𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐕

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"𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑟 𝑎𝑠 𝑣𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑒 𝑣𝑖𝑠𝑙𝑢𝑚𝑏𝑟𝑎𝑟 𝑢𝑚 𝑓𝑢𝑡𝑢𝑟𝑜 𝑚𝑎𝑐𝑎𝑏𝑟𝑜, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑙𝑜𝑏𝑜𝑠 𝑢𝑖𝑣𝑎𝑚, 𝑣𝑎𝑚𝑝𝑖𝑟𝑜𝑠 𝑠𝑒 𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑚, 𝑏𝑟𝑢𝑥𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑟𝑎𝑚, 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑚𝑜𝑛í𝑎𝑐𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎𝑚, 𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑐𝑎𝑏𝑟𝑎 𝑚𝑒𝑖𝑜 ℎ𝑢𝑚𝑎𝑛𝑎, 𝑐𝑜𝑚 𝑜𝑙ℎ𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜𝑠, 𝑢𝑚 𝑠𝑜𝑟𝑟𝑖𝑠𝑜 𝑠𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑜 𝑒 𝑔𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑎𝑓𝑖𝑎𝑑𝑎𝑠, 𝑎𝑠𝑠𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎 𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑛ℎ𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑗𝑜𝑣𝑒𝑚, 𝑠𝑢𝑓𝑜𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜-𝑎 𝑒𝑚 𝑢𝑚 𝑚𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑙𝑎𝑛𝑐𝑜𝑙𝑖𝑎 𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑛ç𝑎."

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Rachel acorda, Lunar a segura, seu corpo jogado no chão com uma toalha sobre ele.

— As alucinações continuam? — Lunar pergunta, vendo a prima suar frio.

— Dessa vez eu gritei porque senti minha pressão caindo, e para não acabar me machucando...

— Está mentindo!

— Não estou, digo a verdade. Estou tonta, meu corpo treme, minha cabeça dói... Pelo menos desta vez não bati a cabeça como antes. Acho que me joguei no chão me preparando para a queda. — Lunar ri do que ouviu.

— Foi exatamente isso. — Rachel faz a prima rir ainda mais.

— Terminou seu banho ou ainda estava se preparando para tomar banho quando aconteceu tudo isso? — Lunar pergunta, apontando para Rachel.

— Não, eu terminei... — Rachel se levanta lentamente e sorri fraco. — Vou começar a me arrumar para comer e ir ao colégio.

— Precisa de ajuda para se vestir? — Rachel se constrange. — Gata, acha que eu me ofereceria? Ia chamar sua mãe ou sei lá, seu pai. Querida, você não faz meu tipo, tem meu sangue, já estou bem longe. — Lunar brinca e sai andando. — Termine logo aí.

Rachel colocou uma roupa social básica: calça jeans escura, regata branca com babados e um saltinho branco. Normalmente usaria tênis, mas sentia que naquele dia, especialmente na aula de arte, deveria se vestir bem.

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— Os desenhos dela a cada dia ficam mais realistas! — O irmão de Rachel fala, olhando para os desenhos dela. Ele entrou no quarto para deixar algo debaixo do travesseiro.

O garoto vai até a cama dela e pega uma caixinha pequena vermelha com detalhes de ouro. Ele recua por um momento, curioso para saber o que havia ali dentro, mas com medo da irmã acabar o matando por mexer no presente de aniversário dela. Então afasta sua curiosidade e coloca a caixa onde foi instruído.

O garoto sai pela porta e, ao fechar, uma brisa gelada o percorre, causando um calafrio.

— A janela está aberta? — Ele pergunta, entrando novamente no quarto. Vê a janela, que está coberta por uma cortina. Ele olha para onde vem o vento e vê dois tênis, parecendo uma pessoa, pois a cortina tem um volume, como se alguém estivesse ali parado. — Tem alguém aí? — Ele se aproxima lentamente. — Rachel, se for você, para agora que vou chamar a mamãe! — Ele fala, ainda se aproximando, até ficar de frente para a cortina.

A cortina balança, mas o garoto não se assusta. Ele estica o braço lentamente, segura a cortina, respira profundamente e a puxa com força.

— Achei! — Ele exclama, mas não há ninguém. Os sapatos são de sua irmã, estavam ali porque ela os usou no dia anterior. A janela também não estava aberta. Ele não entendeu muito bem o que aconteceu, mas nem se importa. O medo do momento desaparece quando sua mãe aparece na porta.

— Já colocou? — Ela pergunta, olhando para ele.

— Já sim, mamãe! — Ele responde.

— Então venha, vamos, senão você vai se atrasar para a festinha. — As aulas de Henry eram extremamente chatas, na opinião dele, mas sua "matéria" preferida era o intervalo, como ele costumava dizer.

— Não tem problema se eu me atrasar, mamãe. É só uma festa! — O Halloween seria no dia seguinte e, por conta do feriado, fariam uma festa na quarta-feira para os alunos aproveitarem e se animarem para os dias seguintes de doces ou travessuras.

— Para você, não tem. Eu vou deixá-lo lá e sair. Tenho coisas a fazer. — Ela fala, colocando potes e mais potes dentro da mochila do menino, que olhava animado. Ele comeria tudo aquilo sozinho. — Nem pense nisso, vai dividir com seus colegas. Não se esqueça, esses doces você está levando para todos. — Ela fala severa. Ele faria isso, colocaria os potes na mesa para todos verem, mas apenas os potes.

— Mas mãe! As mães têm que fazer companhia nesse evento! — O menino tenta fazer um drama para chamar a atenção dela.

— Não é obrigatório, tenho certeza de que muitas mães não vão. — Ela fala, se olhando no reflexo do armário. Está linda.

— Você não é elas, mamãe. — Ela fica em silêncio, ele fica tenso. Sua mãe se vira lentamente para olhá-lo. — Desculpa, mãe.

— Bom, vamos antes que perca o horário. — Ela faz um sorriso cínico e entrega a bolsa a ele. — Vá para o carro e me espere.

O menino nada fala, apenas se retira. Ela o observa indo, ele abre a porta e entra, jogando a mochila de lado. Assim que ele fecha a porta, ela pega a chave do carro e aperta o botão para trancá-lo lá dentro.

— Esse menino vai se tornar um sicarius, ou melhor, creatura interfectorem, mas ainda é novo. Nem Rachel se tornou ainda, mas ele... não fui eu quem o criou, se não, pobre menino. — Ela comenta, subindo as escadas lentamente. Entra no quarto e puxa algo em cima do guarda-roupa, uma maleta preta. Ela a abre. — A mamãe voltou. — Ela fecha a mala com um sorriso. Se o menino não estivesse trancado no quarto, provavelmente ele entraria e veria, o que causaria grandes problemas a ela.

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Henry se despede de sua mãe e entra na escola. A mala despertou sua curiosidade, mas ele não ia tentar abri-la sem saber o que sua mãe faria com ele. Ela nunca bateu nele, mas apenas o olhar dela já o deixava morrendo de medo.

— Tchauzinho, meu amor! Até mais tarde. Quem vai te buscar é seu pai, eu voltarei tarde para casa. Te amo. — Ela fala tudo de uma vez e acelera o carro para que o menino não volte chorando.

Ela sabia que Henry não gostava de Júlio, pois ele forçava o menino a fazer esportes, o que já era óbvio para todo mundo que ele odiava.

O menino ouve tudo muito rápido. Ele olha para trás e a vê acelerando o carro e indo embora. Essa realmente era sua mãe: jogava a bomba e simplesmente sumia. Não é à toa que ele é filho dela, são parecidos.

Legado OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora