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Ah, pela merda! Passou-se mais um dia em que Lee ficou vidrado naqueles braços definidos e expostos pela regata branca — e que maldita regata. Sentia-se totalmente frustrado sem saber para onde correr, ou se ao menos há algum canto do qual possa se esconder. Talvez estivesse preso em um cubo, que muito parece se chamar "confusões de Sungchan".

Tudo bem. Donghyuck sabia muito bem sobre ele não gostar de homens mais novos, mas sentiu que naquela festa — a maldita festa —, ele foi a excessão. Com mais um pouco de insistência, com mais coragem, Sungchan teria o agarrado no meio daquele povo todo sem nenhum pingo de arrependimento circulando nas veias.

— Achei alguém mais covarde do que eu... — pensou alto, sussurrando com a testa colada na janela do carro em movimento.

Ele gostaria de contar sobre isso com alguém. Johnny era um bom ouvinte, mas puxaria sua orelha demais... E nem gostaria de saber o que seus amigos do colégio diriam sobre ele estar hipnotizado por um homem de 24 anos. Seis anos mais velho, quase concluindo a faculdade, com um trabalho bom e uma casa para sustentar sozinho. Enquanto o Lee é só um adolescente de 18 anos terminando o colégio, com um pé na entrada de uma faculdade e bem distante do sonho de morar sozinho — ele acha difícil. Para ele ainda era ridículo não poder se aproximar de Sungchan por esses motivos.

Lembra-se claramente daquela noite nublada com fumaças de cigarros eletrônicos e barulho alto das caixas de som. Ele dançava no meio da grande sala com uma porrada de pessoas em sua volta. Não estava no seu auge da dança, nada disso, Haechan movia seu corpo só um pouquinho, alegre, aproveitando mais a música e rindo de Renjun que dançava como um palhaço. Ele não precisou de muito para chamar atenção de Jung, que estava paradinho encostado numa cadeira, olhando-o com os olhos escuros e fixos. Recorda-se bem do arrepio nítido que subiu em sua espinha e de como ele repuxou os lábios ao perceber o efeito que lhe fez.

Ainda consegue sentir o toque de pele quando os braços se esbarraram, e Hyuck tentou caminhar, mas travou no lugar quando as mãos grandes — ridículamente grandes — seguraram em sua cintura, quase fechando-a, como se ele precisasse de ajuda para se equilibrar. Após isso, realmente precisava. E seus ouvidos por vezes escutavam pelos ventos aquele riso nasal de Jung ao notar novamente que o deixou fraco. Ele estava flertando, ah, ele estava muito. Como não? Se quando passava os olhos pelo local, o mais velho sempre estava o fitando. Como não? Se quando parou no bar ao lado dele, deixou-o escolher uma bebida para si e ainda sentiu o calor da mão esquerda alheia cobrindo completamente a sua num carinho lento, mas discreto. Que porra Sungchan estava fazendo?

— Confundir minha cabeça deve ser tão engraçado. — soltou num tom mais alto, quando sentou-se em sua cama, olhando as fotos postadas no feed do outro. Ridículamente bonito.

Jung Sungchan de fato é um homem sensacional. Sua beleza é extraordinária, ele tem tantos amigos e é sempre divertido estar ao lado dele. É um cara gentil e engraçado, um adulto centrado e correto, fica sexy fumando um cigarro segurando um copo de uísque puro, suas tatuagens o deixam ainda mais irresistível, combinando com seu tom de pele e o corpo definido e alto. Muito alto. Donghyuck gosta de homens mais altos. Ele era uma pulga em sua orelha.

Sabia de sua existência há tempos, mas nunca lhe deu olhos suspirados como vem fazendo. E a culpa era dele, ele havia começado com aquilo do nada, e parou no mesmo momento que se percebeu estar sozinho com Donghyuck e quase, mas quase mesmo, o agarrar. Estúpido.

— Que vontade de te ligar e te xingar inteiro. — Cerrou os dentes. Desligou a tela do celular e o lançou para o outro lado da cama. — Suma, suma!

Gritou com o rosto afundado no colchão. Não entendia mesmo o porquê de ter continuado com ele firme em seus pensamentos, por qual motivo seu corpo o correspondia tão bem, e a razão de sua mente não parar de pensar em um futuro onde ambas as bocas estariam juntas.

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