Capítulo 2 - Ruptura no Centro de Contenção - Parte 2

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08 de Maio 2021

Centro de Contenção n° 14

20h30min

Após o jantar, os detidos têm uma hora de folga. É o único momento do dia em que podem ficar juntos no pátio central, cercado por grades altas e torres de vigilância. Hoje, no entanto, o clima é diferente. Uma tensão paira no ar, resultado da brutalidade ocorrida mais cedo e dos murmúrios de uma possível fuga.

Marcos está sentado em um canto do pátio, com Camilly e Tamires ao seu lado. Suas feridas foram tratadas de forma rudimentar, mas ainda doem. Ele respira fundo, olhando para a lua que, mesmo encoberta por nuvens, parece oferecer um consolo distante.

Luigi se aproxima, mancando ligeiramente. Seu rosto está sério, mas há uma faísca de determinação em seus olhos.

Luigi- Marcos, a gente precisa conversar. Eu e alguns outros conseguimos um plano para fugir esta noite. Mas vai ser arriscado.

Marcos- Eu sei dos riscos, Luigi. Mas não posso ficar aqui mais um dia sequer. A pequena Eliza... e o que aconteceu hoje... não posso mais ver isso acontecendo.

Camilly- Nós estamos com você, Marcos. Mas precisamos ser inteligentes sobre isso. A última tentativa de fuga não terminou bem para ninguém.

Marcos- Eu sei. Mas desta vez, temos algo a nosso favor.

Ele olha para Luigi, que entende imediatamente o que Marcos quer dizer.

Luigi- Já fizemos contato com o lado de fora. Teremos uma janela de poucos minutos quando as luzes do perímetro piscarem. Precisamos estar prontos para correr.

O grupo se dispersa para informar os outros que estão de acordo com a fuga. Quando o momento chega, o pátio está silencioso, cada detido atento às luzes do perímetro.

21h15min

As luzes piscam. Um, dois, três segundos. É a deixa. Marcos, Luigi, Camilly, Tamires e outros começam a correr em direção ao ponto previamente combinado. Tudo acontece em uma fração de segundos, mas então ouvem o som estridente de alarmes. Eles foram descobertos.

Soldados emergem de todos os lados, armados e preparados para impedir a fuga. O som de tiros preenche o ar. Em meio ao caos, Luigi é atingido. Ele cai, sangue jorrando de sua perna e peito.

Marcos corre até ele, mas é tarde demais. Luigi o olha com um sorriso triste.

Luigi fecha os olhos para nunca mais abrir. A raiva e a dor tomam conta de Marcos. Ele sente um poder familiar, mas diferente, crescendo dentro dele, um poder que ele mal consegue controlar. Em um grito de desespero e fúria, ele libera uma onda de energia devastadora, onde nem mesmo as torres bloqueadoras conseguem conter.

Os soldados ao redor são lançados para trás, alguns atingidos diretamente pela força do impacto. A estrutura do Centro de Contenção treme, luzes explodem, e os alarmes se tornam um ruído distante em meio ao caos. Camilly e Tamires, protegidas por uma barreira invisível criada pela energia de Marcos, observam, chocadas, enquanto ele perde o controle.

Tamires- Marcos, pare! Você vai destruir tudo!

Marcos não consegue ouvir, perdido em sua dor e raiva. Mas então ele vê a pequena Eliza, assustada, chorando, e algo dentro dele se quebra.

Com um esforço sobre-humano, Marcos puxa a energia de volta para dentro de si, caindo de joelhos ao lado de Luigi. Lágrimas escorrem por seu rosto enquanto ele segura a mão do amigo.

Ele se levanta, ainda tremendo, mas determinado. Camilly e Tamires estão ao seu lado, prontas para continuar. Com a destruição ao redor, eles veem uma nova oportunidade. Os muros estão comprometidos, as defesas, abaladas.

Cataclismo SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora