Confiança

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"O amor quando nasce forte

tem pressa de ser eterno"

Carla Madeira - Tudo é rio


Hermione não quis almoçar. Decidiu que iria se mudar para a biblioteca. A barraca era pequena, repleta de estantes de livros, mas havia espaço para colocar um travesseiro e um colchão. Mas, assim que todos os convidados foram embora, Draco foi atrás dela. 

- Sai, Theo! - mandou, sem paciência, e esperou ele sair.

- Pare de agir como um troglodita! - ela bufou. - Eu agora vou morar na biblioteca...

Ele revirou os olhos. 

- Olha, Granger... eu vi que você não gostou do abraço que dei na Shirley...

- Shirley??? Você me chama pelo sobrenome até hoje, mas é íntimo o suficiente para chamá-la assim?

- Na verdade não sei o sobrenome dela. - ele tentou consertar. - Eu a chamei assim porque é como o Jones, do Ministério, a apresentou... Aliás, eu não a chamo nunca, só disse o nome dela pra contextualizar... - ele tropeçou nas palavras, ansioso para se explicar. 

- Você está nervoso, hein? Não é todo dia que aparecem mulheres bonitas por aqui... Saudade dos seus tempos de garanhão de Hogwarts?

- Não seja estúpida! Você é muito mais bonita do que ela! E eu prefiro morenas... Não vou trair você.

Ela o cortou:

- Pode ser que hoje não vá. Mas e quando você se cansar de mim? E quando os anos passarem e só restar o tédio e as brigas? Nós somos muito diferentes! Temos o que os advogados especialistas em divórcio chamariam de "incompatibilidade de gênios". Atração sexual passa. Não vai dar certo. Mas o injusto é que você sempre terá a chance de conhecer outras pessoas, de ficar com a Shirley que quiser! Eu não! Você tem escolhas. Eu não! - ela chorou, mostrando a marca do pulso para ele. 

Ele não disse mais nada. Saiu da biblioteca e voltou, logo depois, arrastando Theo.

- Theo, já que você é um fofoqueiro sem noção que estava escutando a nossa conversa atrás da porta, vamos fazer algo de útil? Quero que você seja testemunha de um voto perpétuo.

Draco se ajoelhou e a puxou levemente para o chão, para se ajoelhar também. Pegou as duas mãos dela e falou:

- Eu prometo que nunca vou trair você, Hermione Jean Granger. Não vou transar ou ter qualquer contato sexual com outra mulher além de você pelo resto da minha vida.

A magia foi feita. Ela ficou sem palavras. Se ele descumprisse o pacto, pagaria com a morte. 

- Eu quero conversar com você direito. Dei muitos motivos para você não confiar em mim. - pediu ele, puxando-a para fora da biblioteca. - Mas tem que ser a sós. Te agradeço muito, Theo, mas boa noite!

- Não são nem 5 da tarde, chefe!

Draco bufou. Theo não escondia a curiosidade para ouvir o que eles iriam conversar. Precisava de aulas de desconfiômetro.

Hermione não conseguiu dizer nada quando entraram ao quarto. Ele fez o ritual de sempre: feitiços de proteção e de silenciamento ao redor da barraca. Chegava a ser paranoico o quanto ele se preocupava com privacidade e segurança, sempre a espera de ser espionado, ou esfaqueado pelas costas.

- Eu estou apaixonado por você. - ele confessou. - Eu sei que não vai ser fácil, porque fora o sexo e o amor pelos livros, não temos muito em comum. Mas eu te arrastei para isso e acho justo que tenha que pagar o preço também. Eu não tenho interesse em nenhuma outra mulher. Já fiquei com muitas na minha vida, mas nada se compara com o que senti com você. É o tipo de conexão que nem todos têm a sorte de encontrar. Eu tive! Estou disposto a fazer qualquer coisa para isso dar certo... Você não tem magia negra pra te avisar, então eu prometo que vou ser o mais sincero possível. Vamos construir um relacionamento transparente, sem mentiras e...

- Calma, Draco, fala devagar. Eu não vou fugir! - ela riu. - Também não tenho interesse em mais ninguém. Eu só queria que você tivesse que abrir mão de parte da sua liberdade também... eu já perdi tanta coisa... Temos um problema de confiança para resolver. Você deu um passo maravilhoso, eu estou emocionada de verdade com o voto perpétuo, mas não podemos resolver tudo com magia...

- O que você quer dizer? - ele perguntou, preocupado.

- Por que você falou comigo daquele jeito estúpido hoje de manhã? Por que eu não poderia ver os membros do Ministério que vieram discutir o acordo? Você não pode achar que todos os homens do mundo me desejarão! Se um dia a guerra acabar, eu quero voltar a ter convivência com todos os meus amigos!

- Eu não queria que você saísse, porque Krum veio. Ele, como jogador famoso e querido por ambos os lados, foi escolhido como um garoto propaganda da paz... Eu precisava manter o máximo do controle, essa negociação é muito perigosa. Não sabíamos se era uma armadilha... Enfim, se ele quisesse falar com você, isso poderia atrapalhar tudo...

Hermione entendeu. Se fosse uma ex-namorada dele numa situação tensa como aquela, ela também não gostaria.

- Você tem o dom de complicar as coisas, Draco! Por que só não me explicou isso em vez de me mandar ficar no quarto com grosseria?

Ele não respondeu.

- Olha, eu tenho uma ideia para nos conhecermos mais profundamente... Vamos jogar um jogo, eu sei que você gosta de jogos... - Hermione propôs, com os olhos brilhando de malícia.

- Um jogo, hein? - ele sorriu.

- Sim, um jogo da verdade. Existem muitas coisas que eu quero te perguntar e eu sei que há inúmeras questões aí na sua cabeça. Se vamos ficar juntos, então eu quero saber todos os seus segredos... e você só tem que responder honestamente. Vamos?

Ele ficou inquieto:

- Eu não quero assustar você, já tive que fazer coisas muito ruins nesta guerra e...

- Ah, eu não estava pensando em falar sobre isso, não. Queria começar por um tema que é fácil para nós: sexo. Eu quero saber todas as suas fantasias.

Ele sorriu, animado:

- Eu topo! Mas só se eu puder perguntar primeiro... Eu tenho alguns palpites sobre as suas tendências sexuais mais íntimas... mas eu quero ouvir de você!

Ela corou. A noite seria longa. 



A escrava sexualOnde histórias criam vida. Descubra agora