te falar de uma vez, creio eu que meu irmão e sua família deve vim dentro de alguns dias passar um período aqui em casa, que eu espero que seja bem curto.

- Já tinha um tempo que ele não aparecia pelo lado de cá - a mulher falou - será que ele está precisando de alguma coisa ?

- É isso que vamos vê - o homem de terço deu seu último gole de café colocou a xicara em cima da mesa - coma isso tudo a vontade porque eu já vou - ele terminou de falar já saindo da cozinha, saindo da casa.

Do lado de fora ele foi de encontro ao seu carro preto, acenou com a cabeça pro seu motorista que já o esperava, e adentrou no veiculo se assentando no banco de trás.

O trajeto da casa de Alfredo até sua empresa devia ter uns trinta minutos, isso em dias de trânsito tranquilo, o que era comum para aquela cidade. Com o olhar fixo para além da janela do carro, o homem por debaixo do terno deixava sua mente vagar por lugares que ele raramente comentava sobre com alguém, mas eram lugares que o assombravam por anos, as vez de uma forma branda, as vezes de uma forma brutal, sem um pingo de piedade ou misericórdia dele. Mas é o que sempre dizem por ai, a gente pode correr o máximo que puder, pode fugir em toda oportunidade que tiver, mas o passado sempre arruma uma forma de nos encontrar, não importa quanto tempo se passe, o nosso passado sempre vai ser o nosso cemitério particular de lembranças que a gente daria nossa vida em sacrifício para jamais revive-las.

Alfredo não era diferente de nenhum outro ser humano desta terra, sua vida era composta por um ciclo de segredos, alguns que ele mesmo tinha medo. O homem que mais parecia um deus grego devido a sua beleza surreal, com uma vida bem sucedida financeiramente, vida essa que era mistério para muitas pessoas a sua volta. Como ele do nada surgiu, e ficou rico assim ? De onde veio esse dinheiro, essa casa, essa empresa ? Alfredo saia de tudo isso e guardava com ele, se ele se orgulhava disso ou não, os seus pesadelos que por várias vezes o acordava de madrugada poderia ser a resposta perfeita para esse questionamento.

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