Capítulo 5

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LEONARDO

ALTADELLYS, 16/09/2902

Leo não desviou o pensamento daquele tablet, ficou durante a noite pensando naquilo. Naquelas mensagens e principalmente naquele: Então, você é real.

Leonardo não sabia se era real o que ele considerava real, mas por algum motivo, aquele homem falou com tanta confiança, que Leo sentiu vontade de acreditar nele. Foi uma boa frase de motivação:

Eu sou real.

Eu sou real.

Eu sou real.

Real para sentir. Não tenha pena dos sentimentais e sim daqueles que não são capazes de sentir.

É a capacidade de sentir que torna todos humanos, mesmo que Leo não se considerasse um humano.

Talvez ele fosse um alienígena ou só uma pessoa diferente.

Era de madrugada, quando Leo pegou aquele tablet, ele tinha uma vida a qual não gostaria de voltar quando o dia amanhecesse, e enquanto podia, ficaria no seu mundo. Olhou para o dispositivo, pensando no que ocorreu, e se tudo não passava de uma brincadeira, mas quando estava desistindo de ficar por mais tempo olhando para aquela tela, algo piscou.

RAPOSA
Está aí?

Leo encarou aquela mensagem. Quem fosse, parecia uma criança carente, assim como ele. Leonardo não iria admitir que se sentia sozinho no meio das cobertas quentes. Ele se achava ingrato demais, talvez, Leo nunca entrasse na compreensão que seus pensamentos são sua maior barreira. Ele poderia responder Raposa sem uma paranóia ou sem seu orgulho lhe impedir, poderia tentar buscar alguma maneira de entender o que está acontecendo, mas Leo se sentia fraco, tão fraco que a única coisa que queria, era voltar a pregar os olhos, porém, infelizmente, a insônia o consumiu há muito tempo. Leonardo pegou o tablet e encarou a mensagem, pensou em responder, estava se sentindo péssimo na noite fria.

ÁGUIA
Está frio ali?

A resposta não veio rapidamente. Leonardo ficou ali, esperando alguma resposta, começou a mexer as mãos no tablet, fazendo barulho. Talvez, ele estivesse sendo muito raso com as perguntas, ou a pessoa já tivesse dormido com a demora.

RAPOSA
Não. Você está sozinho?

Leo olhou ao redor. Estava? Sim. Ele tinha Rafael e Penelope, mesmo assim, sentia-se sozinho, não quando estava com seus amigos, mas na maioria do tempo ficava na sua e completamente solitário. Leonardo encostou no travesseiro e ficou pensando na resposta.

ÁGUIA
Não.

A resposta veio rápido:

RAPOSA
Então, porque ainda está aqui?

Leonardo achou uma ótima questão. Por que ele ainda estava aqui? O que o mantinha aqui? Talvez, essa pergunta fosse mais simples que a mente de Leo pudesse raciocinar e ele estivesse pensando demais.

ÁGUIA
Talvez, eu não esteja sozinho, mas sim solitário.

RAPOSA
Um ponto para você.

Leo soltou uma risada baixa.

ÁGUIA
Estamos contabilizando pontos?

RAPOSA
Agora estamos.

1969Onde histórias criam vida. Descubra agora