perditus liber IX

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O cheiro de papel e dos livros ao redor é reconfortante. Estou sentada no sofá grande e fofinho. Os meninos todos saíram e eu estou sozinha por essa tarde. Hoje é dia de Izuna. Não sei por que ele me ajudou com o ninjutsu médico nas minhas feridas; ele tinha se mostrado tão rude.

Balanço minha cabeça, soltando uma lufada de ar pela boca. Encosto minha cabeça no estofado, olhando para as páginas do livro em minhas mãos. É um livro estranho, não tem nome na capa. As páginas são velhas e amarelas, como se já tivesse muitos anos, e ele tem um cheiro forte de charuto ou tabaco, como se a pessoa que o estava lendo estivesse fumando. Todo esse ambiente, na verdade, tem um cheiro forte de cigarro. O ambiente está escuro, exceto por uma janela com os poucos raios de sol da tarde entrando por ela.

Deslizo meu corpo do sofá, indo para o tapete com desenhos estranhos. Levo junto uma almofada e minha manta, sentando-me e abrindo o livro agora pelo começo, olhando página por página. Os títulos são em dourado e refletem quando eu movo o livro ou minha visão. A tinta em algumas partes está apagada.

Não presto atenção no que está escrito, mas sim em como o livro foi feito: na quantidade de páginas, nas folhas dobradas marcando alguma coisa. Há runas pelo livro todo e, a partir de uma certa parte, palavras escritas em vermelho. E desenhos. Vejo uma taça feita de crânio humano desenhada na folha e, na próxima página, uma espada preta. Em outra folha, um cordão com um pingente grande nele.

Viro novamente as folhas, vendo o desenho de um vidro com uma espécie de demônio de sangue dentro dele. Passo a mão nas páginas, sentindo os relevos e percebendo que o desenho foi feito com certa força, amassando o papel.

Já na outra folha, vejo três facas, cada uma diferente da outra. Uma é de madeira, com o corpo de uma mulher entalhado nela. A outra é de ferro, já oxidado, mas ainda assim toda detalhada. A última é de pedra, mais bruta, com detalhes verdes, como musgo, em algumas partes.

Viro a página novamente, vendo agora outro vidro, mas desta vez com bichos que não consigo distinguir. Vejo uma espécie de desenho em volta de um braço, com escritas que não consigo ler. Escuto um estalo das estantes e olho para lá, não vendo nada, mas percebendo que o sol não entra mais pela janela.

Volto a olhar para os desenhos, sentindo um sono agradável. Fecho o livro, me cubro e coloco o livro ao meu lado. O sono logo me abraça.

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Acordo em meu quarto, sentindo a queimação em minhas costas de novo, mas dessa vez suportável. Ainda estava de noite, e pela sacada de meu quarto vejo o céu escuro. Vou para o banheiro lavar meu rosto; a água gelada acalma minha pele. Tomo um banho frio, trocando de roupa e colocando uma blusa larga e um short. Rodo pelo meu quarto na esperança que a ardência pare, mas ela só está começando a me angustiar.

Abro a porta do quarto e vou em direção às escadas, tentando não acordar ninguém. Ligo a luz da cozinha e coloco água para ferver para fazer um chá de camomila. Encosto minha cabeça no balcão da cozinha em silêncio, esperando a água ferver.

— Não consegue dormir?

Assusto-me com a voz grave de Obito e levanto o rosto.

— Não é isso, eu estava dormindo, na verdade – rio –, mas acordei com minhas costas ardendo de novo – falo, forçando um sorriso.

— Quer que eu chame o Indra? Ele está aqui, já chegou – diz Obito, vindo em minha direção.

— Não, está tudo bem. A dor está suportável – falo, gesticulando com as mãos para tranquilizá-lo.

— Certeza?

— Sim, concordo.

Olho para meus braços, vendo as marcas.

A Maldição Dos Uchihas Onde histórias criam vida. Descubra agora