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Assim que entramos, Tamlin veio cheio de perguntas

Revirei os olhos e subi para meu quarto

Fiquei pensando no que o Suriel havia dito sobre meu sonho

Onde será que irei encontrar esse senhor da noite?

Deitei na cama e logo o sonho veio

Espero que seja uma noite tranquila

...

Acordei sobressaltada no meio da noite, ofegando.

Batidas soaram na porta

Abri e vi Feyre ali

- Tem algo de errado lá embaixo

Descemos as escadas devagar

Pude ouvir os gritos, berros de alguém com muita dor

Tamlin estava com o autor dos gritos nos braços, o levando até a mesa. Era um feérico, de outra espécie com sua pele azul, seus braços e pernas esguios, orelhas pontudas e longos cabelos cor de ônix

Não demorou muito para que víssemos sangue jorrando das aberturas nas costas, muito sangue, tanto que deixou Feyre enjoada

Lucien correu para o saguão abaixo no momento em que Tamlin
gritou

- A mesa... abra espaço!

Lucien empurrou o jarro de flores

Tamlin devia estar com medo de o levar até a enfermaria e ele não resistir

Nos aproximamos mais

Tam apoiou o feérico que ainda gritava sobre a mesa de bruços

- O que ouve com ele?

- Alguns de meus homens o encontraram perto da fronteira, ao certo não sei dizer o que lhe passou

- De onde você é pequeno amigo? - sussurei olhando para ele com um olhar meigo

- Es..ti..va..

- Corte Estival?

Ele balançou a cabeça afirmando

- Minhas asas...ela levou minhas asas - ele chorava sem parar

Quem seria ela?

Que pessoa seria capaz de fazer algo tão cruel?

- Precisamos limpar

Tamlin fez um gesto com a mão, e água fervente e ataduras simplesmente surgiram à mesa

Feyre me ajudou, mergulhando as ataduras para mim

Ele tremia muito

Ele só sabia repetir aquela frase

"Ela levou minhas asas"

- Isso pode doer um pouco - sussurei em seus ouvidos

Ele agarrou a borda da mesa

Peguei as ataduras e comecei a limpar

Os gritos multiplicaram

Daqui a pouco todos estarão acordados

A ferida é enorme, com toda certeza aquela ela não levou simplesmente suas asas, ela arrancou com algum tipo de faca ou semelhantes. Apenas ficou dois cotocos aveludados

Era horrível de ver

Ele havia sido cruelmente mutilado

Ele começou a debater de dor fazendo mais sangue sair

- Tamlin, segure ele

Tam o segurou

- Fique parado!

- N-n-não - começou a dizer o feérico, e tentou se virar sobre as
costas, para longe de Tamlin, de mim e de toda aquela dor que certamente vinha quando o retalho tocava os cotocos em carne viva

Foi instinto, ou piedade, ou desespero, talvez, que me levou a
segurar os braços do feérico e empurrá-lo para baixo de novo,
prendendo-o à mesa o mais cuidadosamente que consegui. Ele se
debateu, forte o bastante para que precisasse me concentrar apenas
em segurá-lo. A pele do feérico era lisa como veludo e escorregadia,

- Por favor amiguinho...por favor, tenta se acalmar

- Ela levou minhas asas...

- Eu sei - murmurei, com os dedos doloridos. - Eu sei

Ele estava ficando fraco

Eu sentia no fundo da minha alma que ele não iria sobreviver

- Astra, os ferimentos dele não estão coagulando

- Eu sei...

- Não pode usar sua magia? - Feyre perguntou a Tamlin

- Não posso fazer nada por ele Feyre, devem se preparar

O feérico na mesa soluçou, a respiração ficou mais lenta

Peguei uma das mãos do feérico. A
Afastei os cabelos encharcados e longos do rosto meio virado do
feérico, revelando o nariz pontudo e uma boca cheia de dentes
afiados. Os olhos escuros se voltaram para os meus, suplicando,
implorando

- Trarei suas asas pequenino e logo você ficará bem. E juntos iremos voar - sorri fraca para ele

Acariciei seus cabelos lisos

- Meu nome é Rhani moça bonita - ele sussurrou fraco

- O meu é Astranova

O feérico fechou os olhos, e eu apertei a mão dele.

- Eu vou esperar por você Astra, para que possamos voar quando recuperar minhas asas

Pisquei os olhos com as lágrimas escorrendo

Desejei que não fosse seu fim, mas ele já havia partido

- Que o Caldeirão lhe salve Rhani, que a mãe lhe segure, passe pelos portões pequenino e sinta o cheiro da terra imortal de leite e mel. Não tema o mal. Não sinta dor... Vá e adentre a eternidade Rhani, em breve iremos nos encontrar

Tamlin estava visivelmente confuso por eu saber essa oração

Levantei o pegando no colo

- Onde posso enterrar ele?

- Astra...

- Onde?

- No jardim

- Assim que possível, gostaria de levá-lo para suas terras, ele merece algo digno

Tamlin concordou e sai para enterrar o corpo de Rhani

Eu vou matar a desgraça que fez isso

E recuperar as asas dele

Que a mãe nos proteja!

Court Of Past LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora